Capítulo 52 - Mother India (Mãe Índia)

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O quarto na penumbra das cinco da manhã estava silencioso até que um chorinho manhoso e macio de bebê soou no berço que ficava logo ao lado da cama, costume comum na Índia para crianças de até um ano. Lunch despertou e fez menção de levantar-se, mas Tenshin a Impediu dizendo, suavemente:

– Deixa comigo...

O pai levantou-se, esfregando os olhos e sorriu para a pequena no berço. Chayla mirou seus grandes olhos verdes como o da mãe nele e deu um resmunguinho, como se esperasse algo diferente. Ele sorriu e a pegou no colo, dizendo:

– Bom dia, princesinha dos olhos de esmeralda! É fome que te aflige?

Lunch já havia sentado recostada na cabeceira da cama e passado uma gaze úmida para higienizar os mamilos para amamentar a neném e sorriu para a cena. Tenshin trouxe a pequena até ela e em questão de segundos, ela estava agarrada a um dos seios da mãe, mamando vorazmente.

– Nossa, que fome! – disse Lunch, rindo. Chayla nascera com a pele morena e rosada, e agora tinha uma penugem de cabelos escuros cobrindo a cabecinha que nascera tão careca. Os olhinhos, verdes como os da mãe, às vezes passeavam pelo quarto, enquanto ela apertava com a mão minúscula o outro seio da mãe, que logo a trocou, de posição. O pai preparou então o pequeno kit de troca de fralda sobre a cama e ficou olhando para as duas enternecido. E quando a pequena Chayla tinha os olhos quase fechados de sono e a barriga cheia, Lunch a passou para ele, que a fez arrotar e a deitou na cama sobre o trocador, conversando com ela em voz baixa, o que a fazia ficar quietinha:

– Onde está a coisinha miúda do papai? A princesa de olhos esmeralda, onde está?

Lunch terminou de se ajeitar e os dois terminaram a troca de fraldas juntos, com todo cuidado, para não agitar a bebezinha sonolenta. Um instante depois, ela estava totalmente vestida e Lunch a deitou no berço, onde ela adormeceu quase imediatamente. Lunch deu um suspiro e disse:

– Hum... nunca mais vamos acordar tarde, mesmo no primeiro dia do Diwali?

Tenshin riu e a puxou para a cama, dizendo suavemente:

– Durma mais um pouco. Hoje é Karva Chauth. Não quer acordar cedo num dia em que se compromete a jejuar até o anoitecer, quer?

Ela se aninhou a ele e disse:

– Mas você jejua comigo. Não é tão ruim assim...

– Porque eu te amo, não deixaria minha metade passar fome sozinha.

– Um dia iremos à America e eu vou te encher de junkie food para compensar isso. Mas sem carne de boi, é claro. Podemos procurar nos encher de asinhas de frango com molho picante, mas acho que você vai dizer que não arde nada, que é doce como a masala de Marahastra.

Ele riu. Era a oitava vez que eles jejuavam juntos no Karva Chauth, e o faziam sozinhos, porque aquele não era um hábito ali em Mumbai. De repente, ele perguntou:

– Você imaginava, naquele dia em que fomos juntos ao Ganesha Chartuti que ia acabar assim, casada comigo?

– Para ser sincera, não. – ela o olhou, com os grandes olhos verdes brilhando na penumbra do quase amanhecer e disse – achava que ia ser divertido te seduzir, estava subindo pelas paredes depois de dois anos sem sexo, imersa naquele mundo adolescente da Chichi, mas ainda descrente do amor, por causa das minhas decepções do passado... mas foi você quem me conquistou. E que bom que eu fui lá contigo, e me apaixonei... me converti. Virei indiana por sua causa, Tenshin. E não me arrependo nem um pouco. – ela se debruçou sobre ele e o beijou de leve. – será que a gente vai sentir muita fome se fizer amor agora?

Era uma vez em BollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora