Capítulo 45 - Badla (Acerto de Contas)

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O apartamento triplex de Raaja Vegeta tinha um grande e espaçoso escritório bem decorado onde ele normalmente passava muito tempo quando estava em casa, porque dali podia ter acesso a seus arquivos de trabalho ou assistir, numa imensa Smart TV, as primeiras cópias de filmes ainda inéditos antes do lançamento, coisa que ele gostava de fazer sozinho, anotando seus pareceres para passar ao diretor. Claro que ali também ele se refugiava para ver filmes e séries longe dos comentários dos filhos, preferia que eles não soubessem que ele adorava assistir algumas produções americanas como "Game of Thrones" e "Breaking bad".

Mas, naquela tarde, ele estava sentado na sua confortável poltrona, atrás de uma escrivaninha clássica do século XIX que custara uma pequena fortuna, lendo um livro que pretendia terminar ainda naquela tarde quando o filho mais velho entrou sem bater e se postou, furioso diante dele, batendo na mesa antes de perguntar:

– Por que escondeu de mim que o noivo de Bulma era gay?

Raaja ergueu os olhos, com um ar entediado para o filho e contemplou-o longamente. O rapaz tinha um olhar severo, cheio de raiva. O pai então sacudiu a cabeça lentamente e disse:

– Era algo que você poderia ter descoberto por si mesmo há bastante tempo, se tivesse o mínimo de sangue nas veias, sabia?

– Eu quero saber porque você não me disse... se eu soubesse disso há mais tempo eu poderia ter evitado que Bulma...

– Ah, sim. Você poderia ter evitado que Bulma namorasse, se comprometesse e eventualmente se casasse com ele, coisa que ela fez bem diante de seus olhos apaixonados e sob sua total apatia. Ou melhor, não foi apatia: foi orgulho. O que você queria, realmente? Que ela desistisse espontaneamente do casamento sem você mover uma única palha para isso? É isso mesmo?

– Então você sabia que...

– Eu sabia desde que você me pediu um teste para ela. E meu primeiro impulso foi dizer não. Eu pensei: "Deve ser só mais uma garota bonitinha"... e quando ela fez o teste eu vi, eu percebi um potencial de estrela. Você a descobriu. Você a trouxe... e a entregou de bandeja. Você não lutou, nem ao menos se colocou como um adversário possível. Assistiu passivamente a mulher que você amava acabar nos braços de outro, pior, um outro que sequer poderia competir contigo se você realmente se empenhasse em conquista-la. E sabe porque você agiu assim, Júnior?

– Já disse que não gosto que me chame de Júnior – foi a única coisa que Vegeta conseguiu responder, e Raja prosseguiu:

– Você agiu assim, de forma orgulhosa e estúpida porque estava acostumado a ter mulheres correndo atrás de você e achava que ela que deveria se declarar para você, dispensar o outro e cair nos seus braços sem que você tivesse tomado uma única iniciativa? Eu realmente fiquei te observando e imaginando quando você acordaria. A garota estava a um passo, um curto passo de você e você não deu esse passo antes que percebesse que poderia ser tarde demais. E vem reclamar de mim, dizer que eu não te disse que o outro sujeito era gay e reclamar que eu te chamo de Júnior? Eu errei, errei muito na minha vida. Errei com Kyra, errei com a sua mãe, errei com você e o seu irmão, errei um milhão de vezes e paguei caro por cada erro meu. Mas quando te vi se tornando um desastre de ser humano, eu te trouxe para perto de mim e te dei todos os meios para que você se tornasse um homem melhor do que eu. E você me surpreendeu muitas vezes de forma positiva, mas se mostrou um idiota arrogante e orgulhoso exatamente como eu fui quando perdi Kyra.

Raaja passou a mão pelos cabelos, num gesto irritado, e prosseguiu:

– Eu tive a mulher mais perfeita do mundo apaixonada por mim e consegui perde-la. E quando ela disse que não me perdoava, eu me tornei um cretino da pior espécie e a vi cair nos braços de outro exatamente da mesma forma e pelos mesmos motivos que você. Eu sempre soube que estava lá, vivo entre Kyra e Cutelo... e em vez de apoiá-la quando ele a desprezou eu a espezinhei casando-me com sua mãe, fazendo não apenas uma, mas duas mulheres infelizes. E quando achei que teria uma chance, Kyra me disse que era tarde demais e ela tinha razão. Era tarde demais para nós porque eu não podia ser irresponsável de deixar você aos cuidados da desequilibrada da sua mãe.

Era uma vez em BollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora