Mumbai, 2011
Então, Chichi e Vegeta haviam se tornado, de repente, o "casal do momento" dos filmes de Bollywood. O segundo filme deles, Dil Chor (ladrões de corações), foi uma aventura de ação mais inconsequente, sem a necessidade de agradar o público infantil dos filmes anteriores e com uma pegada um pouco mais divertida, e foi um sucesso estrondoso. Vegeta, com muito treino, acabou se tornando um ótimo dançarino e eles fizeram mais dois filmes com temática jovem, porém, a crítica já cobrava o "amadurecimento" dos dois jovens atores e para isso era necessário um filme com temática mais adulta, foi o que concluiu Raaja Vegeta.
Foi assim que embarcaram numa nova produção que tinha uma história mais séria e triste, chamava-se "Ek sainik ka kartavy" (o dever de um soldado) e contava a trágica história de Rahul, um capitão do exército indiano na época da colonização, fiel à Inglaterra, que se apaixonava pela revolucionária Anjali, condenada à morte que ele deveria escoltar nos anos 30 do século XX.
O maior problema havia sido o fato de que Vegeta não tinha mais como esconder sua falta de formação dramática, e precisou de treinamento intensivo com professores de atuação, principalmente para a sua última cena, em que ele, baleado, morria para dar fuga à amada, que terminava o filme juntando-se à marcha pacífica de Gandhi pela libertação da Índia. Haviam filmado umas trinta vezes a fatídica cena, mas sempre esbarravam no amadorismo de Vegeta:
- Seus olhos... – dizia o ensanguentado Vegeta nos braços da chorosa Chichi, tocando seu rosto com a mão cheia de sangue – eles me guiarão como estrelas até o colo de Krishna onde adormecerei... para esperar renascer em outra vida... onde te encontre...
- Está horrível! – gritou a diretora Farah Khan, que não era, nem de longe, paciente como o pai de Chichi.
Chichi fechou a cara aborrecida, não com a diretora, mas com seu par. Ela levantou-se, irritada, e disse:
- Realmente... dessa vez não vai haver meio de esconder sua incompetência, seu babuíno!
Vegeta ficou sentado no chão, aborrecido e frustrado, vendo Chichi se afastar em direção ao trailer para limpar o rosto e começar tudo de novo. Um maquiador se aproximou para retoca-lo também e deixar seu sangue cenográfico brilhante e com a aparência de sangue fresco. A verdade é que não conseguia mais nem odiar Chichi: ela era uma espécie de colega de infortúnio e os dois estavam, de fato, cansados porque as provocações e brigas não levavam a nada, não ajudavam em nada.
Ele pensou por um instante e então, levantou-se e foi atrás dela. Precisavam trabalhar em conjunto ou ele fracassaria e a levaria junto. Chichi estava sentada na cadeira de maquiagem e Lunch refazia seu visual, que logo seria novamente destruído pelo toque ensanguentado dele. Ele parou olhando para a garota, que tinha uma expressão emburrada e disse:
- Eu preciso da sua ajuda, Chichi.
Ela abriu os olhos. Sua expressão não tinha nada de condescendente quando ela replicou:
- No que posso ajudar? Eu também não aguento mais refazer essa maldita cena, ainda mais sabendo que temos mais da metade do filme para rodar ainda. Logo começam novamente as monções e nós vamos ter que parar as externas. Custa se esforçar um pouco mais?
- Eu estou me esforçando. Mas a verdade é que eu tenho essa limitação. Eu ainda não sou um ator, admito.
Ela ergueu uma sobrancelha, intrigada e perguntou:
- E o que você espera que eu faça? Não posso atuar por você.
- Não. Mas podemos pedir um dia, apenas um dia, e eu chamarei o meu professor... e vamos ensaiar essa cena e eu vou me esforçar muito. E isso vai dar certo. Prometo.
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Era uma vez em Bollywood
FanfictionEra uma vez uma fábrica de sonhos onde uma jovem atriz se apaixona por um rapaz pobre e um galã temperamental não consegue admitir que ama sua colega de faculdade. Isto é Dragon Ball, mas também é Bollywood.