Capítulo 32 - Kubule (Aceito)

136 12 4
                                    

Bulma vestia um sári tradicional bordado como qualquer boa futura noiva indiana ao entrar na imensa sala de jantar da mansão dos Kapoor e tinha as mãos pintadas num mehendi menos elaborado que um nupcial. A enorme mesa redonda, na casa muito luxuosa em Navi Mumbai, estava preparada para servir comida suficiente para o triplo de pessoas presentes, mas Goku, por exemplo, não tinha do que reclamar. Ele, Raditz e a mãe, conforme a tradição, usavam roupas tradicionais. Goku não costumava usar kurtas bordadas, ainda mais com a dupatta masculina característica e as sapatilhas tradicionais, mas o desconforto dele nem se comparava ao de Raditz, que sentia a seda bordada pinicar no seu peito conforme ele se dirigia ao seu lugar na mesa.

Yamcha e Bulma haviam optado a resumir seu compromisso de noivado apenas ao Chunni, a festa dada pela família do noivo para a família da noiva, ignorando outras etapas normais num casamento, como o Kurmai, a recepção feita pela família da noiva para o noivo ou o Tarik, a cerimônia de acerto do dote, já que aquele não havia sido um casamento arranjado pelas famílias. Mas essas eram suas únicas concessões à modernidade. Todo resto se processaria da forma tradicional, inclusive a escolha da data pelo astrólogo de confiança da família do noivo.

Bulma naquele momento tentava não pensar na última discussão que tivera com Yamcha, que a deixara muito chateada e culpada. Uns dias antes havia sido lançado um filme estrelado por Suno Arora e ela havia sido entrevistada por Ribrianne, que perguntou se ela estava sozinha. Ela afirmou que sim, e disse que depois de um namorado sexy como Yamcha era preciso manter o nível.

Bulma confrontou Yamcha, porque percebeu, pela forma que a garota falava, que havia sido um namoro completamente diferente do deles. Ela o apertou e ele admitiu que o namoro dos dois havia englobado "liberdades" que eles não tinham e Bulma desatou a chorar, acreditando que ele não a achava bonita ou desejável. Foi quando Yamcha suspirou fundo e começou:

– Bulma... até meus 20 anos eu era promíscuo e libertino... então, na saída de uma festa... uma festa mal frequentada, onde havia até uso de drogas... bem, um homem ligado a uma liga moral hinduísta me atacou. O senhor Raaja Vegeta me ajudou depois a encobrir onde eu estava, pois eu não teria uma nova chance. E foi quando eu conheci Suno e ela estava ao meu lado... mas eu não podia me casar com ela. Suno era muito moderna, eu fui avisada pelo meu astrólogo que apareceria uma boa moça indiana virgem, à moda antiga, e quando você apareceu, eu soube que você era a minha salvadora, Bulma, e me apaixonei. Eu me converti ao tradicionalismo porque... porque é necessário, para deixar o passado para trás, mas eu certamente te amo.

Diante daquelas palavras e da declaração dele, ela não conseguiu mais argumentar e aceitou que só o teria depois do casamento. E naquele momento, ela seguia finalmente para o seu Chunni.

A família de Bulma, conforme a tradição, levava muitos presentes para a família do noivo, e receberia em troca outro tanto de presentes: Gine fizera pessoalmente várias caixas de doces de forma artesanal, porque normalmente a família da noiva levava doces, e para a mãe do noivo um belo sári bordado, que havia sido bem caro. Para o noivo, eles levaram o turbante do casamento com o tradicional alfinete de ouro com uma safira e o anel com que Bulma presentearia o noivo, em sinal de compromisso.

Yamcha os recebeu junto com sua mãe, uma viúva herdeira de um verdadeiro império das pedras preciosas e semipreciosas da Índia que ostentava sua riqueza em cada milímetro de sua casa monstruosa e que conseguira praticamente comprar o acesso do filho à carreira de Bollywood. Ela encarou Gine e disse, de forma afetada:

– Não é uma lástima que nós, duas viúvas, tenhamos que acertar o casamento de nossos filhos sem a presença de um homem? Muito prazer, Senhora Sayajin... eu sou Hime Kapoor. Namastê.

Era uma vez em BollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora