JAMES POTTER

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Ela falava e falava e eu não estava absorvendo nenhuma palavra apenas olhando aqueles olhos verdes brilhantes, os lábios rosados, ela tem a mania de colocar o cabelo atrás da orelha e se irritar consigo mesma quando esquece alguma coisa. Bate o indicador no lábio tentando se lembrar exatamente sobre o que estava falando, depois me olha novamente. 
-Você está me ouvindo, James? James! – ela estalou os dedos na minha frente. 
-O que? Sim, claro, pérolas de... 
Ela revirou os olhos.
-Raspagem de pérolas! Sinceramente, como você conseguiu os N.O.M.S? 
-Olha, Lily eu sou muito bom... – comecei a me defender, mas ela não permitiu. 
-Ah, claro que é, no que você não é bom, James Potter? – Mesmo sarcástica, ela conseguia continuar sendo adorável.
-Estou sendo honesto, sou muito bom Lily. Tirei diversos "E". Só estou distraído. – Me justifiquei tentando soar o mais sincero possível, baguncei o cabelo rapidamente e achei que ela fosse torcer o nariz novamente e arrumar um motivo para brigar comigo, mas ela simplesmente suspirou.
-E o que está te distraindo? – quis saber. Você! Meu subconsciente gritou lá no fundo, mas não reproduzi aquelas palavras, mesmo que eu quisesse muito, lembranças da noite passada vieram rapidamente me desestabilizando. Inferno. Por que eu simplesmente não conseguia ignorar essa garota? Nossa conversa foi interrompida por Lene, segurando a mochila e bufando.
-Vamos? – falou com Lily como se eu não existisse. 
-Oi, Marlene, que cachorro te mordeu? – balancei a mão na frente do rosto dela recebendo um tapa de volta. 
-Não enche, Potter. – Resmungou me fazendo rir – Já basta seu amiguinho.
-Não quer fazer poções com ele? Qual é, Lene, dá uma chance. Ele é louco por você desde o primeiro ano.
Sussurrei verificando se ele não estava próximo. Nunca contei a ninguém, mas sempre gostei de imaginar eles dois juntos novamente, uma bomba relógio, claro, mas isso deixaria Sirius extremamente feliz e tudo o que meu amigo estava precisando agora era felicidade. E pelo rubor nas bochechas dela, ele não era o único que pensara no assunto. 
-Acho que você poderia pegar mais leve com ele, sabe, o Sirius. Ele tem passado por muita coisa desde o último ano. 
Ela cruzou os braços.
-Ah é? O que por exemplo? Não consigo imaginar uma coisa que Sirius Black não consiga e por isso é tão arrogante! Amélia Linton por exemplo, pode consolá-lo quaisquer que sejam esses problemas.
Ela disse ríspida, encarei meu amigo que estava com Remus conversando com o Professor Slughorn. Eu o admirava, ele sorria como se não estivesse passando por toda aquela merda e Marlene se achava no direito de criticar ou julgar ele. Ela não tinha ideia do cara que ele era e o que estava perdendo enquanto mantinha aquela pose de poderosa que todos sabíamos que era uma farsa. Sirius merecia mais do que o desprezo dela. 
-Como ter saído de casa, como ter sido banido da própria família e estar se virando sozinho para viver, simplesmente porque a família segue uma ridícula mania de sangues puros, mas ele é apaixonado por uma filha de trouxas!
Tentei não soar raivoso, mas foi difícil. Era irritante ver ela erguendo a ponta do nariz para falar dele quando ele estava sendo largado pela própria família por ter defendido ela em um almoço, por ter defendido pessoas como ela. Por simplesmente ser diferente de todos os Black. O pedestal em que Marlene achava que tinha começou a ruir porque ela tremeu os lábios me encarando perplexa, Lily fez uma expressão triste, tão surpresa quanto a amiga. 
-Então por isso – engoliu em seco – por isso Belatriz estava provocando-o no trem... Ah merda!Eu nunca imaginaria. 
Peguei minhas coisas.
-É claro que não, você acha que só vocês têm problemas, além do mais, parece que o fato dele estar pegando Amélia também é um incomodo para você.
Me afastei das duas irritado, e quando parei ao lado dele me lembrei, puta merda, me lembrei que eu tinha prometido a ele que não contaria a ninguém e agora tinha contado a garota que ele amava. Porra! Ele iria me odiar por isso, mas não aguentava mais ver Marlene tratar ele daquela forma, precisava puxar ela para a luz da razão. Passei a mão no cabelo atrás da cabeça bagunçando-o, virei-me para espiar e elas já tinham deixado a sala. Ufa! 
-Está tudo bem? – Sirius me perguntou quando deixamos a sala, Remus caminhava quieto ao nosso lado.
-Sim, claro, por que não estaria? – tentei meu melhor sorriso. – Cadê o Peter? 
-Ah, eu sei lá, simplesmente saiu da sala ao lado de Berta Jorkins. Ele sabe que hoje é lua cheia? – Remus segurou um pouco o ar antes de falar. 
-Ele deve estar apaixonado! – zombou Sirius, nós três nos jogamos debaixo da árvore costumeira. Moony, como em toda lua cheia, ficou quieto entretido em um livro de Defesa contra artes das trevas, Sirius afrouxou a gravata abrindo os botões da camisa e eu segurei o pomo entre os dedos soltando-o e depois capturando-o novamente. – Lene quer começar a fazer o trabalho hoje na biblioteca e sabe... ela insinuou uma coisa...
Minha nuca queimou quando me lembrei do que eu havia dito. O encarei curioso, mas ele mantinha um sorriso no rosto e um olhar sonhador. 
-Ela disse que...
-Oi Sirius – ele foi interrompido por uma garota que passou dando risadinha para ele – nos vemos hoje?Ele fingiu pensar em algo.
-Não estou a fim, Charlotte. - respondeu friamente. A garota a nossa frente ficou vermelha, mas tentou manter a pose.
-Bom, e quando vai estar? – Perguntou.
-Hm...- Sirius fingiu estar pensando enquanto jogava o cabelo para trás – Quem sabe no ano que vem?
-Ah, mas ano que vem não estaremos mais em Hogwarts e vou voltar para minha casa que é bem longe daqui...
Ele sorriu sarcástico encarando-a.
-Exatamente.
Quando Charlotte entendeu o que ele quis dizer sua expressão tornou-se dura, ela se virou dando as costas para nós saindo em passos firmes enquanto riamos.
-Como eu estava dizendo, Lene estava extremamente sexy hoje. 
Remus e eu nos entreolhamos e depois demos risada, um peso saiu das minhas costas por alguns instantes. 
-Estou falando sério! – ele pareceu irritado. 
-O que você vai fazer? Você já se enrolou uma vez com ela e ferrou com tudo. - Falei, ele me encarou jogando o cabelo para trás.
-Era diferente, tínhamos quinze anos e eu ainda morava com meus pais. - Ele respondeu e não foi preciso dizer mais nada para eu entender que mesmo depois daquele tempo ele ainda era apaixonado por Marlene. - Charlotte é só mais uma garota como qualquer outra.
Nós três olhamos para a garota que estava aqui a menos de alguns minutos.
-Bom, se você pretende voltar com a Lene esse ano, esteja certo do que vai fazer, pois ela não merece ser tratada como... Enfim, ela só é uma garota fantástica, Sirius, merece mais do que ser jogada fora.
Sirius balançou a cabeça irritado pelo comentário de Remus.
-Óbvio que não! – Respondeu amargurado notavelmente querendo finalizar aquele assunto – e por que você está com essa cara hoje? Anime-se, é lua cheia vamos finalmente poder sair um pouco do castelo.
Remus ergueu uma sobrancelha, não parecia nada animado. 
-Anime-se? Na última vez, matei um cervo.– Ele sussurrou. 
-Pelo menos não foi o Prongs. – Gargalhamos tentando animar Remus. 
-E alguns coelhos também - Complementou Pads, eu o encarei e não precisei dizer nada pra ele saber que falou merda. Remus ainda se sentia mal por cada criatura que matava.
-Eu fiz o que? - Perguntou ele um tanto exasperado - Por isso que passei mal a semana seguinte inteira.
Pads deu de ombros.
-Eu os como cru? - Merlim do céu!
-Não, Moony, você ascendeu uma fogueira e dançamos em volta dela! - Ele fingiu uma risadinha - O que você queria que fizéssemos? Era nós ou o pobre coelhinho.
-Isso não ajuda, James! - Rimos.
-Relaxa, Moony, estamos com você não vamos deixar que você venha para o castelo.  - Tentei anima-lo um pouco.
-Nós prometemos solenemente que não faremos nada de bom! – Nós três dissemos gargalhando em seguida.
Uma hora depois estávamos nos dirigindo para a sala de configurações, Minerva era a minha professora preferida apesar de não conseguir convencê-la nem mesmo com meus sorrisos. Nós três nos dirigimos a sala e descobrimos que teríamos aula com a Sonserina e a melhor forma de descobrir isso foi ver o idiota ranhoso parado a porta lendo um pedaço de pergaminho, bem no meio do caminho.
-Sai da frente, ranhoso... opa, cuidado! – Bati minha mão em seu pergaminho segurando rapidamente, ele mal percebeu o que estava acontecendo e quando notou segurou a varinha.
-Expelliarmus! – Pads foi mais rápido do que ele, os olhos dele me fitaram por alguns segundos.
-Me devolve, Potter! – grunhiu como um animal. Eu dei risada. 
-Cuidado, James, ou ele irá te bater com o nariz extremamente grande. – Pads disse, ele estava segurando a varinha de Severo. Fingi estar com medo e então alguns alunos ao nosso redor gargalharam.
Severo percebeu Sirius segurando sua varinha, mas por algum motivo, o pergaminho em minha mão parecia muito mais interessante do que a ela.
-Vamos ver o que tem aqui. – Abri o pergaminho, ele estava em branco, mas aquele idiota não iria me enganar – revele os seus segredos.
Dei uma batida com a ponta da varinha no pergaminho rindo quando a tinta começou a aparecer, mas meu sorriso foi sumindo gradativamente conforme as palavras foram sendo formadas. "Qual a diferença entre um animago e umLobisomem", "Lobisomens, como reconhece-los". Pelo garrancho das letras, ele mesmo tinha feito as anotações. Havia indicações de alguns livros. "Marcas do mal e seussignificados. É possível remover uma marca após tê-la sido feita?" "Sangues ruins, e as razões pela qual não devem estar no meiodos bruxos" Meu peito subia e descia, as pessoas ainda gargalhavam ao nosso redor, mas eu encarei aquele babaca, furioso. Ele andava nos espionando, é a única explicação plausível. Pads e Moony perceberam que algo estava errado quando ergui meus olhos para aquele Otario.  Sangues ruins! As palavras ferveram na minha cabeça, eu simplesmente esqueci de varinha e usei as próprias mãos para empurrar aquele idiota com força, ele cambaleou para trás.
-Dê a varinha a ele, Pads! – rugi – Vamos ver se você é tão bom quanto um... 
Tomei a varinha da mão de Sirius e joguei naquele idiota, mal esperei que ele se levantasse.
-Estupefaça! – ele caiu, uma raiva percorria meu corpo de forma alucinante, eu podia ouvir meu coração bater e tudo que eu queria era acabar com aquele babaca. Dei tempo para que ele se recuperasse.
-Impedimenta! – gritou, mas eu me desviei, o feitiço acertou a parede atrás de mim. Todos nos encararam confusos, afastando-se para que não fossem atingidos pelos feitiços. 
-Estupore! – lancei ao mesmo tempo que me desviei do feitiço dele, ele foi acertado na barriga e caiu para trás batendo as costas na parede. Ergui a varinha novamente, mas uma mãozinha fina segurou meu punho.
-Para! Você vai machucar ele! – olhei para baixo e encontrei os olhos verdes implorando, o que me deixou três vezes pior. Como ela podia defender ele? – James... 
-Estupo...
-Expelliarmus! – gritou uma voz firme, Lily e eu olhamos e vimos a varinha de Snape voar novamente dessa vez por Minerva. Lily arregalou os olhos quase não acreditando no que ele iria fazer, ele iria estuporar nós dois enquanto ela queria ao menos defende-lo.
-Seu filho da mãe, desgraçado! – rugi tentando ir para cima dele, mas ela me segurava. Para uma pessoa pequena, ela era muito forte. – Como você ousa...
Severo apenas me fuzilou com os olhos, indignados com Minerva. 
-Posso saber, Sr. Potter qual o motivo de você estar jogando alunos pelos ares? – ela foi aumentando a voz ficando furiosa, mas não mais do que eu. Cerrei o punho percebendo que ainda tinha o pergaminho em minha mão, o entreguei para ela que passando os olhos ficou mais pálida do que já era. 
O encarou incrédula. 
-Entre para sala, Potter e você Severo, venha comigo. – anunciou – o restante dos alunos entre!  
Ela segurou no ombro de Snape e os dois sumiram pelo corredor juntos. Quando viraram o corredor sumindo de nossas vistas, Lily me soltou bufando. 
-Por que você sempre tem que fazer isso? 
-O que? Você ao menos sabe o que estava acontecendo? – ela empalideceu perdida. 
-Você queria mostrar ao alunos que sabe duelar com alguém, bom, duele comigo então! 
Eu mal pude acreditar no que meus ouvidos estavam ouvindo. Eu, machucar Lílian? Nunca. Os alunos ao redor ficaram extremamente interessados na nossa discussão e eu não poderia sair por baixo nessa todos achariam que eu tinha medo de uma garota mesmo após eu ter acabado com Snape, mas ele não é sinônimo de inteligência alguma.
-Se liga, Evans. – foi o máximo que consegui dizer sem ofendê-la – não quero machucar esse seu rostinho lindo.
O rostinho lindo ficou vermelho. 
-Seu medroso. – resmungou e eu ri.
-Medroso? Eu? Você viu o que eu fiz com aquele... – ela me fuzilou – com Severo. 
-Bom, talvez você apenas devesse realmente parar de atirar as pessoas pelos ares.
E ela simplesmente saiu, entrando na sala furiosa.

Hogwarts, 1978. ( CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora