MARLENE MCKINNON

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Todos estavam empolgados, animados e ansiosos com a ideia de fazer parte da ordem, não vou dizer que eu não estava porque era o que eu queria, só não conseguia mais acompanhar a felicidade das pessoas, não conseguia me empolgar com a mesma intensidade como se tivessem arrancado de dentro de mim essa parte que nos faz se sentir contentes e felizes. Todos estavam imersos em uma nuvem de conversa para poder absorver histórias, dicas e experiencias dos aurores que estavam ali, mas uma única coisa me chamou a atenção, o nome de Rudolph Black. Alastor Moody, que eu conhecia apenas pelas notícias do profeta acabara de mencionar esse nome que eu tentara ignorar nas últimas duas semanas.
-Conhece Rudolph Black? – Perguntei me aproximando do homem.
-Claro que sim – Respondeu como se eu fosse idiota – ele é chefe da sessão dos aurores, todos nós o conhecemos apesar de ele não gostar muito da popularidade. Isso explicava o porquê de eu raramente o ver no profeta ou em qualquer outro lugar. Respirei fundo pensando se deveria mesmo fazer aquelas perguntas, ou se eu realmente queria as respostas, mas sentia que havia essa parte da minha vida, esse buraco que precisa ser fechado.
-E como ele é? – Perguntei, Alastor me encarou com o olho bom enquanto o outro ficou girando ao redor da sala. Senti como se ele estivesse lendo os meus pensamentos.
-Ele é um homem severo, sem piedade alguma no coração contra pessoas ruins, exatamente como um auror deve ser. – Respondeu.
-Eu gostaria de conhece-lo, se possível. Você acha que eu conseguiria? Quero me tornar uma auror e gostaria de conversar com quem tem experiencia. – Eu não sabia se ele iria acreditar naquela minha mentirinha horrível, mas precisava de alguma forma acabar com aquela inquietação dentro de mim, porque de repente, Rudolph parecia ser a única pessoa que conhecera minha mãe da forma que eu nunca conheci e queria saber mais, queria entender mais, queria descobrir se ele sabia sobre mim, se éramos parecidos.
Alastor me olhou e deu, no que eu acho, um meio sorriso que não combinava nada com ele, preferia quando ele mantinha a expressão séria, era menos aterrorizante. -Garota, qualquer um que queira lutar contra esses malditos tem apoio dos aurores... Mas fique esperta com as maças podres. Me mande uma coruja assim que possível e eu te apresento o

chefão.
-Obrigada. – Respondi da forma mais sincera possível, mas em dúvida comigo mesma se eu seria capaz realmente de mandar uma coruja para ele. Nós ficamos conversando até que Dumbledore decidiu nos mandar de volta para as aulas, porque as pessoas iriam começar a desconfiar, James voltou para a enfermaria acompanhado de Lily e Sirius, mas eles ainda estavam parados em frente a Gárgula quando desci da sala do

diretor. Encarei o idiota e passei reto, não tinha estrutura para encara-lo mais. Achei que ele viria atrás de mim, realmente esperei que ele viesse, mas não veio, e não veio pelos dias seguintes. Aliás,

ninguém veio, Dumbledore nos tratou como meros estudantes do sétimo ano, assim como tinha pedido para que agíssemos o que era um saco, não dá pra ficar com a bunda na cadeira ouvindo alguns professores tagarelar depois que vivemos, vimos e descobrimos. Era muito difícil fingir se preocupar com uma prova sabendo que poderíamos morrer antes dela acontecer. De qualquer forma, o meu único alívio além do álcool era o Quadribol que fui obrigada a ser a capitã enquanto o Potter se recuperava. Nas semanas que se seguiram passei mais tempo sozinha do que em qualquer outra época em Hogwarts: Lily estava agora sempre com James, Dorcas e Remus também porque ja estava se aproximando a lua cheia e ele estava péssimo, e Sirius... Ele me evitava a maior parte do tempo, aonde eu chegava, ele saia, era como se eu não existisse para ele. Também não havia mais meus pais, nem meus familiares lembravam mais de que eu um dia existi pois apaguei a memória de todos eles. Resumindo, eu não tinha ninguém além de um bando de coleguinhas que só ficavam perto de mim para ter algum tipo de status ou coisa do gênero, que seja, não é como se eu ainda fosse a pessoa mais animada do mundo, muito pelo contrário, eu estava mais parecida com Snape a cada dia me isolando de todos. Nas últimas semanas, a Grifinória ganhou lindamente da Corvinal e da Lufa-lufa no campeonato de quadribol nos deixando para a partida final a Sonserina. As arquibancadas estavam separadas entre as cores verde e vermelho, os gritos ensurdecedores, a alegria e empolgação de todos, eu já tinha vivenciado isso muitas vezes no time, e pela primeira vez, nada daquilo me afetava como costumava fazer. Eu ouvia as multidões, eu via a empolgação de todos, e tudo o que eu queria era simplesmente acabar com aquele jogo logo como se ele fosse apenas uma obrigação, e tomar um Whiskey, dois ou três talvez, e correr para a minha cama. Ao contrário de mim, toda a equipe estava animada, especialmente o Potter que agora já com a cara boa se exibia para uma Lily apaixonada.
-Um ótimo jogo para nós. – Ele disse para a equipe.
-Se não pegar esse pomo, eu arrebento a sua cara – Falei subindo na minha vassoura, ele gargalhou e todos nós fomos para as nossas posições até madame Hooch apitar e jogar a Goles. Eu não pensei duas vezes, com a velocidade da minha firebolt agarrei a bola bem na frente do nariz da Sonserina que me olhou feio, segui em direção aos arcos e BAM! Dez a zero para a Grifinória.
-E a furacão Marlene mostra porque ficou no lugar do Potter como capitã nas últimas semanas, em menos de cinco minutos de Jogo já marcou dez pontos. – Ouvi o narrador, Litter, falar. O ruído das pessoas ficou mais forte, e tudo o que se passava na minha cabeça era em

Hogwarts, 1978. ( CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora