Fazia algum tempo que eu estava sem fumar, não que eu ligue para toda essa baboseira sobre como o cigarro dos trouxas pode matar, mas porque ultimamente eu não tenha feito nada que não seja observa-la ou arrumar os últimos detalhes da motocicleta, no último voo com ela quase perdi a sustentação e caí. Deixo-a próximo a cabana de Hagrid, onde ele guarda algumas reservas de comidas para alguns bichos estranhos que ele cria.
-Hey Black. – Kendra apareceu, não sozinha, havia mais algumas pessoas ao seu lado. Nick Lewis, e Andreea Calara. Os três se sentiram a vontade para se sentarem ao meu lado.
-Ouvimos dizer que você e a Mckitten terminaram – Nick disse com o braço em volta do pescoço de Andreea. Ouvi-lo chama-la daquela forma me irritou.
-Não a chame assim. – Falei sem olhar para ele.
-Você a chamava assim – Eu o ignorei. Os três deram uma risadinha irritante.
-Bom, mas já que é verdade eu acho que nós poderíamos sair para nos divertir, o que você acha? – Kendra perguntou se aproximando de mim, me apoiei na bancada atrás de nós e cruzei os braços. Kendra era realmente muito bonita, mas a sensação que eu tinha era de que nunca mais me interessaria por nenhuma garota além de Marlene.
-Achei que e a Mckitten não cairia fora depois da morte de seu pai. – Foi Andreea que disse, eu a encarei um pouco confuso com o que ela estava querendo dizer. – Quero dizer, está no profeta diário sobre a morte dele e como você é o herdeiro da casa Black.
"Herdeiro da casa Black" herdeiro de toda aquela merda, de toda aquela sujeira. Herdeiro de um dinheiro, de uma fortuna de uma família preconceituosa e ridícula.
-Por isso me surpreendi quando soube que vocês não estavam mais juntos. – Kendra concluiu, eu a olhei de cima a baixo e dei uma risadinha.
-É por isso que você está aqui? Por causa da fortuna dos Black? – Ela arregalou os olhos ofendida. Traguei novamente meu cigarro soltando a fumaça – Kendra, não me leve a mão não, mas figurinha repetida não é meu estilo e além do mais, você precisa de muito para ser melhor que ela.
Ela ficou me encarando com os olhos e boca escancarados tentando digerir o que eu acabara de dizer, não fiquei perto deles a tempo de ouvir uma resposta e não queria. Algo dentro de mim queria desesperadamente me aproximar de Marlene que continuava sentada próxima ao lago escrevendo alguma coisa em um pergaminho extenso. Eu queria saber o que era, queria saber o que ela estava escrevendo, queria poder conversar com ela, mas era melhor me manter afastado. Nós nunca daríamos certo, não enquanto eu ainda tiver a sombra da minha mãe sobre nós.
-Sirius, pode me acompanhar por favor? – Era a professora Mcgonagall, da última vez que eu a acompanhei tive uma grande notícia, seria sorte se acontecesse o mesmo novamente. A acompanhei até a sala do professor Dumbledore e não contive um gemido quando adentrei o cômodo e dei de cara com Walburga.
-O que você quer? – Perguntei, o professor Dumbledore estava sentado em sua mesa.
-É assim que recebe sua mãe enlutada? – Fiz uma careta
-Ah, sem drama, não combina nada com você – respondi – me diz logo o que quer e vai embora.
Ela endureceu os músculos do rosto e se aproximou de mim.
-Nem mesmo na morte de seu pai...
Rolei os olhos e me afastei, ficar muito tempo perto dela me deixava estressado.
-Diz logo o que quer e vai embora.
Ela ergueu o queixo e colocou sobre a mesa um pedaço de pergaminho e quando notei, monstro saiu de trás de suas pernas cobertas pelo longo vestido.
-Parece que agora você é o herdeiro da família, Sirius. – Não sabia dizer se havia mais nojo na voz ou na expressão dela – É o primogênito homem de uma geração, portanto é dono da fortuna e da casa!
Nada daquilo era uma surpresa para mim, e nada daquilo brilhava meus olhos. A única coisa que eu queria era distancia daquela família, eu tinha dinheiro suficiente para viver muito bem graças ao meu tio que me deixou uma herança, eu não precisava do dinheiro dos meus pais, eu não queria o dinheiro dos meus pais, mas mesmo assim estava preso por causa do sangue, o maldito sangue Black que ainda corria nas minhas veias do qual eu nunca seria capaz de me livrar. Ela moveu a varinha e o pergaminho se abriu sobre a mesa de Dumbledore, um grande e longo cansativo tratado com todas as assinaturas dos primogênitos dos Black da família, desde o primeiro dentre eles. Todos foram herdeiros em uma época de suas vidas, todos foram "abençoados" com tanto dinheiro, conforto, pureza, éramos a nobreza entre os bruxos.
-Eu não quero – falei, todos na sala olharam para mim.
-O que? – Ela perguntou
-Eu não quero esse dinheiro – falei calmamente e ela balançou a cabeça.
-E você acha que você é a minha primeira opção para herdar isso? Eu preferia que Regulus fosse o herdeiro! Daria o dinheiro para o Monstro...
-Então dê, eu não ligo – as bochechas brancas ficaram avermelhadas.
-Seu mimado arrogante! Você acha que eu queria que o dinheiro ficasse para você? Infelizmente a família Black, a grande e antiga tradicional família Black sempre colocou os homens acima de todos e os homens dessa família decidiram desde antes de nascermos de que todo primogênito seria o legitimo herdeiro e isso foi selado com um feitiço que não pode ser quebrado! – Ela estava quase gritando novamente, e eu estava me divertindo com o sofrimento dela de ter que cumprir com as ordens referente a fortuna. – E você simplesmente diz que não quer!
-Não me interessa o dinheiro, aquela casa, não precisava ter arrastado o Monstro até aqui para me lembrar disso.
-Monstro não quis vir, mas Monstro teve que se submeter a ser servo de um traidor de sangue e chama-lo de senhor...
Eu ameacei chuta-lo, aquela criaturinha irritante, aquele velho resmungão, eu não suportaria ter monstro ao meu lado vinte e quatro horas, acho que enlouqueceria.
-É mais dinheiro do que os Malfoy têm, do que os Lestrange, do que os seus queridos Potter! – Ela continuou resmungando na minha orelha. Não tinha jeito, ou eu aceitava o dinheiro e ela sairia logo dali com aquele elfo asqueroso ou eu teria uma tarde cheia de Walburga na minha orelha e eu já estava começando a ficar irritado.
-Tá certo, essa merda de tratado diz que eu devo ficar com o dinheiro e fazer o que quiser com ele, certo? – Peguei a pena na mesa de Dumbledore e assinei abaixo do nome de meu pai e enrolei novamente o pergaminho entregando-o a ela. – Mantenha o dinheiro aonde está, fique com a droga da casa, com o elfo, enquanto você viver eu não quero contato com você.
Ela parecia em choque
-O que? Eu vou depender de você?
-Se preferir, pego tudo e deixo você na rua. – sugeri, ela respirou fundo.
-Tudo bem, duvido que você mal pode esperar pela minha morte para restituir tudo. – Disse segurando o pergaminho.
-Agora vá embora – falei.
-E sua namoradinha, ainda juntos? - Ela devia saber que havíamos terminado ou não teria me provocado dessa forma.
-Eu disse para você ir embora! – Gritei e ela entre sorrisinhos debochados se virou e saiu. A sala ficou em silencio por um tempo, eu tinha até esquecido da presença de Dumbledore.
-Foi uma decisão difícil – ele disse.
-Eu não quero nada dessa família – respondi – estou errado por isso?
-Não tem que seguir os mesmos passos de sua família, Sirius, isso mostra o quão corajoso é, mas precisa aprender a controlar suas emoções e não tomar decisões precipitadas.
Eu o encarei.
-Acha que eu deveria ter ficado com o dinheiro?
-Acho que você deveria ter ficado com Marlene – Aquilo me atingiu e senti o peso de oitenta toneladas nas minhas costas, até Dumbledore sabia? – Você sempre toma decisões impulsivas achando que está protegendo as pessoas ao seu redor, mas não está, Sirius.
-Não sabe o que está falando, você não conhece a minha família. Os pais de Marlene estão mortos por minha causa – Falei.
-Nem mesmo Marlene acredita nisso. – Ele respondeu, eu já estava com a cabeça cheia de coisa para ouvir Dumbledore também me dar lição de moral então apenas o agradeci e saí de lá, enquanto eu andava os corredores ouvi gritos, olhei para trás e Prongs vinha correndo como louco, peguei minha varinha assustado, mas pronto para nos defender.
-PADFOOT! – gritou – VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR!
-O que?
-NÃO VAI ACREDITAR! – gritou e quando se aproximou segurou meus ombros com força, algumas pessoas ao nosso redor estavam prestando atenção na gritaria e quando notei Marlene já estava perto de nós, arfando, também assustada.
-O que aconteceu? – Perguntou.
-Vocês não vão acreditar... não... – ele estava arfando, mas sorria, ao menos ele estava sorrindo então sabíamos que só podia ser algo bom.
-Fala logo! – Marlene exigiu. Ele sorriu debruçando-se ainda segurando meus ombros.
-Lily... Lily e eu... – ele começou a rir – Lily e eu vamos nos casar, Lily e eu estamos noivos.
-O que? – Marlene e eu falamos juntos, ele sorriu e eu institivamente o abracei, era um notícia maravilhosa, depois de anos murmurando e se lamentando por esses corredores por causa dela finalmente eles tinham tomado vergonha na cara e iam ficar juntos.
-Isso é fantástico! – Falei, ele ainda sorria como bobo.
-Bem, isso é incrível – Marlene disse – realmente incrível – mas a voz dela não parecia tão animada.
-Eu vou ser o padrinho, não vou? – Perguntei e não foi preciso uma resposta.
-Eu vou agora atrás do Remus e Peter para contar a novidade – ele disse – mas eu precisava te contar primeiro, antes que todo mundo.
E dizendo isso ele saiu correndo como louco atrás de Remus e Peter deixando Marlene e eu a sós, eu estava extremamente feliz por ele.
-Isso é fantástico, não é? Eles merecem ficarem juntos, merecem serem felizes. – O entusiasmo e empolgação era notório em minha voz. Mas ela não sorria, não expressava emoção alguma além de tristeza, droga, como eu era insensível! – Desculpe, Marls...
-Não, você está certo, eles merecem, eu estou sendo egoísta. – Disse.
-Não está sendo egoísta, eu também queria... também queria fosse possível para nós. – falei, ela piscou e me encarou.
-E o que torna impossível para nós Sirius?
-Você sabe! Nós nunca daríamos certo, Marlene.
-Repita isso até se convencer, Sirius! – Disse se virando com raiva, segurei seu cotovelo, não queria que ela fosse embora daquela maneira. Ela virou o rosto para o outro lado.
-Olhe para mim – ela não olhou – Marlene!
-Para o que? Para você me ver chorando por sua causa? Porque é exatamente o que eu tenho feito todos os dias. – Respondeu ríspida.
-Não suporto te ver assim, mas preciso que você entenda que enquanto estiver comigo você vai estar correndo perigo, Marlene! – Ela bufou.
-Não faz o menor sentido, Sirius, isso não faz o menor sentido!
-Por favor, entenda.
-Não! – falou firme – Eu não vou entender isso nunca!