-Você tem certeza disso, James? – Meu pai perguntou, ele estava sentado em sua poltrona grande e confortável fumando uma espécie de charuto, lendo o profeta o diário. Mamãe estava ao seu lado, sentada no braço da poltrona me olhando como se não soubesse exatamente o que dizer.
-Tenho. – Respondi firme, porque as vezes meus pais me olhavam como se eu fosse um adolescente arruaceiro, o que não deixava de ser verdade em alguns casos. Mas nesse momento, eu estava sendo o mais honesto possível. Meu pai sorriu, um sorriso bonito por debaixo do bigode grande e duas rugas apareceram ao redor dos olhos castanhos.
-Nunca achei que você fosse realmente se casar, depois de tantas garotas. – Senti uma pontada de orgulho vindo dele ao dizer aquilo, mas mamãe se aproximou ainda com um olhar preocupado.
-Filho, estou feliz que você tenha tomado essa decisão, mas vocês são tão novos. Além do mais ela é uma...
-Trouxa, mãe, eu sei. – Me irritei com o excesso de preocupação dela, além de achar que o fato de Lily nascer trouxa fosse interferir em algo. Ela segurou minha mão.
-Não pense que estou sendo preconceituosa, James, mas entenda que seu pai e eu nascemos em uma época diferente, além de todas essas mortes e perseguições.
Eu olhei para a minha mãe já avançada em idade, eu sabia que ela não era um má pessoa e não tinha preconceitos, aliás, foi com ela que aprendi que todos os bruxos são iguais, independentes do sangue, eu sabia que o que a preocupava era a onda massiva de assassinatos e perseguições aos nascidos trouxas, e todos aqueles que os ajudavam, famosos "traidores do sangue". Eu queria poder contar aos meus pais sobre a ordem, queria poder dizer que Lily e eu fazíamos parte de uma sociedade que luta contra Voldemort e seus seguidores, mas isso só os deixariam mais preocupados.
-Euphemia, deixe o menino! – Papai disse sorridente – Tenho certeza de que essa Lílian vale o risco.
Eu dei risada acompanhando meu pai.
-Não brinque com uma coisa dessas, Fleamont! – Respondeu mamãe pegando Lores, nosso gato e sentando-se ao meu lado. – Me preocupo com vocês, além do mais, como eu disse, vocês são novos.
-Se Lily não amarrar James agora pode ser que nunca amarre. – Me pai disse me fazendo rir, não que ele estivesse certo, mas no ponto de vista dele eu sempre seria um pegador assim como ele diz que foi na minha idade. Mamãe torceu o nariz, talvez estivesse acostumada com a ideia de que seu único filho não fosse se casar tão cedo.
-Você passou sete anos em Hogwarts, e mal vai voltar para casa e já tenho que me despedir de novo? – Perguntou confirmando a minha suspeita de que a preocupação dela era me perder. A abracei.
-Nunca vou te deixar, mãe. – Ela me deu um tapinha e bagunçou meu cabelo beijando o topo da minha cabeça.
-Você é meu único filho. – Disse emotiva, beijei seu rosto magro – É tão parecido com seu pai também, não tem nada meu.
-Como não? Todo charme venho de você. – Eles deram risada.
-Quando vou conhecer ela?
Eu esperava que ela me perguntasse isso pois já tinha decidido tudo.
-Sirius está vindo para cá com ela, vão almoçar aqui, espero que não se importem. – Ela abriu mais os olhos azuis e se levantou.
-James Potter, você deveria ter me dito antes! Essa casa está uma bagunça e eu vou precisar arrumar o almoço. Eldar, venha aqui!
A elfo apareceu na sala rapidamente.
-Sim, minha senhora.
-Vamos precisar fazer um belo almoço hoje, a namorada de James vem nos visitar e preciso causar uma boa impressão.
-Sim, minha senhora, vai ser uma honra servir o senhor James, quer que eu lave suas roupas ou prepare um banho? – Eldar perguntou.
-Não, Eldar, fique tranquila. – Respondi. Eldar era nosso elfo desde que nasci, estava na nossa família muito antes claro, mas eu nunca me acostumei com a ideia de ter um elfo doméstico porque não concordava muito com o trabalho que eles eram submetidos. Eldar era tratada como alguém da família em nossa casa, mas conheço casos de elfos que passavam por torturas e humilhações, o próprio Sirius nunca se deu bem com Monstro, o elfo dos Black. Aliás, Sirius nunca se deu bem com ninguém naquela casa.
Mamãe e Eldar saíram para começar a preparar as coisas, eu disse que Lily não era o tipo de garota que se importava com extravagância, mas mamãe insistiu em preparar um banquete.
Quando Lily e Sirius chegaram eu estava mais nervoso do que achei que estaria, nunca levei uma garota sequer na minha casa, apesar de ter conhecidos muitas. Ao menos, Sirius estava ali o que deixava a situação um pouco menos constrangedora. Eu ouvi um barulho estranho e abri a porta da casa, Sirius e Lily estavam montados em cima de um monstro de duas rodas que acabara de pousar no nosso quintal.
-O que é isso? – Perguntei, ele desceu daquilo com um sorriso no rosto, enquanto ela parecia um pouco enjoada.
-É uma motocicleta! – Respondeu sorrindo de orelha a orelha – eu terminei os arranjos que precisava fazer! Quem precisa de uma vassoura quando se tem um motocicleta que voa?
-Acho que vou vomitar. – Lily disse se inclinando, segurei seu cabelo que estava uma bagunça.
-Você colocou minha namorada em cima disso aí? Ela tem medo de voar em uma vassoura!
-Eu precisava de alguém para me dizer o que achou – Foi a justificativa dele, estreitei os olhos.
-Estou bem, James, na verdade, eu me voluntariei, mas não sabia que ela voava. Normalmente, motocicletas não voam.
-Ou seja, a minha é única no mundo inteiro. – Sirius se gabou – Sra. Potter!
Ele abriu os braços e agarrou minha mãe em um abraço forte, ela sorriu e depois bagunçou os cabelos dele.
-Sirius Black! Achei que havia se esquecido de mim. Olhe só esses cabelos, estão enormes, precisamos cortá-los! Como você está? Eu soube do seu pai, meu bem, eu sinto muito.
Mamãe costumava dizer que eu era seu filho único, mas eu sabia que não. Sirius era para ela o segundo filho, tenho certeza de que o teria adotado se pudesse.
-Está tudo bem. – Ele respondeu – foi algo um tanto esperado, ele já estava doente ah alguns meses. Onde está Fleamont? Quero mostrar a ele a minha motocicleta! Tem comida aí?
Mamãe gargalhou.
-Claro que sim! Mas lave as mãos antes de comer, e Fleamont está na sala. Lave as mãos Sirius Black!
Ele adentrou minha casa íntimo e sumiu porta adentro, enquanto Lily e eu ficamos quietos. Mamãe finalmente nos olhou e sorriu, especialmente para Lily.
-Você é Lílian Evans. – Disse – é um prazer.
-O prazer é meu, Sra. Potter. – Respondeu educada e gentil como sempre, apesar de estar tímida e nervosa.
-Euphemia, meu anjo. – Disse segurando a mão dela – Ah meu Deus, suas mãos estão congelando, vamos, vamos entrar.
Lily me deu uma olhadela e eu pisquei a fim de deixa-la mais confortável, e conforme as horas foram passando ela se sentiu mais a vontade, contou a todos sobre sua família em Londres, seus pais, e sua irmã mais velha. Meus pais ficaram surpresos ao verem como ela era inteligente e habilidosa, capaz de executar qualquer tipo de feitiço com maestria, tenho certeza de que fiquei encarando-a abobalhado enquanto ela levitava uma xicara de chá.
-Bom, acho que já vou indo, preciso pegar o trem para Londres para encontrar meus pais. – Ela disse – Vou ficar um dia com eles.
-Tem certeza de que não pode ficar mais? – Perguntou mamãe me surpreendendo, ela realmente tinha gostado de Lily.
-Sinto muito, Euphemia, eu adoraria, mas é o único final de semana que temos fora de Hogwarts e preciso ver meus pais.
-Posso te dar uma carona, Lils. – Sirius disse mordendo uma maçã.
-Nem pensar. – Respondi – eu vou com Lily para Londres.
Anunciei, mamãe e papai me olharam, mas não disseram nada, nunca foram dos tipos superprotetores e sempre me deixavam fazer o que eu queria, mas com todos os acontecimentos recentes sei que eles estavam um pouco mais cautelosos, bom, eu também não deixaria Lily viajar por aí sozinha. Por volta das três horas, nos despedimos de meus pais e fomos pegar o trem, Sirius sumiu com sua motocicleta em direção a algum lugar que eu não entendi muito bem.
-Você acha que eles gostaram de mim? – Ela perguntou.
-O que? Claro que sim, Lily, quem não gostaria de você?
Ela corou.
-Estou falando sério, James, não quero ter nenhum tipo de intriga com sua família ainda mais por causa dos nossos sangues.
-Isso é a última coisa com a qual você deva se preocupar. - Tranquilizei-a, ela deitou a cabeça em meu ombro e adormeceu. Quem deveria estar nervoso agora era eu, já que estava para conhecer os pais trouxas dela e a irmã, ela já havia me falado sobre a irmã mais velha de como o relacionamento das duas era complicado, mas que os pais eram tranquilos e estavam ansiosos para me conhecer também, eu nunca tive um contanto muito grande com trouxas ou o mundo trouxa em si antes, mas sei que eles vão gostar de mim, sou bonito, inteligente e simpático, não tem como não gostarem, eu não estava muito preocupado com isso, mas deveria ter perguntado para Sirius como foi com os pais de Marlene, porém, com tudo o que aconteceu depois com eles me pareceu um tanto idiota fazer esse tipo de pergunta.
Os pais de Lily eram um pouco mais velhos do que eu havia imaginado, ela e a mãe tinham os mesmos olhos verdes e o sorriso gentil, enquanto o pai tinha uma expressão mais séria, porém, ainda assim era muito gentil e simpático, tinha olhos escuros e um bigode grande, todos eles eram extremamente simpáticos, exceto a irmã mais velha, Petúnia. Bem diferente de Lily, Petúnia tinha olhos escuros, cabelos loiros e tinha a mania de nos olhar com o nariz empinado, forçando uma careta engraçada que me fazia querer dar risada, além do namorado gordinho que parecia um tomate quando ficava irritado com alguma coisa, ambos pareciam querer se excluir da sociedade como se ela não fosse boa o suficiente para tê-los.
A casa de Lily era pequena e aconchegante, ela e a irmã tinham quartos um ao lado do outro. A mãe de Lily me recebeu como se eu fosse um filho, me enchendo de doces e comidas trouxas que eu tive que admitir, eram realmente boas. Eu tentei não parecer um idiota, mas as coisas que aqueles trouxas usavam eram extremamente interessantes.
-Uau, o que é isso? – Me abaixei em frente a uma caixa grande, Lily sorriu.
-Uma televisão. – Respondeu, de repente ela apertou uma botão e a tela se iluminou, um mulherzinha pequena apareceu cantando alguma coisa – Assim que nos mantemos informados.
Uau, aquilo era realmente fascinante.
Passei os olhos pelo quarto dela, uma estante enorme cheia de livros, a cama com lençóis rosas, algumas fotos dela com as meninas em Hogwarts... eu estava passando os olhos por elas quando uma em especial me chamou a atenção, eu tentei não agir como um idiota, mas o ciúmes falou mais alto.
-Ainda guarda fotos com ele?
Lily olhou para a foto na parede, ela e o ranhoso de baixo de uma arvore sorrindo, ela deitava o rosto no ombro dele.
-James, você precisa saber que Snape e eu fomos amigos. – Disse ela e se aproximou retirando a foto da parede e olhando-a em suas mãos – Apesar de eu não saber mais quem ele é.
-Ele é mal, é isso que ele é. – Ela me encarou, e eu percebi que seus olhos estavam marejados – Desculpa, Lils. Desculpe.
Me arrependi no mesmo minuto de tê-la chateado, a abracei.
-Tudo bem, você está certo – respondeu erguendo os olhinhos para mim – eu só queria que tudo pudesse ser diferente.
-Eu também, meu anjo. – Acariciei seu rosto e ela me retribuiu com um beijo que começou lento, mas com suas mãozinhas pequenas e ágeis me empurraram em direção a cama, cai de costas sobre ela e Lily veio por cima de mim. Ela estava se esforçando para ser sexy e estava conseguindo, eu estava louco por ela.
-Lílian a mãe está chamando para o almoço... Ora, que pouca vergonha! De baixo do nosso teto. – A irmã dela abriu a porta e nos pegou de surpresa, ficamos sem reação. – É isso que você aprende naquela escola?
E fechou a porta com força, Lily saiu de cima de mim gargalhando.
-Eu tenho a impressão de que sua irmã não gosta de mim – falei e ela riu.
-De mim também não, não se sinta especial. Vamos comer. – Ela se levantou.
-Mas estávamos nos divertindo
-James Potter!
Nós fomos para a sala de jantar, a mesa redonda estava repleta de comidas aparentemente saborosas. A conversa ao redor da mesa fluía entre os pais e Lily, Petúnia e o namorado gordinho quase não diziam nada e apenas lançavam trocas de olhares como se fossemos indignos de estar na presença deles, mas isso não me incomodou, era como estar sentado próximo a sonserinos.
-Lily é a garota mais inteligente do nosso ano, aliás, de todos os anos. – Comentei entre o assunto, ela corou e apertou minha perna por debaixo da mesa.
-Não é verdade, apenas me dou bem em algumas matérias – Disse tentando ser modesta, mas o orgulho nos olhos dos pais era algo nítido.
-Mentira, sra. Evans ela foi a primeira a conseguir executar um patrono corpóreo. Sabe o quão difícil é isso? – Ela apertou de novo a minha perna.
-Desculpe, um o que? – perguntou a mãe
-Um patrono mãe, é um feitiço defensivo...
-Sim, um ser magico feito de energia positiva que toma a forma de um animal prateado único para cada bruxo – A interrompi porque ela estava extremamente tímida ao falar. O gordinho a minha frente bufou, como se estivesse desdenhando do que eu acabara de dizer, o encarei, mas não disse nada. Lily também notou o desdém, mas como se estive acostumada o ignorou.
-E você consegue fazer isso, Lily? – A mãe perguntou.
-Consigo – respondeu indiferente como se não fosse grande coisa.
-Claro que ela consegue! Ela é extremamente habilidosa. – Falei, ela me deu um soco na costela por debaixo da mesa e eu não estava entendendo o porquê de ela tentar esconder isso da própria família.
-Lily, você não nos conta essas coisas. – O pai disse.
-E contar por quê? Um monte de truques baratos que ela é ensinada a fazer quando deveria estar estudando alguma coisa que realmente tenha valor. – A irmã despejou em cima da mesa um monte de ódio e amargura, Lily se afundou um pouco mais na cadeira
-Truques baratos? – Não consegui evitar.
-James, por favor. – Ela sussurrou.
-Mostre a eles, Lily, mostre a eles o que você pode fazer. – Pedi, ela ficou com as bochechas coradas, eu ainda não conseguia entender qual o problema de mostrar a própria família suas habilidades, nem mesmo na minha casa ela se mostrou tão tímida.
-Vamos lá, Lily, você já pode fazer magia fora de Hogwarts – O pai pediu.
-Vamos, Lily. – pediu a mãe e ela não conseguiu evitar, com apenas um toque na varinha um fio prateado saiu de sua varinha formando uma corça que saltou sobre a mesa deixando os pais admirando, mas Petúnia e o namorado, Valter, saltaram de suas cadeiras aterrorizados. Lily sorriu olhando para a beleza da corça sobre a mesa, então peguei a minha varinha e logo em seguida o Veado saltou na mesa ao lado da corça, ambos se enroscando em um mistura de magia e brilho que deixava qualquer um apaixonado. O meu patrono se unia ao de Lily de forma magnifica, como se realmente fossemos feitos para estar um com o outro.
Valter que estava escondendo Petúnia atrás de si como se nossos patronos fossem ataca-los resmungou alguma coisa, mexi minha varinha lentamente e o Veado saltou da mesa em direção a eles, ambos tremeram como se fossem ter algum tipo de ataque.
-São lindos, Lily, lindos! – A mãe dela disse admirada, a corça saltou da mesa e rodeou-a enquanto ela sorria.
-São apenas uns truques ridículos! Aberrações! – A irmã saiu de trás do namorado gritando e com um pano tentou espantar a corça, com o susto Lily se distraiu e a corça evaporou no ar, deixando apenas um rastro de luz prateada.
-Baboseiras – Valter disse e então o veado que ainda iluminava toda a sala saltou em direção a ele, o gorducho começou a correr dele enquanto eu gargalhava, e quando o veado saltou ele caiu de bunda no chão e meu patrono evaporou.
-Desculpe, as vezes não tenho tanto controle sobre ele. – Falei tentando segurar a risada, o garoto ficou vermelho como um tomate e achei que se ele pudesse teria vindo para cima de mim.
Por mais que eu tivesse um quarto separado na casa, Lily e eu preferimos dormir juntos. No meio da noite ela se arrastou para debaixo dos meus cobertores, enrolando seu corpo contra o meu.
-Você não pode ficar provocando o Valter daquele jeito – ela sussurrou.
-Ele mereceu, eu poderia ter transformado ele em um porco enorme só pela forma como ele te olhou – Respondi e ela me deu um leve beijo no rosto.
-Não gosto de mostrar ou fazer magia na frente de Petúnia, você viu como meus pais são, como eles são orgulhosos e isso a machuca muito, gostaria de não haver isso entre nós duas. – Ela disse baixinho, eu a abracei com mais força.
-Não acho que isso a machuque, acho que ela tem inveja de você, Lily. – Ela me encarou e torceu o nariz.
-Por que somos especiais e ela comum? – Senti uma certa ironia na frase dela e franzi o cenho, ela não era o tipo de pessoa que dizia coisas assim.
-Não, Lily, porque você é boa. Mesmo que não fosse uma bruxa, mesmo que não fosse diferente, sua irmã odiaria qualquer coisa que fizesse você especial.
-Não sou especial, James. – respondeu.
-Eu gostaria que você se enxergasse da forma que eu te enxergo – falei – não é só a magia que te faz especial, Lily. Sua capacidade de amar, compreender, de se arriscar pelos outros... O talento que tem de enxergar a beleza nos outros. Isso te faz especial, Lily, isso me faz amar você.
-Ah, você está me bajulando – estava escuro e mesmo assim eu sabia que ela estava sorrindo.
-Estou dizendo a verdade.
Ela me beijou e assim tivemos uma noite maravilhosa naquele quartinho. Quando ela pegou no sono eu ainda continuei acordando, admirando-a enquanto dormia, lembrando do primeiro dia em que a vi, lembrando de cada briguinha que tivemos ao longo dos anos, lembrando do quão corajosa ela foi lutando contra Voldemort, contra os comensais, nada tiraria a minha certeza de que ela era a mulher que eu queria ao meu lado pelo resto da vida.
Não dava para esperar mais, antes do sol nascer desci as escadas de seu quarto em direção a sala onde havia diversas fotos da família e não tive dúvidas de que aquele lugar era especial para ela. Por mim, eu teria feito algo extravagante, teria enfeitado o salão principal de Hogwarts e subido em cima de uma das mesas, gritado em frente de todo mundo, mas isso combinava comigo e não com ela, ela era tímida e reservada, simples sem extravagancia. Sei que Hogwarts era especial para ela, mas sua família e sua casa também e eu não aguentaria mais um dia. Enquanto eu planejava algo, ela me assustou.
-James? O que está fazendo? – Perguntou, estava usando apenas a minha camiseta de capitão do time de quadribol e não poderia estar menos linda.
-Não consegui dormir.
-Está tudo bem? – Perguntou.
-Sim... na verdade, não – a preocupação tomou conta do rostinho angelical dela e eu sorri, segurei sua mão e a trouxe para o centro da sala – não posso passar mais um dia sem ter certeza de que você é minha.
-James...
-Shhh... Eu pensei em fazer como Sirius e Marlene, mas isso não combina conosco, quero te ver vestida de branco caminhando em minha direção, quero prometer na frente de todos os nossos familiares que se for preciso dou minha vida por você – eu mal começara a falar e ela já estava em lágrimas, sem conseguir pronunciar uma única palavra, retirei a caixinha preta de meu bolso e entreguei em sua mão tremula, ela me olhou como se não pudesse acreditar. – Abra.
E ela o fez, mas se surpreendeu quando dentro da caixinha havia uma semente, uma pequena semente.
-Toque-a.
E quando ela levou a ponta do indicador na semente, como uma pequena arvore a flor cresceu, se revelando um belo e grande lírio vermelho que a fez soluçar, dentro dele estava a aliança que meu pai me entregara mais cedo, contendo uma pequena pedra de esmeralda.
-Ah meu Deus! – Ela segurou a aliança ainda em lágrimas.
-Lílian Evans, quando eu olho para você tenho a certeza de que é com você que quero passar o resto da minha vida, quero construir uma família. Eu sei que sou o que você sempre disse: um idiota arrogante. Mas sou extremamente apaixonado por você, cada detalhe, cada simples detalhe seu me faz ficar cada vez mais apaixonado. Você me faz mais feliz do que eu pensei que pudesse ser, e se você deixar, Lily, se você deixar, eu vou passar o resto da minha tentando fazer você sentir o mesmo.
Ela chorava tanto que eu estava começando a ficar assustado, mas impressionado com a minha capacidade de falar muito bem.
-E também, nós somos as pessoas mais bonitas em Hogwarts, não deixe Sirius saber disso, por isso devemos ficar juntos.
Ela riu e me interrompeu se jogando em meus braços.
-Seu idiota arrogante, é claro que eu aceito! – Eu achei que estivesse ficado louco e quase desejei bater a cabeça contra a parede para ter certeza de que eu tinha entendido direito. Ela tinha aceitado! Lily Evans iria se casar comigo. Comecei a gargalhar e a chorar ao mesmo tempo, porque era quase surreal.