SIRIUS BLACK

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Eu estava na aula de história quando a Prof. Minerva interrompeu para me chamar. A princípio achei que eu tinha feito algo de errado como sempre, depois achei que poderia ser algo sobre a ordem. Não sei, mas pela expressão e o olhar dela, algo de bom não era.
-Posso ajudar em algo, Professora? – Perguntei, ela ficou me olhando alguns segundos.
-Sirius, eu não sei como dizer isso, é realmente incomum, nós professores nunca tivemos que fazer isso antes...
Ela estava sem jeito, pensei que algo tivesse acontecido com Marlene, mas ela estava na sala de aula.
-Pode dizer professora. – Pedi ansioso.
-Sirius, nós recebemos uma carta da sua família pedindo para te comunicar o falecimento do seu pai. – Disse rápido. Eu fiquei parado a encarando alguns instantes digerindo aquela informação. Eu sempre soube, e de certa forma, sempre imaginei como seria se meus pais morressem, eu nunca achei que sentiria como se tivesse levado um soco bem forte na boca do estômago que me fizesse parar de respirar por alguns instantes. Não sei se ela esperava que eu fosse chorar, ou entrar em desespero, eu também não imaginava como eu deveria agir então apenas balancei a cabeça como alguém que recebe uma ordem.
-Ok. – Disse, talvez porque foi a única coisa que fui capaz de dizer. Ela continuou com os olhos sobre mim e então me entregou um envelope, dentro continua uma carta de Walburga informando o horário do enterro, ele havia morrido no dia anterior e ela não queria falar comigo diretamente, mas como o primogênito eu deveria ter conhecimento dessa terrível noticia e se caso quisesse, poderia comparecer ao enterro que era na mesma tarde as meio dia.
-Se você quiser ou precisar conversar, Sirius, eu estou aqui. Eu lamento muito. – Disse a professora com toda gentileza, coloquei a carta em meu bolso.
-Está tudo bem, professora. – Respondi tentando um sorriso que a convencesse. Então com duas palmadinhas no meu ombro ela demonstrou sua solidariedade. – Posso pedir saída para ir ao enterro?
-Claro, Sirius, você tem todo o direito, suponho que o Sr. Potter também vai precisar? Ou a Srta. Mckinnon talvez.
Eu pensei por alguns minutos se eu realmente deveria chamar James ou Marls para estar comigo, mas concluí que não era uma boa ideia, não que eu não os quisesse ao meu lado, mas eu não sabia como dizer as pessoas que meu pai havia morrido até porque eu ainda não sabia como eu estava me sentindo.
-Acho melhor não, professora, mas obrigado!
Eu não voltei para a sala de aula, fui direto ao meu quarto e troquei de roupas. Pensei em colocar um terno, mas me veio a cabeça todas as vezes em que meu pai me disse que eu era uma decepção usando jaquetas de couro e calça rasgada, então, para quê tanta hipocrisia? Eu nunca dei ouvidos a ele em vida, não era agora que eu iria começar. A motocicleta que Marlene havia me dado me levou até o cemitério mais rápido do que eu esperava, ainda estava finalizando algumas coisas nela até conseguir deixa-la do jeito que eu queria. Estacionei um pouco mais distante da entrada, mas logo vi a aglomeração da família Black ao lado de um túmulo ainda aberto. Me encostei em uma arvore a alguns metros de distância, estava um dia quente e todos vestiam roupas escuras. Até mesmo Belatriz estava ali, não que ela tivesse algum tipo de afinidade como meu pai, mas era muita coragem dela aparecer assim na frente de todos depois de todos os "boatos".
Parado ali, vendo enquanto desciam o caixão para a cova recém cavada, fiquei tentando lembrar de algum momento feliz entre pai e filho, e foi inútil. Ele era um preconceituoso covarde e arrogante, nunca foi um pai, nunca foi próximo de mim ou Regulus. A morte dele não me trazia tristeza alguma, mas era exatamente por isso que eu estava chateado. Eu tive um pai, que não foi um pai. Não era como se ele fosse ausente ou coisa do gênero, ele simplesmente era alguém que eu passei a odiar ainda sendo uma criança, desejei ter sido órfão do que ter tido pais e isso era terrível.
Quando finalmente fecharam a cova eu soube que estava acabado, eu sempre diria as pessoas que meu pai foi o homem mais terrível que eu conheci, e nunca vai haver uma chance de mudar isso. Ele só me faz querer ser alguém completamente diferente para as pessoas e especialmente para meus filhos. Quando Walburga me viu, virou o rosto e passou reto por mim, Belatriz deu uma risadinha e os outros Black me ignoraram, eu os agradeci por isso.
-Achei que não viria – A voz jovem disse, me virei.
-Ele não teria feito questão – respondi, Regulus balançou os ombros.
-Descordo.
-Fácil para você dizer, agora que é o orgulho da família – Não contive a ironia no meu tom, ele pareceu um pouco ofendido.
-É bom te ver Sirius. – Respondeu, eu tinha essa sensação de que todas as vezes que falava com meu irmão era como se fossemos nos falar pela última vez. Me virei e subi na minha motocicleta voltando diretamente para Hogsmead, parei no três vassouras e tomei umas ou duas cervejas enquanto Rosmerta flertava comigo. Depois voltei para Hogwarts, o jogo já havia começado e mesmo sem animo subi as arquibancadas encontrando Remus, Dorcas e Peter, me juntei a eles. Grifinória já estava com quatrocentos pontos, duzentos a frente da Sonserina. Passei os olhos por todos os jogadores até encontrar os cabelos loiros cortando com habilidade os jogadores da Sonserina e marcando mais dez pontos. Apesar de ter marcado, ela não parecia muito contente e após desviar de um balaço a vi ir atrás de Ludo irritada, tomando o taco da mão dele e acertando outro balaço diretamente no jogador da Sonserina, que caiu da vassoura de forma brusca.
-Por que a Marlene está derrubando todo mundo? – Dorcas perguntou.
-Eu não sei, mas olha o James parece que viu o Pomo – Peter apontou e realmente, Prongs afundou com a vassoura atrás da bolinha dourada e finalmente a agarrou. Houve toda aquela comemoração, até eu me senti feliz por eles. No empurra-empurra da plateia uma menina que estava ao meu lado foi jogada ao chão, me abaixei para ajuda-la a se levantar, ela havia machucado a perna e segurei em seus ombros para que ela conseguisse ficar em pé, foi quando vi Marlene passando com a vassoura em alta velocidade.
Depois fomos comemorar a vitória do time na sala comunal, eu não estava em pique para festa, mas sabia que ela iria e que iria beber então tive que ir para ficar de olho nela. No início, Marls ficou quietinha isolada em um canto bebendo, e pedi aos céus que ficasse assim a noite toda, mas algumas doses depois se levantou e um idiota se aproximou, ela o beijou e eu quis fazer alguma coisa, senti a nuca queimar de raiva, mas não podia me aproximar dela, ela era livre para fazer o que quiser. Uma garota esbarrou em mim e derramou bebida na minha roupa, quando olhei de novo, Marlene havia sumido.
-Você a encontrou? – Perguntou Lily aflita, e a aflição dela estava me deixando ainda mais aflito. Ah três horas que Marlene sumiu, a última vez em que a vi ela estava beijando aquela criança, mas o idiotinha não sabia aonde ela havia se enfiado. Procuramos pelo castelo, não constava nada no mapa, procuramos na sala precisa, nos banheiros, fomos até Hagrid, e já estava amanhecendo e nada dela ainda. Merda. Tudo o que se passava pela minha cabeça era que algo muito ruim tivesse acontecido.
-Nada na sala do professor Slughorn também – Lily disse desanimada – acho que devemos comunicar os professores.
-Ela não disse para onde iria? – Perguntou Moony.
-Eu a vi saindo do castelo – Worm falou.
-Sim, Peter, mas já procuramos ao redor do castelo e nada. – Dorcas respondeu. – Alguém aqui falou com ela na noite anterior?
Todos nós nos encaramos e abaixamos a cabeça. Porra, como assim ninguém havia falado com ela?
-Eu sou uma péssima amiga – Lily lamentou – eu tenho a deixado tão sozinha.
-Agora não adianta se lamentar, precisamos acha-la. – Falei irritado porque se algo acontecesse com ela sei que mais da metade da culpa seria minha, além do mais, eu tinha que protege-la.
-Já pensaram que talvez ela possa estar na floresta? – Worm disse e parecia loucura, mas fazia sentido. – Marlene tem estado muito impulsiva ultimamente.
-Como você sabe? – Lily perguntou.
-Bom, eu tenho falado com ela e ela me parece muito triste, não é mais como costumava ser.
Aquilo pesou dentro de mim umas mil toneladas, se até Peter conseguia enxergar isso e eu não, significava que eu era a pessoa mais insensível do mundo. De qualquer forma, não havia tempo para lamentações, precisávamos encontra-la antes que um comensal fizesse, e havia muitos deles atrás de nós. Íamos continuar nossa busca, mas logo quando descemos as escadas da torre meu coração foi tomado por uma onda de alívio, James caminhava em nossa direção com ela em seus braços, aparentemente dormindo.
-A encontrei na margem do lago. – Falou – alguns Grindylows estavam fazendo muito barulho na água.
Apesar de estar aliviado por vê-la ali, fiquei extremamente chateado com ela e comigo mesmo, primeiro porque ela era impulsiva e descuidada, segundo porque eu sabia que o fato dela estar fazendo isso era porque eu a tinha deixado. Acariciei seu belo rosto e a tomei dos braços de meu amigo, segurando-a com força.
-Vou leva-la para o quarto – falei passando por entre eles e subindo as escadas do dormitório feminino enquanto ela murmurou alguma coisa como se estivesse em um sonho. A deitei em sua cama que ela reconheceu perfeitamente, o quarto estava escuro e eu me sentei ao seu lado na cama porque não queria deixa-la e nem ficar sozinho. Queria estar com ela.
Tirei uma mexa loira de seu rosto, ela era extremamente bonita e jovem demais para passar por toda essa merda que estávamos passando. Eu já era acostumado a me decepcionar com as pessoas, a ser deixado por elas, mas Marlene sempre tivera os pais, sempre fora mimada e amada, não consigo imaginar como é para ela ter que lidar com tudo isso, mas não posso entender também como ela consegue se colocar em risco, como ela consegue desmaiar de bêbada na margem de um lago onde poderia ter sido morta por um comensal, isso me levava a loucura, essa impulsividade, essa coragem, Marlene Mckinnon iria me levar a loucura.
Me aproximei de seu rosto para sentir melhor seu perfume e fui pego de surpresa, ela agarrou minha nuca e me puxou para frente beijando-me, claro que eu amava beija-la, mas não quando ela estava daquele jeito, tão ferida. A empurrei de volta na cama, e ela gargalhou.
-O que foi, Black? Não gosta mais do meu beijo? – Disse igual um gatinho miando. Fiquei calado e ela se apoiou nos cotovelos, quase não conseguindo manter os olhos abertos – Não gosta mais de mim?
-Não gosto quando você se coloca em risco – Falei e ela fez um biquinho – Não gosto quando age igual uma garotinha mimada que não consegue ouvir um não.
Agora ela estava mais próxima.
-Eu não consigo ouvir um não – sussurrou e acariciou meu rosto – especialmente quando vem de você.
Ela conseguia ficar mais sexy quando estava bêbada, conseguia ficar mais desinibida e todo o meu corpo a queria naquele momento, corpo, alma, coração, mente, cada pequena célula do meu corpo a desejava, desejava pelo carinho dela e pelo consolo, mas não podia me aproveitar dela naquele estado porque eu tinha terminado com ela e seria errado se aproveitar desse momento, mas com tanta merda na cabeça eu mal conseguia resistir a voz dela.
-Marlene, vai descansar. – Falei – você precisa se recuperar.
Ela gargalhou de novo e se aproximou mais.
-Não quero descansar, Black. – Sussurrou.
-Eu não vou fazer nada com você – engraçado como a minha voz não saiu nada convincente – não é certo, não quero me aproveitar de você.
-Uau, Sirius Black pensando na minha moral – Disse irônica e bateu palmas – essa é nova.
-É Sério, Marlene. Você precisa se recuperar e sair desse buraco que você está cavando porque uma hora você...
Ela me interrompeu passando a língua em meus lábios após acariciar meu rosto, puxou minha gravata para frente.
-Eu não dou a mínima – disse – e sei que você também não.
Ah merda, ela estava tão certa. Com qualquer outra garota eu realmente não daria a mínima, mas com ela, com ela era diferente, eu precisava dela e a queria. Murmurei um foda-se para mim mesmo e a puxei para frente beijando seu lábios, ela me correspondeu com a mesma vontade. De repente eu já estava por cima dela, com suas pernas uma a cada lado do meu quadril me dando livre acesso a suas coxas, e entre elas, sua intimidade que eu conhecia muito bem. Enquanto beijava seu pescoço, dando leves mordidas levei minha mão por dentro de sua saia e ela gemeu me deixando maluco, eu a queria, eu a amava e naquele momento nada mais importava. A morte do meu pai, meu irmão comensal, minha mãe e prima malucas, a ordem, a guerra, nada mais importava, eu a queria. Com agilidade que só ela tinha, desabotoou minha camiseta e me empurrou na cama, ficando por cima de mim.
-Eu te amo seu idiota – Ela se debruçou sobre mim e murmurou em meu ouvido. Uma certa raiva tomou conta do meu peito naquele momento porque lembrei dela beijando outro garoto mais cedo. Entrelacei meus dedos atrás de sua cabeça, e a puxei para longe do meu pescoço.
-Se me ama porque estava beijando outro? – Perguntei, ela sorriu e rebolou em cima de mim me excitando ainda mais, cravou as unhas no meu peito nu.
-Está com ciúmes? – Respondeu debochada. Porra, é claro que eu estava com ciúmes! Me sentei na cama com ela ainda sobre mim e a beijei.
-É claro, sua mimada, você é minha!
-Então mostra que sou sua, Black – gemeu rebolando sobre mim, foi o ápice. A joguei na cama novamente e me debrucei sobre ela beijando-a, descendo pelo seu pescoço até seus seios. Naquela noite, Marlene e eu nos consolamos da forma que só nós dois conseguimos fazer.

Hogwarts, 1978. ( CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora