MARLENE MCKINNON

1.1K 51 5
                                    

-Dá essa droga aqui! – Peguei o Pomo da mão de James que não parava de soltá-lo e agarrá-lo, soltá-lo e agarrá-lo, aquela ansiedade dele estava me irritando. E não somente eu, mas até
mesmo Sirius que estava sentado ao meu lado folheando um livro estava irritado com o amigo, Peter estava tentando um feitiço no próprio rato e era o maior barulho que tinha na sala comunal naquela hora. Nenhum de nós conseguimos ir nos deitar.
-Essa festinha vai durar a noite toda? – Ele resmungou mal-humorado e eu revirei os olhos.
-É a festa mais importante para alguns alunos, talvez ela demore mesmo para voltar.
-Mais importante para quem? Um bando de nerd. – Sirius parecia estar ficando mal-humorado por Osmose.
-Remus está lá! – tentei lembrá-los.
-Por isso mesmo. – Ele respondeu rindo pelo nariz.
-Argh, ela tinha que ir junto com aquele idiota? Se ele fizer alguma coisa com ela eu juro que eu o derrubo da vassoura. – James resmungou balançando a cabeça e se jogando no sofá.
O quadro se abriu e finalmente vimos os fios vermelhos dela passarem pelo buraco, rindo, segurando a mão daquele idiota do Ludo. Ao encarar nós quatro, os dois controlaram o sorriso.
-Boa noite! – Ela disse, mas nenhum de nós respondemos, pois, nosso foco estava nas mãos deles, os dedos entrelaçados. Lily parecia muito feliz e eu deveria estar feliz pela minha amiga, mas alguma coisa dizia que aquele cara não ia fazer bem para ela, eu sei que James é um idiota, mas todo mundo sabe que ele é um idiota, porém o Ludo se esconde atrás desse rostinho bonito.
-Bom, vou me deitar Lily, nos vemos amanhã. – Ele disse para ela e simplesmente a segurou pela cintura e deu um beijo na boca dela. Ele deu um beijo na boca dela! Eu abri minha boca e só não disse nada por que ouvi James resmungar algo atrás de mim no sofá e enfiar a cara numa almofada. Ludo subiu as escadas para o dormitório e novamente o silencio reinou na sala.
-Bom, eu vou me deitar... – ela disse saindo de fininho, nós ainda ficamos calado, chocados demais para dizer alguma coisa, me levantei num pulo largando os meninos ali e corri atrás dela no dormitório. Ela estava precisando de ajuda para abrir o zíper nas costas.
-O que foi aquilo? – Perguntei abrindo o zíper.
-Aquilo o que? – se fez de desentendida.
-Você e o Douchebag! – Ela me fuzilou com os olhos verdes.
-Não o chame assim! E eu te disse que estávamos namorando e bom, agora é oficial. – Eu me segurei na cama fingindo que ia cair, ela deu uma risadinha por causa da minha reação. Como ela poderia namorar um idiota como ele?
-Lily! – eu gritei porque eu não tinha palavras para expressar o quão idiota minha melhor amiga estava sendo.
-Eu gosto dele, Lene. – ela disse vestindo a roupa de dormir – ele é muito gentil.
-Ah, gentil? E o que mais?
-Ele é bonito, popular, inteligente...
-Inteligente? – Eu gargalhei – ele transformou um rato em uma colher!
-Muito inteligente! – Tentou ainda defender ele.
-A professora tinha pedido para a gente transformar em um cálice! Na aula de adivinhação, ele disse que estava vendo uma mulher na bola de cristal, mas era só o reflexo da Professora!
-Você não acredita em adivinhação, qual o problema? – Se fez de boba se deitando na cama pouco se importando com os meus surtos, me sentei na ponta da cama dela.
-Você é muito inteligente para ele, Lily.
-Boa noite, Marlene, vou descansar. – Ela me deu um chute me fazendo se levantar da cama e com um movimento da varinha a cortina dela se fechou. Ainda incrédula que minha amiga fosse tão idiota me deitei na minha cama e cochilei. Na manhã seguinte, durante o café da manhã Ludo se sentiu no direito de se sentar perto de nós e os dois ficaram de risadinhas a manhã toda me irritando, e pela primeira vez na minha vida eu quis ser da Sonserina simplesmente para poder ficar longe dessa palhaçada. James parecia que ia matar alguém, e eu não sabia dizer se ele estava triste ou irritado, talvez ambos, mas havia mais alguém que parecia que poderia matar Ludo apenas com os olhos. Severo estava sentado na mesa da Sonserina e olhava em direção a Lily e Ludo de uma forma realmente assustadora.
-Acho que a primeira guerra em Hogwarts vai acontecer por causa da Lily – Sirius se sentou ao meu lado enchendo a boca de pão ao falar.
-Ah, eu queria ser tão popular quando ela. – Falei fingindo inveja da minha amiga, na verdade, era um pouco frustrante ver o quanto Lily mexia com os rapazes e eu aqui, uma solteirona.
-E você, não é? Amos Diggory diria o contrário...
Eu me virei para ele rapidamente assustada. Como ele sabia? Tapei sua boca com minha mão enquanto ele dava risada.
-Como você sabe?
Ele resmungou alguma coisa e eu soltei sua boca.
-Filch sabe das suas caminhadas noturnas com ele?
Tapei sua boca de novo, ele tinha perdido o juízo só pode por falar aquilo alto.
-Cala a boca! – Ordenei, ele estava realmente se divertindo, soltei novamente sua boca e ele gargalhou.
-Relaxa, Marlene, sabe que eu nunca colocaria você em problemas. – Ele disse – Se você aceitar sair comigo.
-O que?
Ele sustentou o olhar sobre mim. Eu tinha entendido direito?
-É isso mesmo – Jogou um pedaço de pão na boca
-Não conto para ninguém sobre suas caminhadas se você aceitar sair comigo.
-Você não pode me obrigar a sair com você. – afirmei ficando nervosa. Ele ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços. – e como você descobriu?
-Não importa como eu descobri, importa é que você vai aceitar sair comigo. – Jesus!Como ele podia ser tão irritante, arrogante, insuportável? Como, em nome de Deus, Sirius Black conseguia ser tudo isso?
-Ok, por que não? Deve ser melhor do que fazer companhia ao Filch em uma detenção.
Comparar estar com ele com uma detenção com o Filch o incomodou e eu vi isso em seus olhos. De qualquer forma, ele insistiu para que eu o encontrasse a noite próximo ao lago, não pude negar que correr o risco de ser pega me deixou cheia de adrenalina. O dia se arrastou mais devagar do que eu queria, Lily estava feliz demais, James irritado demais e Sirius irritante demais como sempre. As dez horas eu me levantei nas pontas dos pés, as meninas estavam dormindo, coloquei um vestido qualquer, e desci nas pontas dos pés até a sala comunal.
-Você é pontual mesmo. – Resmunguei quando a encontrei vazia, olhei no relógio e bufei. Era para ele estar ali já. – Não acredito que... AAAH!
Sirius simplesmente apareceu do nada na sala, sei que ele não aparatou pois é impossível aparatar em Hogwarts então o que ele fez? Começou a gargalhar por ter me assustado daquele jeito.
-Seu idiota! Você quer me matar do coração? Qual seu problema?! – Me aproximei dele e dei dois tapas em seu ombro enquanto ele ria.
-Desculpa, Marls, mas não pude perder a oportunidade. – Ainda ria – você fica tão linda brava e mais ainda assustada. Bufei.
-Você é um idiota, sabia? E como você surgiu do nada na sala?
-Eu não surgi do nada, estava aqui o tempo todo. – Ele disse controlando a risada e jogando o cabelo para trás, eu o encarei confusa e então ele pegou do chão uma capa escura a erguendo.
Parecia um lençol muito fino que ao ser movida cintilava. Sirius enrolou a capa no próprio corpo e eu tive que tapar a boca com a mão para não gritar de novo.
-Você tem uma capa da Invisibilidade? – arfei impressionada.
-Bom, não é minha, é do James, mas pego sempre que quero. – Explicou, estiquei minha mão para tocá-la, era macia e leve, um tanto gasta, mas bonita. – É a melhor forma de não sermos pegos.
Ele a ergueu, eu estava tão empolgada por entrar debaixo da capa que nem notei que eu teria que basicamente andar abraçada com ele pelo castelo até chegarmos ao lago o que de fato não foi tão ruim, ele tinha um perfume gostoso, e mão dele na minha cintura me deixava arrepiada. Estava torcendo para que ele não percebesse isso. Por fim, nós descemos até o lago aonde tudo estava silencioso e só podíamos ouvir os barulhos das criaturas que ficavam ali, Sirius parecia não se importar com os ruídos da floresta como se já fosse acostumado com eles. Ele tirou a capa de cima de nós e por alguns segundos ficamos calados.
-Olhe para o céu. – Ele disse e eu olhei ficando impressionada com a beleza do céu sobre o lago, a lua brilhando sobre nós e aquelas estrelas brilhando intensamente. Mas havia uma em especial que brilhava mais intensamente do que as demais e eu pude reconhecê-la rapidamente.
-Sirius! – Eu disse, ele me olhou rapidamente.
-O que?
-Não, não é você. É a estrela, o nome dela é Sirius ou Canis Major. – apontei para ela e ele acompanhou meu dedo com os olhos, sorriu, como se não soubesse o que seu próprio nome significasse. A noite ali era realmente encantadora e nos dava um sentimento de paz e tranquilidade. – Então, é por isso que você traz todas as garotas aqui?
Ele piscou um pouco confuso com o que eu disse.
-O que? Eu não trago ninguém aqui. – Respondeu balançando o cabelo em seguida se sentando no gramado, eu também me abaixei sentando-me ao seu lado.
-Não traz? É um lugar muito bonito, não me surpreenderia se você trouxesse todas as meninas que você fica aqui para encantá-las.
Sirius sorriu de canto novamente me observando enquanto eu falava, na verdade, minha intenção era descobrir mais sobre ele, sobre o que ele realmente pensava das garotas que morriam por ele.
-Marls, você é a primeira e única garota que eu trouxe para cá. – ele falou levemente.
-Por quê?
-Bem, eu queria conversar com alguém. – aquilo não me convenceu nada. -Sirius Black, você praticamente me obrigou a vir com você então você vai me dizer o porquê disso tudo! – Afirmei segurando em seu braço. Ele jogou o cabelo escuro para trás e coçou a barba que estava por fazer.
-Tudo bem, você está certa, Marls. – Respondeu – Mas antes eu quero saber o porquê de você querer que eu vá passar o natal na sua família e ah não venha me dizer que sentiu pena de mim.
Ele me interrompeu antes mesmo que eu pudesse dizer algo. Suspirei.
-Não senti pena, Sirius, mas imaginei que você gostaria de ter algum amigo eu sei que você tem o James, o Remus e o Peter, mas eu não sei, simplesmente me preocupei com...
A frase morreu no meio da minha garganta, só de imaginar aquilo meu coração doía, mas ele continuou.
-Se preocupou que eu virasse um comensal? – Deu uma risadinha, eu balancei a cabeça levemente. Me assustava imaginar Sirius ao lado de... ao lado das trevas. – Marls, eu nunca me tornaria um comensal, nunca machucaria pessoas por prazer.
-Eu sei, mas me preocupei, Sirius, sabe, éramos amigos até você e James começar a encher nosso saco. Ele gargalhou alto. Eu preferi lembrar de quando éramos pré-adolescentes do que quando ele meu deu um chute, era menos humilhante.
-Além do mais, demorou muito para meu cabelo crescer tá? – Falei lembrando da vez em que ele cortou meu cabelo no quarto ano para colocar em uma poção.
-Desculpe, Marls – ele ainda ria – James e eu demoramos um pouco para amadurecer. E aonde é que seus pais moram?
-Em Bristol – falei – você vai gostar de conhecer um pouco do mundo trouxa.
Ele franziu o cenho sem ter certeza se realmente gostaria o que me fez dar risada porque seria realmente legal mostrar meu mundo para alguém que não fazia ideia do que era uma torradeira, por exemplo.
-Vamos, Sirius, vai ser legal. Veja, estou abrindo mão de odiar você por alguns dias. – tentei soar o mais legal possível, ele pareceu pensar no assunto.
-E o idiota do Amos Diggory também vai?
-Por que iria? Ele também é mestiço como eu. – Ele não pareceu surpreso ao saber disso. – Você vai conhecer minha mãe, meu pai e a...
-Sua cachorrinha?
-Como você sabe que eu tenho uma cachorra? – ele ficou um tanto pálido.
-Ah, eu ouvi você falando uma vez com a Lily. Mas, me diga, o que seus pais fazem?
-Meu pai é dentista e minha mãe professora. – Respondi naturalmente, mas ele fez uma cara tão engraçada que eu não aguentei.
-Seu pai é o que?
-Dentista. Sabe, ele cuida dos dentes das pessoas.
-Por quê? E isso é perigoso?
-Porque os dentes precisam de cuidados também, e não é perigoso, mas é muito bem visto pelos trouxas já que exige muito estudo.
Ele balançou a cabeça como quem estava entendendo.
-Então é por isso que você tem um sorriso tão bonito?
Ele fixou os olhos nos meus e eu me desmontei por inteira, não tenho dúvidas de que fiquei vermelha como uma pimenta. Tive que desviar nossos olhos porque eu realmente fiquei sem
falas, encarei o lago a nossa frente e pensei em dizer algo que o fizesse parar de me olhar daquela forma, mas a noite estava tão agradável que eu não queria brigar com ele.
-Eu nem sempre tive um sorriso bonito, nem sempre fui bonita. Antes de vir para Hogwarts, antes de saber que eu era uma bruxa meus amigos me chamavam de dentuça e varinha, porque eu sempre fui magra.
-Varinha? Deveria ser um apelido. – ele parecia realmente chocado com o fato de alguém um dia ter me insultado pela minha aparência.
-Lily foi minha primeira amiga de verdade, foi em Hogwarts que eu aprendi a ter amigos, a ser feliz.
Uma série de lembranças se passaram na minha cabeça naquele momento desde o primeiro dia em Hogwarts até ali, imaginando como seria depois que terminássemos a escola, o que eu faria. Definitivamente eu não iria querer voltar para o mundo dos trouxas. Sirius também parecia perdido em suas lembranças.
-James foi o meu melhor amigo desde antes de entramos em Hogwarts. Famílias de Bruxos puros sangues normalmente estão ligadas umas as outras.
-Sério?
Ele balançou a cabeça.
-Mas Peter e Remus eu conheci aqui, Remus foi o mais difícil de se aproximar, mas acabamos virando grandes amigos. James é como meu irmão.
Quando ele falou em irmão, senti um tom de tristeza em sua voz e tenho certeza de que ele estava se lembrando do irmão mais novo. Pensei em não comentar nada, pensei em não dizer
nada, mas não foi necessário pois ele mesmo se pôs a falar.
-Eu queria que Régulo tivesse encontrado pessoas tão boa quanto eu tive a sorte. – falou – eu nem sei aonde ele está.
Sem saber o que dizer, apenas toquei em seu ombro.
-Espero que ele esteja bem.
-Ele é esperto, e logo tudo isso irá acabar. Todas essas mortes, todas essas perdas... – tentei ser o mais otimista possível, mas não pareceu funcionar muito bem, Sirius se virou para mim com um sorriso. A camiseta dele estava com os três primeiros botões abertos, o que me dava livre acesso para ver suas tatuagens, pelo que eu entendi de algumas, eram símbolos de alguma coisa, mas sendo símbolo ou não o deixavam muito mais bonito. Tomei a liberdade de deitar minha cabeça em seu ombro, sentindo seu perfume, ele esteve fumando porque pude sentir o cheiro de nicotina.
-Sabe, Marls, eu sou sim o galinha que você diz que sou. – ele falou – mas simplesmente porque nenhuma garota é como você.
Eu respirei fundo tentando não me mexer. James tinha me dito, tinha dito que ele era apaixonado por mim e eu deveria ter acreditado nele. Levantei o rosto levemente, a centímetros de distância do dele.
-Feche os olhos, Sirius. – pedi, ele deu uma risadinha – é sério.
-Ok. – E ele obedeceu, eu nunca fiz isso antes, nunca tomei a iniciativa de beijar alguém antes então me inclinei levemente e fechei meus olhos. Senti os lábios dele sobre os meus, uma sensação gostosa percorreu meu corpo me deixando com a sensação de estar flutuando. Não demorou muito para ele segurar em meu rosto levemente, sua língua me invadindo de forma sedenta, nosso beijo passou de um selinho para uma necessidade de estarmos mais e mais juntos em pouco segundos. Quando dei por mim, já estava deitada sobre a grama e ele sobre mim, me beijando, me tirando o folego. Seus lábios desceram pelo meu pescoço de forma leve e suave, como já foi antes, e nesse momento eu não estava pensando em mais nada a não ser nas mãos dele pelo meu perco, nos lábios dele em meu pescoço. Minha mente dizia que eu tinha que parar, precisava pará-lo, mas droga, era tão bom. Sirius Black, o garoto problema, um galinha, beijava tão bem, sabia aonde me tocar, como tocar. Eu não queria pará-lo! Contudo, o meu subconsciente falou muito mais alto me alertando dos perigos, não de ser pega, não de uma detenção, mas de me entregar completamente para Sirius Black e ele tornar a me ferir novamente, eu não sou o tipo de garota que teme o perigo, muito pelo contrário, adoro correr riscos, mas Sirius Black era e sempre seria a minha maior fraqueza.
-Sirius, para, por favor. – falei baixinho, ele me olhou confuso, seu corpo sobre o meu.
-Eu fiz alguma coisa? – perguntou.
-N-ão, você está sendo perfeito – eu o empurrei levemente me levantando, minhas pernas estavam bambas. Ele fez o mesmo. – É que...
-Marlene Mckinnon, quando eu ouvi dizer que você era uma mentirosa eu não quis acreditar, mas o que meus olhos acabaram de presenciar afirma tudo!
Sirius e eu nos viramos e lá estava Amos Diggory, encostado a uma arvore.
-Amos? O que você está fazendo aqui?
-Diga a ela, Sirius. – ele falou rapidamente e eu o encarei – diga a Marlene o que você me disse.
-Eu não te disse nada! – grunhiu Sirius irritado.
-Bom, se você não diz, eu digo. Está aqui. – Ele me estendeu um pergaminho, um papel pequeno. Eu abri para ler o conteúdo e quase não acreditei.

"Se você acha que é o único que está pegando a Mckinnon, está engando. Apareça no lago as dez e meia e você verá que ela não passa de só mais uma.

S. B."

Ergui meus olhos sem saber o que pensar, no que pensar. Amacei o bilhete contra o seu peito o empurrando.
-Seu babaca! – Eu poderia ter xingado ele muito mais se lágrimas não tivessem se formando em meus olhos naquele momento, mas eu nunca choraria na frente de Sirius Black, ainda mais por ele. Não consegui encarar Diggory então larguei os dois ali e fui andando pelos corredores do castelo enquanto não conseguia conter as lágrimas. Idiota! Idiota! Era tudo o que minha mente dizia sobre mim mesma. É claro que ele iria querer isso, esfregar na cara de qualquer um que esteve comigo, que me tinha na palma de sua mão. Já não bastava o que ele fez comigo antes, agora ele queria brincar comigo novamente. Estava tão confusa que mal notei que tinha algo a minha frente. Trombei e caí de bunda no
chão, quando ergui os olhos não acreditei que minha cota de humilhação naquela noite poderia aumentar.
-Ora, ora! O que temos aqui? – Belatriz sorriu maldosa me olhando de cima, tratei de secar as lágrimas que estavam em minhas bochechas e me colocar de pé. Snape estava com ela, rapidamente guardou um pedaço de pergaminho dentro de um pequeno livro de poções. – Você não enxerga por onde anda?
Eu poderia ter dado outro soco na cara dela, mas aquela noite já tinha atingido o limite, tentei passar, mas com aquelas mãozinhas finas e dedos longos segurou meus ombros parando a minha frente
-Está chorando? O que pode ter acontecido a linda Marlene Mckinnon para estar chorando?
-Sai da minha frente, Bela. – tentei mandar, mas minha voz saiu mais como um pedido o que a fez gargalhar alto.
-Ah não – ela tirou a varinha do bolso e eu rapidamente tateei meu corpo e descobri que deixei minha varinha no dormitório, bom, mesmo assim permaneci com o rosto erguido enquanto ela colocava a ponta de sua varinha contra meu queixo, um pouco abaixo. – Vamos terminar o que
começamos no trem? O que você acha, sangue ruim?
Meu sangue ruim ferveu e eu a empurrei para longe sendo rapidamente estuporada. Senti o impacto quando atingi a parede atrás de mim, minhas costas doíam, não percebi de início o que tinha acontecido, mas ela gargalhou alto enquanto eu ainda tentava controlar a dor do impacto.
-Sectum...
-Belatriz, não! – Snape finalmente abriu a boca e segurou o braço dela antes que ela terminasse de falar. Mas ela simplesmente o empurrou para o canto, ainda dando gargalhada.
-Não seja estupido! – grunhiu entre risadas – essa sangue ruim vai ter o que merece! Sectumsempra!
Ela gritou com fervor e eu fiz o mesmo em seguida quando senti meu corpo ser cortado por uma espada que o rasgou no meio, minha garganta ardia com meu grito, mas nada se comparava com a dor dilacerante que senti em meu peito de forma alucinante, ousei com pouca força olhar para minha barriga e minha roupa estava ficando completamente encharcada de sangue. Que feitiço era aquele? O que era aquilo que eu nunca tinha ouvido antes me cortando como uma espada? Ela estava parada com os olhos arregalados como se não soubesse o que tinha feito e eu achei que fosse morrer quando minha vista começou a ficar turva, eu não tinha força na voz, meu corpo tremia e eu sentia muito frio.
-O que você fez! – foi a fraca voz de Snape que parecia estar soando cada vez mais longe, ele a empurrou para o lado correndo até mim, se abaixou e ergueu sua varinha. – Vulnera Sanentur... Vulnera...
E eu apaguei.

Hogwarts, 1978. ( CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora