Meus pés vacilaram e eu achei que ia cair, mas Sirius me segurou. Encarei a foto em minha mão, não, não era possível. Eu não tinha esses traços... não tinha nada desse homem, mas porque, porque minha mãe teria escondido isso de mim a vida toda Ela já havia conhecido um bruxo e nunca
me disse nada, a não ser que ele nunca tenha contado para ela... não, seria coincidência demais. A minha cabeça começou a doer com a quantidade de coisas que se passaram por ela em questão de segundos, me deixando confusa e eufórica ao mesmo tempo.
-Hey, love, calma. – Sirius tentou me acalmar – vamos subir, eles devem já estar procurando a gente.
-Mas Sirius, como eu vou poder encarar ela? – Perguntei irritada, irritada porque minha mãe e eu nunca tivemos segredo algum e agora de repente eu descubro isso. Como eu poderia encarar ela?
-Você precisa ficar calma, poderá conversar com ela quando todos forem embora.
Aquilo pareceu fazer todo o sentido e então tentei manter o autocontrole e guardando a foto em meu bolso, Sirius e eu subimos. Todos estavam ao redor da mesa trocando presentes, eu não tinhamais humor para aquilo e por mais que tentasse, simplesmente não conseguia parar de pensar na foto no meu bolso, na história daquele homem. Meu tio me deu um colar, minha prima um vestido, meus pais foram, mais generosos e me deram uma Firebolt 1979. Obvio que o restante da minha família não entendeu aquilo, mas como sempre, eu não estava me importando muito com a opinião deles. Isso me animou um pouco, apesar de eu saber que ano que vem eu não estaria mais na equipe de quadribol em Hogwarts, mas ainda haveria o campeonato esse ano e a nova Firebolt 1979 era extremamente rápida. Meus avós também me presentearam com um lindo par de saltos altos que eu usaria com o vestido que minha prima me deu, e a noite foi agradável até então, Sirius também recebeu presentes dos meus pais, mas eu queria poder dar algo muito mais especial, algo que eu sabia que ele iria amar.
-Preciso que você venha comigo – Pedi segurando sua mão, ele olhou para os meus pais desconfiado e sorriu, eles sorriram de volta. Papai havia me ajudado, é claro, eu lhes contei o que Sirius passava com a própria família e isso fez com que os dois se sentissem na obrigação de acolhê-lo como se já fosse da nossa família.
-Vamos para a garagem de novo? – Perguntou em um tom safado, dei um tapa em seu ombro.
-É seu presente!
Ele gargalhou e nós descemos as escadas com papai e mamãe atrás de nós, também ansiosos. Sirius fechou os olhos e eu tive que guiá-lo enquanto ele ficava fazendo piadas. Ah, ele sabe como melhorar o meu humor. Paramos no centro da garagem, aonde estávamos antes. Um pouco ao lado do carro o presente dele estava guardado embaixo de um lençol grande. Retirei o pano subindo poeira para os lados.
-Pode abrir!
E ele abriu os olhos quando eu gritei empolgada, mas ele ficou confuso. Obviamente, não queria demonstrar decepção, mas eu deveria esperar por essa expressão mesmo. Dei risada enquanto Sirius encarava a moto tentando descobrir sozinho o que era aquilo. Um monstro grande, preto, com duas rodas.
-É uma motocicleta! Papai havia guardado para mim, mas como ele sabe, eu curto vassouras. – Papai deu risada – então consertamos para você, acho que combina mais.
-Marls... eu, eu não sei o que dizer... – Ele se aproximou agora tocado no guidom da motocicleta – Eu já havia visto uma dessas em fotos em umas revistas...
Ele parou de falar
-De mulher pelada, obvio. – Conclui e ele balançou os ombros.
-De qualquer forma, é maravilhosa, Marls, tá brincando! Ela é perfeita. – Um peso saiu dos meus ombros, eu por um minuto achei que ele não ficaria completamente feliz com a moto. Eu já conseguia imaginá-lo andando com por Hogsmeade, enquanto todos os bruxos o olhavam espantados. Sirius parecia estar sonhando, admirando cada detalhe da moto com um sorriso de orelha a orelha.
-É uma cruiser... – Comecei a falar, mas os lábios dele contra o meu me interromperam. Sirius me girou no ar gargalhando. Depois me soltou e abraçou meus pais, animado demais subiu rapidamente em cima da motocicleta. E eu subi na garupa passando meus braços em volta da cintura dele.
-Você sabe como pilotar? – Perguntou papai um tanto nervoso comigo ali, Sirius sorriu de canto arrogante, acelerou a moto soltando um barulho alto, o que deu a entender que sim, ele sabia como fazer. Acho que meu namorado tem mais segredos do que eu imaginava. Nós saímos da garagem tão rápido que eu mal percebi, Sirius pilotava perfeitamente e parecendo muito satisfeito com o brinquedinho novo. Cortamos as ruas de Bristol quase como vultos na moto veloz, eu sentia o vento forte contra meu rosto, então deitei minha cabeça em suas costas fortes, encostando minha bochecha em sua jaqueta de couro, sentindo seu perfume, seu cheiro, mesmo a foto no meu bolso naquele momento não era capaz de me fazer se sentir mal, porque o homem que eu amava estava ali comigo. Sirius parou em uma praça, já estava escuro, e o local vazio, mas tínhamos as nossas varinhas conosco.
-Fico feliz que realmente tenha gostado do presente – falei, ele olhou para a moto e sorriu.
-Eu amei, mas significa muito mais porque veio de você – ele segurou minha mão e me puxou para um abraço. Paramos em frente a um lago, o lago que eu ia quando era criança. Quando eu não fazia ideia de quem eu era. – Mas não pense que eu esqueci o seu presente.
Ergui os olhos para ele.
-Não quero nada, Sirius. – Respondi sinceramente – Na verdade, estou feliz de estar aqui com você.
-Marls? - Ignorou o que eu disse.
-Sim
-Você é realmente feliz comigo? – O tom de voz era sério, bem diferente do que eu já estava acostumada com ele. Sorri, porque eu nunca fui tão feliz na minha vida.
-Claro que sim