Droga! Droga!
Onde estou? Onde estou? Direita ou esquerda? Preciso voltar para ver Marlene... Dorcas, onde está Dorcas? Não acredito que vamos morrer na floresta por um lobisomem. Droga! Um arbusto se moveu e eu virei a cabeça rapidamente tentando enxergar nessa escuridão, lágrimas desciam pelo meu rosto enquanto eu tentava encontrar o caminho de volta até Marlene, mas também precisava encontrar Dorcas, ela estava do meu lado e de repente sumiu. Continuei
caminhando após perceber que o barulho foi o vento que causou, enrolei mais a capa do uniforme contra meu corpo porque me dava uma falsa sensação de segurança. Eu deveria ter ficado em Hogwarts, nós deveríamos ter ficado, que ideia de jerico ter vindo atrás dos meninos e agora estamos aqui, as três perdidas, Marlene desmaiada, e um lobisomem atrás de nós. Bom, ao menos tenho minha varinha, e que espetacular, nunca lutei com ninguém antes e a primeira vez será com um lobisomem. Um lobisomem, um homem amaldiçoado, nasceu ou foi mordido por alguém, uma pessoa que mata sem saber o que está fazendo, como eu poderia atingir alguém dessa forma?Continuei caminhando, já se passaram quanto tempo? Trinta minutos? Uma hora? De qualquer forma, sinto como se eu não estivesse sozinha, e até ouvir passos percebi que não estava mesmo. Gritei quando aquela galhada enorme saiu de trás de uma arvore, achei que fosse o lobisomem, mas era um veado, um grande e enorme veado parado me olhando como se também fosse me atacar e me ocorreu que talvez ele também estivesse com medo do lobisomem.
-Ah, olá, você me deu um baita susto. – Falei, idiota, é isso que dá entrar na floresta a essa hora. Minha voz engasgou – Sabe, eu tô sozinha aqui então não faz isso tá?
Me aproximei dele, era manso, passei a mão na cabeça dele entre os enormes galhos e desatei a chorar, querendo estar de volta ao castelo, querendo encontrar Marlene e Dorcas, querendo que James estivesse aqui! Idiota, por que eu sou tão estupida? Aceito entrar em uma floresta no meio da noite atrás dele, mas não consigo dizer a verdade?
-Eu só quero encontrar minhas amigas – tornei a falar, o veado então deu um passo para trás passando por duas arvores, ok, entendi, ele não quer uma chorona perto dele. Me sentei em uma pedra ainda em lágrimas, mas notei que o animal continuava ali parado me encarando com os olhos escuros, a pelagem bege, ele fez um aceno com a cabeça para o outro lado?
-O que? Você quer que eu te siga, é isso? – Ele balançou a cabeça novamente, agora eu falava com veados. – Ok.
Me levantei, eu estava péssima, meus joelhos estavam ralados e meus cabelos desgrenhados. Segui o veado por mais alguns quilômetros e ele me levou de volta ao buraco embaixo do salgueiro lutador.
-Não, preciso voltar e encontrar minhas amigas! – Falei firme, e ele me olhou de uma forma como se fosse me atacar com aqueles galhos, pela primeira vez na noite tive medo daquele animal. Ele bateu as duas patas dianteiras no chão com força.
– Preciso encontrar Marlene! Ela está desmaiada em algum lugar da floresta. Se aquele monstro...
E então o Veado veio para cima de mim, não de forma brutal como se fosse me atacar, mas me empurrou com seus grandes galhos para dentro do buraco e eu caí no final, de joelhos, machucando-me ainda mais e logo em seguida ele fez o mesmo, agilmente, entrou na casa dos gritos e correu corredor adentro de forma rápida, eu mal tive tempo de se levantare chegar até o quarto quando James Potter saiu, só de calça ajustando o cinto, enquanto carregava uma camiseta na outra mão. Isso mesmo, James Potter simplesmente apareceu na casa dos gritos nu. Gritei espantada e ele rapidamente colocou a mão na minha boca.
-O que você está fazendo aqui?
Eu não encontrava a minha voz.
-Você perdeu o juízo? O que você queria na floresta a essa hora da noite, colocando a si mesma em perigo? Você já pensou no que poderia ter acontecido com você, Lílian? Por que você tem que ser tão estupida?
Ele não falava, mas gritava. De repente minha garganta deu um nó e eu não aguentei, tornei a chorar, chorei porque ele estava certo, como eu pude ser tão estupida? Agora minhas amigas podiam estar mortas... e...
-Calma, vem cá! – Ele me abraçou – Só não iria suportar se algo acontecesse com você.
-Eu só... só... – lágrimas e lágrimas que me impediam de falar – eu só queria saber o que vocês fazem fora do castelo... Nós seguimos vocês até aqui e... espera, aonde está o veado?
-Que veado?
Me soltei de seus braços entrando no quarto, estava vazio. Ele nunca teria passado pela portinha com aqueles galhos enormes. James acabara de colocar a camiseta branca e me encarar por trás dos óculos redondos.
-Tinha um veado, ele me trouxe até aqui... a princípio achei que fosse o meu patrono, mas depois lembrei que meu patrono é uma corça e...
Percebi que estava tagarelando demais, isso porque estava apavorada.
-Espera, o seu patrono é uma corça? – Ele quis saber.
-Sim, sempre foi uma corça, desde o princípio – James deu um sorriso de canto. – Mas o que isso tem de significante?
-O meu é um veado. – A resposta dele foi clara o suficiente para nos deixar calados por alguns instantes. Engoli em seco, James se aproximou e isso me trouxe de volta a realidade.
-Precisamos voltar, precisamos encontrar Dorcas e Lene... – Ele me segurou – preciso voltar, James, e o veado...
-Lily!
-Não! Eu vou voltar a procurar por elas! – Afirmei e ele soube que não iria conseguir me impedir – Eu preciso encontrá-las, James.
-Lily, nós vamos voltar, mas antes, você precisa saber.
A voz dele assumiu um tom sério que eu nunca tinha ouvido antes sair da boca de James Potter. Achei que ele ia fazer algum tipo de piada, mas a forma como me olhava mostrava que a situação era mais séria do que eu mesma havia imaginado, como se essa noite pudesse ficar pior. Ele ainda segurava meus antebraço com as duas mãos, me forçando a encará-lo. Passou rapidamente a língua nos lábios antes de tornar-se a falar.
-O lobisomem é o Remus. – Disse rapidamente, um minuto de silencio e então eu gargalhei.
-Não é hora de piadas, Potter. – Tentei me soltar.
-Não estou brincando! Remus é o lobisomem, sempre foi. – Disse firme – Por isso você não pode machucá-lo porque ele não sabe o que faz.
Levei consideráveis minutos para decidir se eu deveria ou não acreditar em James, se ele estava querendo me fazer de boba, querendo pregar uma peça em mim, querendo me fazer se arrepender de ter ido atrás dele naquela noite, mas a expressão dele continuou séria.
-Se você sabe que Remus é um lobisomem, por que vocês vêm até a floresta na noite de lua cheia?
Rá. Lá estava a expressão de confusão, de alguém perdido para conseguir encontrar uma resposta. Novamente ele engoliu em seco limpando os lábios.
-Bom, porque nós também nos transformamos... – ele disse e eu imaginei James como um lobisomem – O veado que você viu, era eu. Eu sou um animago, Lily.
Esperei alguns segundos até que ele começasse a rir da minha cara.
-Eu já falei que não é o momento para piadas. – Disse tentando manter minha voz.
-Não estou brincando, eu já disse! Remus é um lobisomem, sempre foi desde criança, Sirius, Peter e eu quando descobrimos, aprendemos a nos transformar em
animago para poder ficar com ele. Estávamos no quarto ano.
Toda aquela informação foi despejada em cima de mim de forma cruel, eu ainda não sabia se James estava falando sério ou brincando com a minha cara, de qualquer forma era uma história interessante, e explicaria o desaparecimento súbito do veado.
-Sirius é um cachorro e Peter um rato, e como você viu, eu sou um veado.
Podemos assumir a formas desses animais desde que tínhamos quatorze anos para poder ficar ao lado de Remus e
impedir que ele fosse até o castelo... Mas não imaginávamos que vocês viriam até aqui.
-Como podem ser animagos? O ministério...
-O Ministério não sabe, Lily. – Afirmou e eu finalmente estava começando cair no
papinho dele – ninguém sabe, nunca souberam. Por isso que eu te peço, aconteça o que acontecer, não machuque Remus, ele não sabe o que faz.
-Eu não...
-E precisamos encontrar Marlene e Dorcas, ele nunca se perdoaria... – E antes que eu pudesse decidir se realmente acreditava naquilo ou não, James segurou na minha mão e me puxou de volta para a floresta, dessa vez com a varinha na mão.