Capítulo 60 - Homicida

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— Eles o levaram para outro lugar, está na cara — Dan subia pela floresta apressado, observando Ratazanas caminhar com dificuldade — O garoto nunca foi enterrado no cemitério, pois eles temiam que no futuro pudesse haver uma exumação, por isso o cadáver de Charles não está aqui.

— Garoto, não se meta nisto.

— Junte as peças Ratazanas — parou um momento para respirar — Ninguém viu o cadáver, o padre teve pressa em fazer o enterro, e desde aquela época Cotton se tornou seu homem de confiança. Ouse questionar: Por que a pressa do velho para por fim a tudo antes do bispo chegar? Por que não permitiram a abertura do caixão? Por que não queriam que vissem o cadáver de Charles? Você mesmo disse que a desculpa sobre a aparência do corpo sufocado era uma mentira.

— Então você concorda com minha teoria?

— Sobre nunca ter havido um suicídio? Sim. — Dan fixou-o respirando fundo. Ratazanas não conseguia caminhar rapidamente — Algo aconteceu nas masmorras, e é isto o que Charles tenta mostrar. Tudo foi uma grande mentira contada por eles, o garoto foi assassinado.

— Um escândalo — o velho parou um momento, tentando recuperar o fôlego. — Isto seria um escândalo se viesse à tona.

— Céus. Agora compreendo o motivo para o padre temer o passado. Esses malditos nunca se importaram com Saint-Michel, eles estavam pensando em si mesmos, no crime que cometeram. Eles estão com medo pelo que houve, eles mataram o filho de Widmore e Cotton precisa confessar o que fizeram com o cadáver.

— Espere um minuto. Então você está pensando em confrontar aquele doente?

— E há outra forma? — Dan retomou os passos.

— Mas o seu irmão estaria correndo perigo.

— Jeremy é mais forte do que aparenta. Ele vai ficar bem — retrucou, mesmo sem saber se confiava realmente naquilo — Tudo ficou bem até agora, não foi? — olhou para trás, para o caminho que levava a horta. No fundo sentia que tudo aquilo tinha uma ligação, e lembrou-se das palavras do bispo sobre sempre haver uma saída. Lembrou-se também de Jeremy, das coisas que lhe dizia, e de Flor de Lis e seus conselhos. — Ele quer que descubramos esta verdade, é por isso que nunca conseguimos fugir daqui. Charles quer que toda a mentira seja passada a limpo, e como vê, agora temos uma prova — apontou para o cemitério — É preciso expôr Cotton na frente do bispo. É preciso fazê-lo confessar.

— Não garoto. Cotton é uma serpente, ele nunca dará o braço a torcer.

— Se não der o braço a torcer, a gente quebra o braço dele — ofegou, retomando os passos — Meu Deus, como eu nunca refleti sobre toda esta história? É por isso que Cotton nos detesta, porque nossa presença o faz se lembrar do que fez, se lembrar do meu tio, e automaticamente dos motivos que o levaram a matar o garoto.

— Então, você está decidido em tentar algo?

— E como não? — Dan fez outra pausa, estavam à margem da floresta e a construção de pedras já era visível com as várias janelas projetando luzes acesas — Ele está com Jeremy na mira de um punhal. Cotton envenenou o diretor e tentou fazer o mesmo conosco horas depois. Alex Cotton precisa ser parado.

— Você está louco. — Ratazanas olhou para as várias janelas. Se descer à horta fora assustador, voltar ao monastério era pior. — Eu... não vou confrontar aquele homem. Eu vou embora deste lugar. — passou à frente, dando-lhe um cutucão — E agora, diga-me de uma vez, onde está minha caminhonete.

Dan pensou um momento, olhando para a floresta. A caminhonete era a única forma de saírem dali, e Ratazanas não podia ir embora sem Margô. Ele tinha um plano.

O Exorcismo de Marlon Gayler [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora