Passar por portões de aeroporto nunca tinha sido tão doloroso. Tentava pensar em algo que me acalmaria naquele momento de euforia total, mas, a única coisa que eu podia escutar era o choro da mamãe e a voz de uma moça indicando o horário dos voos. Neste exato momento, eu estou esperando meu voo ser anunciando junto com alguns amigos meus e a mamãe. Amigos esses que eram Elisa, Malu e Felipe. Minha mãe não parava de chorar desde o momento que saímos de casa até agora. Meu coração apertava, mas eu e ela sabíamos que era por uma boa causa. Fazer intercâmbio sempre foi meu sonho desde novinha. Sempre sonhei que a minha vida seria igual aqueles típicos filmes americanos clichês, onde eu seria a aluna prodígio e me apaixonaria pelo popular e capitão do time de futebol da escola. Hoje sei que a história não seria bem assim, mas ainda sim, eu esperava coisas boas dos Estados Unidos.
Eu passaria um ano nos Estados Unidos na cidade de Omaha, em Nebraska. A família que havia me escolhido era a família Maloley. Eu esperava de verdade que tudo ocorresse bem e que eu me adaptasse à toda a cultura de lá, porque sei que não é nada igual à do Brasil.
— Voo com destino à Estados Unidos na cidade de Omaha no portão de embarque 3. — Ouvi a voz da moça anunciar o meu avião e eu suspirei, me levantando daquela cadeira e olhando pra todos que estavam ali comigo.
A primeira pessoa que abracei foi minha mãe. Ela se acabou em chorar no meu ombro e aquilo apertou o meu coração de uma forma terrível.
— Se cuida, Clarice. Sem falar palavrão na casa dos outros, não esquece de passar a sua pomada nas costas por causa da sua alergia, não bebe, não fume, não engravide e se comporte. — Ela disse se afastando e apertando meus ombros. Ri com toda aquela insinuação.
— Fica tranquila, dona Eloá. Eu vou me cuidar. — Eu sorri e pude ver minha mãe retribuir o sorriso.
— Eu te amo, minha filha. Se cuide. Não esqueça de me ligar todos os dias e me contar tudo. Se fizerem qualquer coisa de ruim com você, pode me mandar mensagem que eu pego um voo na hora e meto a porrada naquele povo.
— Mãe! — A repreendi.
Abracei Elisa e Malu com força. A saudade que eu sentiria dessas meninas era sem comparação.
— Espero que você quique muito naqueles pênis gigantes dos gringos. — Malu apertou meu rosto e eu neguei com a cabeça.
— Eu também espero. Nada de ficar socada dentro de casa igual uma louca. Passe uma boa impressão! — Foi a vez de Elisa de falar.
— Vocês são podres. — Neguei com a cabeça antes de abraça-las com força. — Eu amo vocês.
— Também te amamos. — Elas me apertaram.
Abracei Felipe por último e senti ele deixando um beijo no canto da minha boca. Felipe era um amigo de infância meu que sempre teve uma "quedinha" por mim, mas até hoje nunca aceitou que não era recíproco. Chegava a ser chato, mas eu sentiria falta de todas as palhaçadas dele.
Novamente, a moça fez um último aviso sobre o voo e eu mandei um beijo pra cada um que estava comigo antes de sair correndo para entrar no avião. Agradeci à Deus que eu já tinha despachado as malas e que eu não me atrasaria e logo entreguei minhas passagens para a moça que estava na porta da entrada do avião. Entrei dentro do mesmo e logo busquei meu lugar na janela.
Eu estava em pânico. Era a primeira vez que eu viajava sozinha e eu estava indo fazer um intercâmbio de um ano com uma host family que eu ainda não tenho tanta afinidade. Será que eu vou me adaptar bem e eles vão gostar de mim? Meu Deus, são tantas perguntas.
Prefiro não pensar muito e apenas curtir enquanto eu não chego na minha nova casa.
Conecto meus fones no celular e coloco em uma playlist qualquer. A melodia calma de Let Her Go de Passenger acalmava meu corpo. Em poucos minutos o avião já estava decolando. Eu fiquei impressionada com a beleza que era o céu e todo mar que passava pela pequena janela do avião. Era tudo tão lindo. Eu estava completamente apaixonada.
Eu não sabia o que esperar dessa viagem, mas continuava com os pensamentos positivos.
•••
A viagem foi longa mas quando menos percebi, já havíamos pousado. Saí do avião e quando cheguei até o aeroporto, peguei as minhas malas e me sentei na praça de alimentação. Meu estômago roncava por algo e fui até um Starbucks que havia ali, onde eu pedi um sanduíche qualquer e um suco. Quando meu pedido chegou, recebi uma mensagem da minha nova Host Mom dizendo que já estava à caminho. Devorei tudo rapidamente e logo deixei o dinheiro em cima da mesa, saindo dali às pressas até a porta do aeroporto.
Em alguns minutos ela chegou. Ela parecia ter em torno dos 50 anos de idade. Seus cabelos eram curtos e ela era um pouco mais baixa que eu. Parecia ser muito simpática.
— Oi, minha querida. Seja bem-vinda. — Ela me abraçou e eu retribuí.
— Obrigada por estar me recebendo, senhora Maloley. — Eu sorri.
— Oh, por favor. Me chame só de Kami. — Ela sorriu e eu assenti.
— Certo, só Kami. — Sorri e ela riu.
— Quer ajuda com as malas?
— Sim! Por favor.
Kami me ajudou com as malas e logo já estávamos dentro do carro, indo em direção à casa que eu ficaria no próximo um ano. Era muito estranho, mas ao mesmo tempo, muito empolgante.
Vai ser um experiência incrível.
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𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. ✓
Fanfictionna qual clarice faz um intercâmbio em Omaha e a família Maloley a acolhe como sua host family. ⚠️: NÃO aceito adaptações.