33 | CLARICE.

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Eu e as meninas rimos enquanto damos palpites de como seria a noite hoje enquanto Lox dirigia seu carro. Um rap toca na rádio e só nos agitava ainda mais pra aquele rolê. Eu estava animada, confesso.

Hoje era o último dia de Marilu e Elisa aqui. Amanhã mesmo Kami e eu iríamos as levaria no aeroporto. Só de lembrar disso, eu sentia meu coração apertar. Esse final de semana que vivi ao lado delas tinha sido perfeito e assumo que talvez eu não estivesse preparada pra dar tchau mais uma vez. Tudo bem que eu já estava totalmente acostumada e adaptada com tudo isso, mas eram minha melhores amigas. Mesmo estando com elas ainda do meu lado, já estava sentindo saudades. É exatamente por isso que eu quero que a noite de hoje seja inesquecível.

Estamos nesse momento dirigindo pra um racha que os meninos haviam nos chamado. Isso mesmo, para um racha. Quando Nathan me enviou mensagem nos convidando, eu fiquei desesperada. Nos filmes parecia ser muito foda, mas na realidade eu sabia que era bem diferente. Essas brincadeirinhas sempre terminavam com polícia ou alguém baleado. Gostava de adrenalina, mas adorava a minha vida e não estava afim de passar o resto dela numa prisão pra menores ou coisa do tipo.

Finalmente chegamos ao lugar e todas nós saímos do carro. De longe, pudemos avistar os meninos encostados em um veículo com bebidas na mão enquanto conversam. Aquele lugar estava lotado. Havia muitas mulheres quase semi-nuas, com roupas que mostravam bem seu corpo e homens de diversas idades. Respirei fundo e ajeitei a barra do meu vestido que estava subindo antes de andar com as meninas até os garotos.

Todos nós nos cumprimentamos e Sammy já veio agarrar no meu pescoço. Dou um sorriso forçado e roubo a cerveja de sua mão, dando alguns goles.

— Tu tá gostosa demais, Clarice — Sammy dá um tapa fraco na minha bunda. — Não vou nem te falar o quê eu tô querendo fazer com esse vestido.

— Nada — Sorrio. — Ele é caro e você não vai relar a mão.

— Ui, está de TPM? — Ele brinca e eu reviro os olhos, impaciente.

— Acha mesmo que mulheres não tem emoções normais e estão sempre felizes, com um sorriso no rosto? — Pergunto sem o olhar, ainda bebendo da sua cerveja.

— Eu sei lá, porra — Ele toma a cerveja da minha mão. — Só quis brincar. Aconteceu alguma coisa?

Eu respiro fundo. Tudo bem que estou de saco cheio de tanto grude vindo da sua parte, mas não era justo eu trata-lo dessa forma só por conta disso.

— Me desculpa. — Massageio minhas têmporas e coloco um sorriso no rosto. Sammy apenas assentiu e eu me aproximo do mesmo, selando seus lábios rapidamente antes de separar nossos rostos e acariciar sua bochecha levemente.

Logo aquele clima estranho some e eu continuo bebendo com o pessoal. Meu cenho franze quando percebo que Nate não está entre nós. Dou mais um gole na minha garrafa e olho em volta, procurando o tatuado no meio daqueles mil rostos. Nada. Eu estranho. Quando saímos todos juntos, Nate nunca sai de perto de nós à não ser pra fumar cigarro, já que diz ele que "gosta de curtir a onda de apodrecer os seus pulmões lentamente sozinho". Talvez um sociopata.

— Vamos. — Johnson interrompe a conversa de todos depois de olhar em seu relógio. — Nate já vai correr.

— Correr? — Eu pergunto confusa.

— É. Um dos caras do Sul da cidade o desafiou pra uma corrida. — Eu arregalo os olhos no mesmo instante.

Nathan havia enlouquecido completamente. Mas que caralho! O que ele tem na cabeça?

Eu puxo meus lábios pra dentro e assinto com a cabeça, andando de mãos dadas com Samuel enquanto sigo o grupo até perto da pista. Dentro do meu peito, meu coração palpita desenfreadamente. Não sabia o porquê de Nathan ter tanta necessidade em sentir a morte passando de perto. Essas merdas são tão perigosas que não é questão de ter coragem, e sim bom senso.

Vejo os dois carros adentrando a pista e parando um do lado do outro. Os dois abrem seus vidros e se cumprimentam rapidamente, mas não demoram pra fecha-los novamente. Eu suspiro e abraço meus cotovelos. Não fazia ideia do porquê eu estava tão nervosa e com essa sensação de preocupação berrando dentro do peito.

Querendo ou não, Nate e eu agora temos uma boa relação. Não é nem de longe questão de já termos transados diversas vezes ou essas merdas, mas sim que ele é meu amigo mais próximo na minha estadia aqui. Ele é meu "irmão" e só de pensar em como Kami ficaria se qualquer coisa acontecesse com esse imbecil minha cabeça doía.

Encaro Nathan enquanto mordo meus lábios nervosamente. Seus olhos percorrem todo a multidão que veio para ver a corrida e seus olhos param em mim. Não faz nenhuma gracinha. Não sorri, não joga nenhuma piadinha de longe. Nada. Seu olhar é profundo e aquilo me deu arrepios.

Aquela troca de olhares foi interrompida quando ele percebeu que Samuel me abraçou por trás e cheirou meu pescoço. Eu desvio o olhar rapidamente e ele faz o mesmo, se preparando pra aquele mata-mata que começaria dentro de alguns minutos.

Uma mulher vestida em roupas curtíssimas entra na frente dos carros. Ela olha pros dois motoristas à sua frente com um sorrisinho, levando suas duas mãos até as costas do sutiã estampado com a bandeira dos Estados Unidos e abre a peça, tirando a mesma e ficando com seus seios fartos totalmente à mostra. Faço uma cara incrédula e toco nos meus próprios. Era impossível alguém ter peitos daquele tamanho é tão em pé.

Claro que aquele gesto deu resultado e os gritos da multidão foram acompanhados dos carros acelerando.

— Tá preparado? — A loira dos peitões se vira pro carro do lado de Nathan e, como resposta, o motorista acelera o mesmo.

A mesma faz a mesma pergunta pra Nathan, que retribui o mesmo gesto de acelerar o veículo. A loira mantém o sorriso no rosto e levanta o braço pro alto, girando o seu sutiã e causando suspense e ansiedade.

— Que vença o melhor! — Ela abaixa o sutiã e como num piscar de olhos, os carros somem dali pela pista.

Há um telão enorme, mostrando as imagens das câmeras que tem dentro dos carro e que mostram a trajetória dos veículos por aquela pista. Começo à suar frio e respiro fundo, me virando pra Sammy.

— Eu vou buscar uma água.

— Eu vou com você. — Ele me puxa pela mão e eu paro, negando.

— Não precisa, é rápido. — Eu sorrio e ele apenas assente antes de selar meus lábios.

Respiro fundo e ando até a pequena barraca de bebidas que há ali. Compro uma garrafa d'água e a abro, dando longos goles e respirando fundo. Quando Nathan sair dessa corrida, eu juro que comerei ele na porrada.

Um estrondo alto e gritos me despertam do meu curto momento de calma e eu corro rapidamente até a grade que separava a pista da multidão. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Não tinha psicológico e nem neurônios o suficiente pra ver pessoas se fudendo e morrendo na minha frente.

Tapo minha boca em sinal de choque e arregalo os olhos ao ver a cena. Sinto meu corpo todo tremer e Sammy me abraça de lado, tentando me passar conforto naquele momento.

O carro do oponente de Nate está completamente destruído e capotado e o veículo de Nate está um pouco destruído na frente provavelmente por causa do impacto dos dois. Algumas pessoas foram ajudar o tal oponente que eu não sabia quem era enquanto Nathan saía de dentro de seu carro.

Ele estava com um corte na sobrancelha que sangrava pouco e sua boca estava da mesma forma. Provavelmente havia batido o rosto no volante na hora da colisão e tinha se ferido.

Me surpreendo quando toda a multidão grita em comemoração à sua vitória. Mesmo machucado, Maloley dá um sorriso vitorioso e abaixa a cabeça. Eu respiro fundo, sentindo um alívio enorme acalmar meu peito e meus ombros relaxam. O pessoal gritou enquanto Nate vem em direção à nós. Todos o parabenizam pela vitória e os meninos o abraçam, falando coisas como "você é foda", "você comeu o cu daquele cara" e vice e versa.

Seus olhos rapidamente se encontram com os meus e ele me encara da mesma forma de quando estava no carro. Dei um sorriso fraco pra ele que retribuiu o gesto, desviando seus olhos rapidamente e voltando à conversar com os caras sobre a corrida. Só saí dos meus devaneios quando Marilu tocou meu ombro.

— Seu irmão é completamente louco. — Ela disse e eu ri fraco, concordando com a cabeça.

𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆.  ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora