60 | NATHAN.

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— Vai! — Gilinsky ergue suas mãos com as luvas que serviam como proteção e eu logo comecei com meus golpes.

Eu soco suas luvas com força, fazendo golpes de chute também e sempre mantendo a base. Repito os movimentos diversas vezes tentando manter minha cabeça no lugar. Por mais que eu tentasse, os acontecimentos dos últimos dias não saíam da minha cabeça. Eu sentia vontade de cortar a própria garganta toda vez que eu deitava na cama e um filme sobre mim e Clarice passava pela minha memória. Já fazia uma semana desde que a Clarice foi embora e uma semana que tinha levado meu coração junto com ela. Sete dias que eu loto seu celular de mensagens e tudo que recebo é uma mera visualização. Isso me dava raiva e tristeza. Ela foi embora sem nem deixar eu explicar toda a verdade pra ela. Clarice não é uma pessoa impulsiva, mas quando algo entra naquela cabecinha, nem mesmo a porra de uma passeata contra seu pensamento é capaz de a fazer mudar de ideia.

Com a cabeça totalmente cheia, eu nem sequer havia percebido que meus golpes estavam mais agressivos que o normal. Eu já não estava mais treinando para manter a mente no lugar e me aliviar, e sim para descontar alguma raiva em alguma coisa na base da porrada, porém tinha esquecido que Jack estava ali.

— Caralho, cara! Tá maluco? — Gilinsky abaixa seus braços com as proteções e me olha incrédulo. — Tu quase socou a minha cara!

— Foi mal, mano. — Eu nego com a cabeça e respiro fundo, voltando à manter minha base. — Vamos de novo.

Jack balança a cabeça negativamente e tira as luvas de seus braços, retirando também logo depois as proteções das suas pernas. Ele me olha como se pedisse para eu fazer o mesmo e eu suspiro, puxando o fecho das luvas e largando as mesmas no chão do tatame.

— O que te atormenta tanto, mano? — G cruza seus braços na minha frente e eu mexo nos cabelos, me mantendo em silêncio. — É a parada com a Clarice, né?

— Porra, cara — Eu retiro o peso das pernas e caio sentado no chão, encostando minhas costas na parede marfim. — Já tem uma semana que ela visualiza minhas mensagens e não responde. Ela foi embora sem nem me dar chance de explicar a porra da merda que a Lox falou.

— Ela não mentiu, né — Eu o lanço um olhar mortal. — Ué, caralho. Você tinha essa ideia maluca de querer enfiar esse pênis em garotas que ainda estão na escola.

— Qual é, G. Eu era adolescente — Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos, sentindo as gotas de suor escorrerem pela lateral do meu rosto. — Eu nem penso mais nessas merdas.

— E não explicou pra ela? — Ele se senta ao meu lado e pega uma garrafa d'água em mãos, dando alguns goles na mesma.

— Ela não quis me escutar. Tu viu. Também não responde minhas mensagens. Meu maior medo agora é ela me bloquear — Ele estende a garrafa d'água para mim e eu a pego em mãos, bebendo e relaxando meus músculos. — Não quero perder ela.

— Já tentou ligar? — Eu concordei. — De madrugada? Lá pras três da manhã, é a hora que todo mundo fica carente. Tenho certeza que se tentar, funciona.

— Se eu ligo pra ela três horas da manhã, ela atende só pra me mandar tomar no cu. — Eu rio fraco sozinho, lembrando de todas as patadas que ela me dava. Não tinham sequer um resquício de maldade, e sim de amor.

Amor.

Nem quando eu tava noivo da Hailee, eu senti uma merda tão forte como essa. É como se meu coração perdesse completamente o equilíbrio toda vez que eu a via. Papo de eu cair duro e os caralhos.

— Po, mano — Jack estalou seus dedos. — Tu lembra da Delilah, né?

— A tua ex? — Ele concordou. — O que tem ela?

— Aconteceu uma parada parecida quando a gente tava junto — Ele morde o lábio ao olhar pro teto. Parece se lembrar do tempo. — Eu tirei a virgindade dela. Pouco tempo depois, a mãe dela descobriu. Foi um rolo do caralho. Ameaçou até chamar a polícia se eu continuasse insistindo em encontrar com ela — Ele toma a garrafa da minha mão, dando últimos goles antes de esvazia-la e a deixar de lado. — Eu sofri pra caralho. Fiquei pensando em várias paradas, cheio de medo da mãe dela fazer alguma coisa com ela injustamente. Chorei e os caralhos, mas eu me toquei que não podia ficar parado esperando algum milagre divino acontecer, tá ligado? — Eu assenti. — Apareci lá, duro igual um pedaço de pau, sem um tostão no bolso e falei pra mãe dela que queria que ela morasse comigo.

— Eu lembro desse bagulho. — Ele concorda.

— Por incrível que pareça, a mãe dela ficou suave e permitiu o nosso namoro. Aí, começamos a procurar apartamentos e essas coisas. Mas aí, tu já sabe da história. — Ele fez uma careta e levantou dois dedos atrás da sua cabeça, indicando chifres e me fazendo gargalhar.

— Po, aí é foda — Ele dá de ombros. — Mas o que tu quer dizer com isso?

— Vai atrás dela, mano. — Eu virei minha cabeça para o encarar. — Nem que tu vire assassino de aluguel pra ter dinheiro, mas compra uma passagem e vai atrás dela. Tu conhece a Clarice. Uma hora ela vai se irritar com tuas mensagens e vai te deixar tontinho metendo um block na sua cara.

Eu junto minhas sobrancelhas e analiso tudo que ele acabou de me falar. Por mais que a ideia de ir pra outro país por causa de alguém parecesse absurda para o Nathan lúcido, Jack está completamente certo.

Aliás, eu não sou um Nathan lúcido. Eu tô apaixonado pra caralho.

— Tu sabia que ela nunca falou que me ama? — Ele me olhou. — Eu tava respeitando o tempo dela, saca? Ela nunca viveu um bagulho parecido.

— Aí quando ela tá quase falando que te ama, tu vai lá e faz merda. — Ele soca o meu ombro e se levanta.

— Eu não fiz merda, filho da puta. — O mostro o dedo do meio e ele ri fraco, pegando as proteções do chão nas mãos.

— Eu sou péssimo em conselhos e se não ofendesse ninguém, queria que vocês dois parassem com esse fogo no cu e ficassem logo juntos. Porém, como não é o caso — G coloca as luvas novamente e as bate uma na outra. — Apenas digo para ir atrás dela. A cabeça dela deve tá uma bagunça, mano. Foi embora pensando que tu tava usando ela.

— Eu sei — Suspiro e me levanto, também pondo minhas luvas de volta. — Acha que eu consigo a trazer de volta?

— Pra cá ou pra você? — Ele ergue seus braços e eu armo minha base.

— Pra mim né, caralho. Ela não vai querer olhar na cara da minha mãe nunca mais. — Volto à socar as proteções, dessa vez, mais leve e da maneira correta.

— Acho que sim. Vocês se amam, afinal. Um amor recíproco hoje em dia tá bem difícil.

— Acha que ela me ama? — Eu abaixo meus braços e abro um sorriso bobo só de imaginar as três palavras saindo da boca dela. Tenho certeza que teria um infarto no mesmo momento.

Jack me olha com tédio e faz um golpe com a perna, chutando minha canela e fazendo com que eu caísse com tudo no chão. Eu gemo de dor quando minhas costas entram em contato bruscamente com o tatame e pouso minha mão sobre a mesma, vendo Jack declinar seu corpo em minha direção e aproximar seu rosto do meu.

— Tu virou a cadelinha dela mesmo, hein? — Ele fala segurando o riso e eu dou uma risada irônica, me levantando rapidamente e fazendo o mesmo golpe nele que ele havia feito comigo há alguns segundos atrás.

— Vai se foder.

•••

e aí? acham que o nathan vai pro brasil encontrar a clarice? o que vocês fariam no lugar dele? 👀

votem e comentem, amores! amo vocês demais!

all the love ❤️

𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆.  ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora