51 | CLARICE.

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Eu dou uma última conferida na minha saída de praia que havia vestido por cima do biquíni e logo checo minha bolsa, fechando a mesma assim que vejo que está tudo nos conformes. Penteio meus cabelos e logo meu celular começa à vibrar com a ligação de Lox, avisando que já estava na minha porta. Calço meus chinelos e sorrio ao me ver no espelho. Pela primeira vez desde que fui embora do Brasil, eu iria à uma praia junto dos meus amigos. Estou tentando transparecer serenidade, porém, só meu peito sabe o quanto eu estou surtando. Meu coração bate desenfreadamente dentro do peito. Já estava com abstinência da água do mar e do sol escaldante bronzeando a minha pele.

Ao lembrar que eu estaria com meus amigos hoje, me permito dar um gritinho de alegria antes de deixar o meu quarto. Kami estava dormindo, porém já havia avisado que eu iria sair com o pessoal. Não lembro a última vez que eu estive tão empolgada em questão de sair com eles. Já que, basicamente, aqui eles não vão muito a praia.

Ponho meus óculos escuros na cabeça e caminho até o carro de Lox depois de sair pela porta da frente. Abro a porta do veículo e sorrio abertamente ao ver os meninos ali. O carro de Lox é relativamente grande, então espaço para todo mundo não é um problema. Cumprimento todos antes de entrar e me sento ao lado de Nate, que tem seus olhos tapados por seus óculos de sol e que assim que nota minha presença ao seu lado, dá um sorriso fraco.

Logo Mahogany volta à dirigir e eu percorro meu olhar por todo o carro, arregalando os olhos assim que noto a quantidade de bebida que os garotos carregam em seu colo. Não só com eles, mas também tinham garrafas lacradas no carpete e algumas em suas mãos, pois eles já bebiam dentro do carro.

— Vocês querem mesmo se matar hoje? — Pergunto apontando para as bebidas no colo dos Jack's.

— Não me responsabilizo por nada — Gilinsky dá uma golada na sua garrafa. — À partir de agora, esse corpo pertence ao Otávio.

— Quem é Otávio? — Lox pergunta tão confusa quanto eu.

— Minha segunda personalidade, que é quando eu tô bêbado. — Lox revira os olhos enquanto eu gargalho. Os Jack's fazem um brinde com suas cervejas e logo puxam algum assunto.

Meus olhos se direcionam para Sammy, que está em silêncio enquanto também toma da sua bebida. O encaro por algum tempo e ele logo percebe, virando sua cabeça para mim e abrindo um sorriso amigável. Eu retribuo, sentindo meu peito aquecido. Depois da nossa conversa, ele havia levado mesmo à sério tudo que eu tinha dito e respeitou os meus limites. Sinto que, mais do que antes, estávamos muito mais íntimos. Não com um tom malicioso, mas sim como bons amigos. Isso me deixava extremamente feliz.

Eu deixo de encarar Samuel quando sinto a ponta dos dedos quentes de Nathan encostarem na minha coxa. Ele pousa sua mão sobre minha perna discretamente e eu mordo meus lábios nervosamente. Mesmo que seja quase impossível, estávamos fazendo de tudo pra manter nosso disfarce de meio irmãos inseparáveis. Havia algumas horas que fraquejávamos em público e corremos pra qualquer canto escuro, para podermos tapar o nosso buraco insaciável de desejo e depois, continuarmos agindo normalmente no teatro diário. Quando lembro de nossas aventuras, eu sorrio. Eu, de fato, nunca soube como era estar apaixonada. Havia passado alguns meninos pela minha vida no qual eu gostei ou tive algum apego, mas nunca algo comparado com a combustão que meu coração entra toda vez que eu vejo o Nathan. É algo indecifrável, o sentimento mais puro e sincero possível.

O carro de Lox para em frente à orla e todos nós saímos do veículo. Enquanto estaciona, descemos para areia e localizamos um bom lugar, onde colocamos nossos pertences e alugamos as cadeiras e o guarda-sol. Os meninos puseram o cooler no chão e logo voltaram à beber, agora tranquilamente, sem medo de derrubar cerveja no carro de ninguém.

𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆.  ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora