48 | CLARICE.

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Minhas pálpebras pesam como se estivessem empilhando bigornas. Meus olhos doem assim que eu os abro e a luz do sol ilumina minha íris e assim que eu tento me mexer, um gemido de dor escapa da minha boca ao sentir toda a minha estrutura corporal se contrair. Com dificuldade, eu me sento na cama e prendo meus cabelos num coque bagunçado apenas para tirar os cabelos do rosto. Levo meus olhos até o pequeno criado mudo que há do lado da minha cama e pego meu celular em mãos. Mordo meus lábios ao ver milhares de chamadas e mensagens perdidas do pessoal. Todas de madrugada, ainda na hora da festa, com perguntas sobre aonde eu estava e porquê eu tinha sumido. Felizmente, eu não bebi o suficiente para esquecer de tudo e me rendo à recordar da noite passada.

O som alto, a roupa e maquiagem deslumbrante, muita diversão e a intensa noite de prazer que Nathan me proporcionou. Eu sorrio ao lembrar de tudo que aconteceu.

Nate havia dito que me amava. Foi um choque enorme pra mim, já que eu pensava que provavelmente, eu me apaixonaria primeiro. Maloley sempre me surpreendendo e contornando qualquer suposição que há na minha cabeça.

Vejo que é de manhã e deixo o celular de lado, me levantando da cama e me mantendo em pé. Eu fecho meus olhos e finco os dentes nos meus lábios inferiores quando ao caminhar, minha intimidade dói como nunca e minhas nádegas ardem. Pelo amor de Deus, o que Nathan havia feito comigo?

Corro com dificuldade pra frente do espelho do meu quarto e abaixo um pouco meu short, me arrependendo no segundo seguinte e arregalando os olhos ao ver o estado que minha bunda estava. Eu choramingo com a vermelhidão e os pequenos arranhões que permaneciam na minha pele. Definitivamente, o tesão leva as pessoas à fazerem coisas irredutíveis.

Me apresso à fazer minhas higienes matinais e solto alguns palavrões baixos ao sentir minha intimidade arder. Eu faria questão de xingar até o último fio de cabelo de Nathan assim que o visse por ter me deixado nesse estado.

Saio do meu quarto assim que termino meus afazeres e dou de cara com Kami sentada na mesa da cozinha, tomando seu café. Só então eu noto que é final de semana e que, provavelmente, ela estava de folga. Coloco um sorriso largo no rosto e me direciono até ela, pousando as mãos nos seus ombros.

— Bom dia. — Beijo seu rosto.

— Bom dia, filha — Ela sorri. — Fiz café e panquecas. Estão na bancada.

Eu assinto com a cabeça e saio dali, me servindo e logo voltando para me sentar ao seu lado. Imediatamente começamos à conversar sobre a noite de ontem. Kami estava definitivamente sendo minha melhor amiga. Não me proibiu de fazer uma festa, pois sabia que se fosse por mim, eu teria ficado no meu quarto com meus amigos comendo pizza e bebendo refrigerante. Porém, ela conhecia como Lox era e não ousou contrariar sua ideia louca de fazer uma super comemoração.

— E o Samuel? — Ela pergunta. Eu comprimo os lábios e lembro das mensagens e ligações dele que eu não havia respondido.

— Acho que não tá mais rolando, Mi — A chamo carinhosamente. Ela me olha curiosa enquanto bebe da sua xícara. — Não sei. Não estamos na mesma vibe.

— Estranho — Ela coloca a xícara sobre a mesa novamente. — Vocês tinham um carinho tão grande entre si e, parece que você se desinteressou do nada. — Ela levanta sua cabeça e me olha. — Está apaixonada por outra pessoa?

Sua pergunta me arrepia por completo. Eu abro a boca diversas vezes para responder, mas, nunca saía nada. Sinto minhas mãos suarem e quase que imediatamente, minha perna balança pra cima e para baixo por conta da ansiedade e nervosismo que se alastrava pelo meu corpo. Ela realmente havia percebido de primeira? Será que ela sabia de alguma coisa? Estava me testando? Havia descoberto todas as mentiras que eu infelizmente havia dito à ela e agora me botou contra a parede? Milhares de perguntas e nenhuma resposta. É desesperador.

𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆.  ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora