Eu soltei um suspiro de alívio ao acabar a pilha de exercícios que tinham passado para hoje. Fechei o livro e o caderno, me soltando na cadeira e encarando o teto. Aquela rotina estava me matando, eu estava necessitando de um banho quente.
Retirei as roupas do meu corpo e entrei no banheiro, prendendo meus cabelos e entrando de baixo do chuveiro com a água quente. Passei um bom tempo ali e ao sair, distribuí hidratante por todo o meu corpo. Coloquei um conjunto de moletom confortável e vesti minhas meias, indo direto para a cozinha preparar um chocolate quente. Hoje estava um frio de congelar meus neurônios e eu amava esse tempo para cuidar um pouco de mim.
Enquanto preparava meu chocolate quente, notei que alguém havia chegado e torci mentalmente para não ser Nathan. Não estava com a mínima paciência para os sarcasmos dele hoje.
Parece que minhas preces foram escutadas e logo Kami apareceu com um sorriso no rosto. Retribuí o sorriso e dei um abraço na mesma, fazendo ela rir.
— Está parecendo uma borboleta no casulo.
— Eu estou congelando. — Falei, esfregando minhas mãos uma na outra. — Estou fazendo chocolate quente, quer?
— Não, minha filha. Obrigada. — Apenas assenti e quando minha bebida ficou pronta, me servi e me sentei no sofá. Kami se sentou ao meu lado.
— O que fez até agora? — Ela perguntou.
— Quase quebrei a cabeça fazendo exercícios e acabei quase agora. — Ela assentiu. — E você?
— Tirei o dia de folga hoje. — Sorri.
— Está feliz, né? — Ri e ela assentiu.
— Sim. Até fiz uma surpresa pra você. — Me surpreendeu.
— Humm, o que é? — Perguntei animada. Eu adorava presentes.
Kami deu um sorriso pra mim e ficou em silêncio. Eu não entendi muito bem, até ouvir a porta ser aberta com a entrada de alguém na casa. O ar sumiu dos meus pulmões e os olhos se encheram de lágrimas quando vi aquelas duas garotas entrando com suas malas, olhando em volta. Meu coração errava as batidas de tão forte que palpitava. Eu não conseguia acreditar.
Quando notaram que eu estava ali, as olhando com lágrimas escorrendo, um sorriso instantâneo cresceu no rosto das duas e elas largaram suas malas, correndo pra cima de mim e me envolvendo em um abraço de urso. Eu desabei automaticamente. A saudade que eu estava daquelas meninas era algo inacreditável, e agora, elas estavam aqui. Em outro país, apenas para me ver.
— Caralho, tu tá mais gostosa, Clarice. — Marilu passou os olhos pelo meu corpo e eu a empurrei.
— Minha host mom tá aqui, sua babaca. — Eu limpei minhas lágrimas.
— Fiquem à vontade, meninas. Vou comprar algumas coisas no mercado. — Ela disse e eu apenas sorri, me levantando e abraçando a mesma.
— Obrigada por esse presente, Kami.
— Que nada, filha. — Seu sorriso era contagiante. — Se divirta.
Demos mais um abraço e ela saiu. Me virei para as meninas e, em harmonia, gritamos de alegria. Eu estava com as minhas melhores amiga do Brasil, eu estava com as minhas irmãs!
— Papo reto, eu não tava entendendo nada que a sua host mom tava falando. — Marilu falou e eu gargalhei. — Elisa que tava traduzindo.
— Eu sei o básico. — Elisa colocou as mãos na cintura.
— Puta merda, que frio. — Marilu esfregou as mãos em seus braços.
— Tá, vocês vão me explicar tudinho. — Eu disse pegando meu chocolate quente em mãos que eu havia colocado na estante e o bebericando.
— Explicar o que? — Elisa perguntou.
— Como vocês vieram pra cá.
— De vassoura que não foi, né, minha filha. — Dei um tapa em Marilu. — Ai!
— É sério.
— A Kami disse que notou que você estava com muita saudade da gente, mesmo com amizades novas por aqui. Ela pagou nossa passagem e vamos ficar aqui por um final de semana. — Elisa explicou e o sorriso em meu rosto cresceu ainda mais. Kami havia pensado em tudo e eu sem um pingo de desconfiança. Não sabia nem como expressar a gratidão que eu tinha por aquela mulher.
Logo começamos a conversar sobre diversos assuntos e me contaram toda a fofoca que estava rolando no morro desde que eu havia ido embora. Era cada coisa que eu ficava extremamente chocada. Aquele povo é doido.
— Pois é, menina. A garota quebrou o carro dele todinho. — Elisa contava enquanto eu a olhava de boca aberta.
— Eu faria a mesma coisa. Meu marido me trai com a amante na MINHA cama que EU paguei e acha que não vai acontecer nada? No meu caso, não quebraria só o carro, mas também todos os ossos da cara dele. — Marilu disse batendo palmas e eu gargalhei.
— Eu queria tanto ter visto isso. — Eu dei uma golada na minha bebida.
— Não pensa que a gente esqueceu não, tá, Clarice? — Elisa falou e eu franzi o cenho. — Pode nos contando tudo sobre seu irmão deus do sexo.
Minhas bochechas se coraram no mesmo instante e Marilu e Elisa caíram no riso. Senti vontade de matá-las.
— Abre logo o bico.
Suspirei com a fala de Marilu e logo contei tudo, não precisando falar alguns detalhes pois elas já sabiam. No final, eu tinha duas melhores amigas me encarando impressionadas e com os braços cruzados.
— Eu esperava tudo de você, agora transar numa cachoeira? — Elisa bateu palmas. — Eu não teria coragem. Imagina se um bicho entra na minha xereca e eu não sinto?
— Elisa! — Chamei sua atenção.
— Ela tá certa, mona.
— Esqueçam esse assunto, agora somos apenas amigos. Conversamos ontem e pus um fim nisso. Somos praticamente irmãos durante um ano então eu não posso manter esse tipo de relação e intimidade com ele.
— Você tá parecendo até aquela cantora, a Luísa Sonsa. — Coloquei minha caneca já vazia na estante e cruzei meus braços, ofendida.
— Eu tô falando sério, Maria de Lourdes. Nunca mais vou ficar com ele.
— Não diga que dessa água não bebereis porque vai que se afogareis. — Elisa me fez rir.
— Vocês são ridículas. Estou falando sério, não vai rolar mais nada. — Eu levei minha caneca até a cozinha e a lavei. As meninas vieram atrás de mim.
— Se você está dizendo... — Marilu deu de ombros e Elisa concordou.
Pusemos fim no assunto e logo tínhamos pulado para outra conversa, que era sobre o baile que elas haviam ido. A cada palavra que saía da boca das duas, uma gargalhada alta saia da minha. Eu estava sentindo muita falta disso. Aquelas meninas são realmente incríveis.
Esse fim de semana será inesquecível.
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𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. ✓
Fanfictionna qual clarice faz um intercâmbio em Omaha e a família Maloley a acolhe como sua host family. ⚠️: NÃO aceito adaptações.