23 | CLARICE.

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— Você deu pra ele em cima de uma mesa de bilhar? — As minhas duas melhores amigas perguntaram em uníssono. Estavam com expressões incrédulas. Eu suspirei.

— Vão começar mesmo a me xoxar? Se for o caso, eu desligo agora. — Eu cruzei os braços e elas se entreolharam.

— Você e essa mania de transar em locais estranhos. — Elisa falou e eu arqueei a sobrancelha.

— Quando que eu transei em um lugar estranho?

— Quer que eu comece quando você deu pro filho do pastor atrás da capela ou quando tu sentou pra um dos antigos vapores da favela no banheiro químico do baile? — Marilu disse e Elisa segurou a risada. Fechei os olhos enquanto prendia meus lábios.

— Eu espero muito que a sua mãe não tenha escutado isso. — Marilu riu.

— Não precisa ter vergonha, bobinha. Todo mundo tem suas histórias esquisitas. — A loira deu de ombros e eu bufei.

— Tá, o importante é que eu já cumpri a aposta e vocês não precisam mais ficar me infernizando.

— Pelo amor de Deus, eu preciso ver isso de verdade. Me mostra. — Elisa deu umas palminhas e Marilu concordou rapidamente. Eu bufei.

Me levantei da cadeira que eu estava sentada e abri o botão do meu short, abaixando um pouco a peça e deixando minha bunda à mostra, me virando pra câmera para elas poderem ver bem a tatuagem. Marilu cobriu sua boca e Elisa ficou com uma expressão de choque no mesmo momento. Eu arqueei a sobrancelha e fiquei sem entender.

— Gente, é só uma tatuagem, não sei o que tem de tão...

Eu parei de falar quando percebi a presença na porta do quarto. Nathan estava debruçado no batente com os braços cruzados, me olhando fixamente enquanto puxava seus lábios pra dentro. Quase que desesperada, subi meu short e o abotoei de volta, fechando a tela do notebook e me virando pra ele com o coração acelerado.

— Por que... — Respirei fundo. — Por que caralhos você entrou no meu quarto sem bater?

— Eu bati mas você não escutou. — Ele me olhou de cima à baixo e logo percebi que eu estava apenas de short e sutiã. Fechei meus olhos e comecei a imaginar vários palavrões, sentindo minha bochecha arder.

— Merda, Nathan. Não pode fazer isso. — Fui até o meu guarda-roupas e o abri, revirando minhas roupas para achar uma blusa que me cobrisse.

— Por que tá tão desesperada? Nada que eu já não tenha visto. — Eu parei de procurar a peça e apoiei minhas mãos na porta do armário, negando com a cabeça e me virando para encarar Nate.

— O que tá fazendo aqui?

— Minha mãe fez um almoço especial e me chamou. Tudo bem que você agora é a preferida, mas ainda sou filho dela. — Ele cruzou seus braços e me encarou fixamente. Quase perdi o fôlego.

— Ah, hum... O almoço está pronto? — Ele assentiu.

— Mamãe mandou eu te chamar pra comer.

— Tudo bem, eu já vou. — Me virei para procurar uma blusa pra vestir, mas logo percebi que Nathan ainda estava ali. — Que merda, Nathan. O que você quer?

Ele olhou pro teto e fechou a porta atrás de si, andando em passos lentos em minha direção. Não consegui sair do lugar ao sentir seu perfume que se espalhava por todo o quarto. Hoje, Nate estava com uma regata branca, que deixava à mostra suas tatuagens e cordões de ouro pesando seu pescoço. Sua inseparável calça larga não o abandonava e seu cabelo um pouco grande estava amarrado num coque. Minhas pernas tremiam toda vez que aquele homem chegava perto de mim e, era isso que estava acontecendo agora.

Quando mais ele chegava perto de mim, mais eu ia pra trás. Logo senti a superfície gelada do armário entrar em contato com minhas costas e eu fiquei imóvel enquanto via Nathan ficar à centímetros de mim, enquanto sustentava o olhar no meu. Esse cara estava tentando me enlouquecer.

— Me mostra a tatuagem. — Ele falou num tom de ordem. Comprimi os lábios e assenti lentamente, desabotoando meu short e o abaixando, sentindo meu corpo se virar bruscamente com a força de Nathan e ser pressionado contra o armário. Senti a mão de Maloley descer pelas minhas costas e logo parar em cima da minha bunda, dedilhando até chegar na área da minha tatuagem. Foi questão de segundos para eu segurar um grito entre os dentes quando senti minha nádega arder com o tapa que o mesmo havia me dado. Maldito filho da puta.

— Nathan! Sua mãe vai ouvir. — Eu o repreendi. Senti meu cabelo se enroscar em sua mão e ser puxado levemente pra trás, fazendo eu soltar um gemido baixo quando senti a língua de Maloley passear por meu pescoço.

— Levanta esse short e sai logo desse quarto antes que eu coma aqui e agora. — Ele falou em meu ouvido e deu mais um tapa na minha bunda, se virando e saindo do cômodo. Eu respirei fundo e apertei as mãos nos meus cabelos, sentindo minha intimidade pulsar. Era inacreditável o tesão que o filho da puta deixava em mim com coisas muito simples.

Subi meu short novamente e vesti um top amarelo simples. Desliguei as luzes do quarto e fui até a cozinha, vendo que a mesa já estava com praticamente tudo servido.

— Clarice, minha filha, me ajuda aqui. — Kami pediu e eu assenti, indo até ela e colocando as luvas para levar a travessa de vidro até a mesa.

O cheiro da macarronada me deixou hipnotizada e mil vezes mais faminta. Me sentei na mesa e me servi, fazendo meu almoço em silêncio. Peguei diversas vezes Nathan me encarando mas, logo que via que eu percebi, desviava o olhar. Não sei o que esse macho queria de mim, mas do jeito que tudo corre, com certeza era algo complicado.

𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆.  ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora