40. Submerso

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Jimin

Acordei. Essa ação nunca me doeu tanto. Minha cabeça doer, é comum, mas sinceramente, sinto que algo estava me pesando mais do que a dor. Minhas pernas, poderiam ser pedras agora, e o aperto no peito, com toda certeza não era por consequência de alguma doença cardíaca. Viver é difícil, mas morrer, é incerto. Ouvi isso de um poeta, certa vez. 

O quarto de hospital, era como sempre, muito branco e iluminado. Abri os olhos tão devagar, que fiquei alguns segundos parado, analisando as coisas ao meu redor. Nada de soro, muito menos pontos, ou curativos. Eu estava bem? Acho que sim, mas porque tenho essa sensação de vazio? É a mesma sensação de quando tomei inibidores para o cio, e no dia seguinte, me sentia errado. Fechei os olhos, tentando recordar todos os acontecimentos. Sim, eu matei o Jung Sook, deveria estar feliz, ele era o cara mal, ia matar o Jin hyung. Mas porque a imagem do seu coração ainda pulsando em minha mão, não sai da minha mente? Porque não consigo esquecer seu rosto sem vida? Eu deveria estar aliviado? Tão modesto, Park Jimin, como pode agir inocente depois de tudo? A vida não é tão simples, você sabe. Você sempre repetiu para si mesmo que nunca faria isso, que até os alfas tinham uma vida, uma família. Afinal, o que aconteceu? Você matou alguém, e isso te faz tão ruim como os outros. 

Tão ruim quanto o Jung Sook. 

Ninguém estava no quarto, mesmo que eu sentisse o cheiro de Taehyung por todo o lugar. Ele deve ter ido comer, aposto que estava morrendo de chorar até minutos antes, enquanto me olhava dormir. Senti saudade, imediatamente, mas nem isso me sair dessa inércia. Não sei se me deram algum remédio, não consigo lembrar, provavelmente sim, com a cura rápida por ser lupino, eu mal percebo os machucados. Como se importasse. Nada disso importa, eu sei que não. Mas… algo me diz que sim, como uma ideia fixa, não consigo parar de ver o sangue. Sangue jorrado no chão, nas minhas roupas, no corpo. Parece que quando morrem, pessoas viram apenas isso, objetos. Sei que o Jung Sook, não era do tipo de pessoa que se valesse a pena chamar de “promissora” mas, existem dois tipo de pessoas, as que conseguem lidar com o fato de serem assassinas, e as que não. Sempre achei que pertencia ao outro grupo, aos de sentimento racional, mas, parece que tudo em mim agora mostra o contrário. 

Meu queixo, começou a tremer. Agarrei as cobertas do lençol, tentando chegar a racionalidade. Nada, só o medo. Nunca senti isso, mas agora sei, o medo de verdade, é frio. Te faz parecer que vai morrer congelado, tremendo e ansioso. Sai da cama com pressa, querendo correr, sair daquele hospital, andar rápido, como se tudo em mim tivesse essa urgência. Eu não sei do que sentia medo, ou do que queria fugir, mas possivelmente, era de mim mesmo. Olhei minhas mãos, vi claramente as manchas de sangue. O líquido vermelho escorria. O que eu...fiz?

Meu coração batia forte, as lágrimas vieram, tão fortes como podiam, arrebentando em meus olhos, me fazendo cambalear, um pouco zonzo. Preciso me limpar, isso me limpar, tirar essa sujeira de mim. Esse não sou eu. 

Corri, desesperado para a porta do banheiro, escancarando-a, eu não tinha tempo, mal via as coisas a minha frente, só chorava e seguia os passos que a minha mente ordenava. Liguei a torneira enchendo a banheira, e em algum momento, estava dentro dela, esfregando meus braços, meu corpo, tentando tirar o sangue que não saia. Não saia por nada. Não importa o quanto esfregasse, o quanto chorasse, mesmo que a pele eu arrancasse, continuaria ali, me lembrando do que eu fiz.

 Eu não te conheço mais, Jimin. 

Apoiei a cabeça nas mãos, e me deixei chorar ainda mais, até meu peito tremer, minha boca abrir, tentando respirar, tentando puxar o ar que se recusava a vir. Era isso, eu não merecia nem o ar? O pânico me tomou. Fechei os olhos e sem saber o que fazer, deitei na banheira, ficando totalmente submerso, me negando a abrir os olhos, sentindo a água gelada me envolver, como se eu fosse ainda humano. 

.ESCAPE. (jikook, ABO) .Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora