41. Bem-vindo

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Entrando pela porta da cobertura do namorado, Jimin, encolheu os ombros. Sair do hospital, foi libertador e empolgante no começo, como se a adrenalina que crescia em sua mente, fosse uma nova “super droga”, movida pelos sentidos; e de certa forma, era. O ômega, viu o pequeno cachorrinho farejar seus pés, chorando, demonstrando toda a felicidade em rever aquele que, considerava também seu dono. Por isso mesmo, assim que foi pego por Jimin, que o enlaçou em seus braços, colando o nariz na pelagem negra, se acalmou imediatamente, nem ao menos lançando o mínimo olhar ao alfa. 

ーNero estava mesmo com saudades ー Disse Jeon, apoiando as mãos nas costas do namorado ー Eu também estava. 

Jimin, lhe respondeu com um olhar mínimo, colocando o cachorro no chão, e observando a grande sala, composta por estofados brancos e tapetes felpudos. Era incrível, como mesmo ainda não morando ali, ele sentia a casa como se fosse dele, era um lugar seguro, seu refúgio. E não, não era o lugar, mas sim, a presença. Saber que aquela era a casa de Jungkook, a casa onde passaram tantos momentos bons juntos, e onde iriam morar também juntos, fazia aquele momento em especial contemplativo. 

O omega, estava cansado. Exausto para ser mais preciso. As coisas ruins passam, mas sempre se mantém algo, e esse algo, te faz se assustar na rua, ou olhar para os pés quando se vê nervoso, como se agora, o nervosismo fosse parte de si. Seus medos, mudam, se tornam mais aterrorizantes, e muitas vezes, a capa de fragilidade, cai, te deixando exposto, pensativo, montando a vida de uma apatia e sensibilidade antes não vista. 

Lembrou da banheira, não foi nada de tão intenso, mas talvez para o alfa fosse, se ele soubesse. Jimin, não queria contar, não queria ver aquele olhar no rosto de Jungkook, como se estivesse com pena, como se soubesse que ele estava de fato destruído. Não deixaria o alfa saber, não deixaria ninguém mais saber. Sentiu vontade de abraçar Taehyung, lhe dizer tudo, agradecer e gritar que o amava por ele ter o tirado da água. 

Para Jimin, o “depois” é sempre pior. Lembrava com precisão de quando ainda jovem, teve que superar seu passado com Changwook, e como isso o afetou, passando a odiar alfas, passando até mesmo a se odiar, por permitir que um ser como aquele, fosse amado por ele. Porque sim, em algum momento da vida, Park o amou, teve compaixão e até mesmo, admiração pelo ex. Mas, tudo morreu, assim como agora, o que nutria por ele, era apenas repulsa e lembranças das humilhações. Porque a verdade mais repugnante, é que a agressão física, não é nada comparado a degradação psicológica, quando se vê impossibilitado de defesa. Jimin, nunca esqueceria dos olhos negros sorrindo, enquanto seu sangue molhava o chão duro de pedra. 

E aí, vinha esse novo medo. Por mais que não quisesse, ele acabava sempre comparando. Ele amava Jungkook de uma jeito tão forte, tão verdadeiro, que chegava a ser o certo; porém, a paranoia crescia em sua mente “Ele é um alfa, ele pode mudar, ele pode me matar” mas, sabia que não condizia com a verdade, e sempre tentava convencer a si mesmo, que nem todos os alfas são iguais “Jungkook nunca usou máscaras, ele não é como Changwook, ele não precisa ser assim, ele tem meu amor” o ciclo era sempre o mesmo, até sua cabeça doer por horas. 

Pelos dois dias que ficou no hospital, se certificou de que Seokjin estava bem, ele e seu bebê, são responsabilidade também sua. Nunca esqueceu da promessa que fez, a meses atrás, ele cuidaria deles para sempre, assim como Jungkook lhe disse, no pé do ouvido, quando ainda olhavam Namjoon alisar a barriga do ator.. Família, foi esse o sentimento que se alastrou por ele, de que eram finalmente uma família, compostas por laços de dor, mas de muito amor. 

E agora, estava ainda ali, encarando a cobertura, tentando saber como reagiria. Eram tantos pensamentos, e ele não sabia se estava pronto para sair do lugar. É sempre assim, os altos e baixos, formam a vida, ele sabia, ele sentia. Então, fechou os olhos por um segundo e tentou lembrar da noite que dormiu abraçado com Jungkook no hospital, dos seu corpo esquentando-lhe a noite inteira, dá voz suave do alfa, que sem perceber sussurrou um “eu te amo” no ouvido do omega. Esse era o sentimento que Jimin queria guardar, a leveza. Antes, ele sempre tendia a ser tempestuoso, mas agora, queria a calma. Precisava dela, e se obrigaria a tê-la.  

.ESCAPE. (jikook, ABO) .Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora