47. A luz do Paraíso

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 Abby Lin 

A maldita da minha "companheira" de cela estava mais uma vez com o canivete a centímetros do meu pescoço. Encostada na parede descascada, que uma vez foi branca, do refeitório, sorri soberba quando ela arranhou de leve minha pele fina, fazendo um fio de sangue escorrer. Não havia ninguém no lugar. Todas as presas estavam no banho de sol e por sermos da equipe de limpeza, quase sempre temos acesso ao refeitório e a cozinha. Yani, como se chamava, deve ter conseguido o canivete com um dos agentes penitenciários, um omega alto que insiste em "cuidar" de valentonas como Yani.

 Só alfas em um mesmo lugar nunca parece ser uma boa ideia. Eu sabia disso quando minha última companheira de quarto foi envenenada e me colocaram com a líder da facção "Linha amarela". Com toda certeza, querem me eliminar. São 4 anos nesse inferno, sobrevivendo enquanto me amaldiçoam por ter matado alguém do meu próprio grupo. Mas que porra de grupo era o meu? Só fui contratada por um louco. Um louco que está morto. 

Quando matei o Changwook, eu sabia que iria presa. E de toda forma, não pretendia escapar. Não podia. Não depois de ver o rosto pálido de Lana dormindo tranquilamente, ainda inconsciente. Tudo por causa dele. Nunca fui do tipo de alfa que odeia omegas como ele, mas sinceramente, não sou confiável. Minhas chances e vontade de fugir, foram drasticamente reduzidas quando vi aquele desgraçado morrer, bem na minha frente. Faria de novo. Faria mil vezes se fosse possível. 

De toda forma, não podia ser vista por ninguém, não quero ir para a solitária por alguém como a Yani. Deixei minhas mãos andarem devagar até chegarem em sua cintura, apertando-a com força, girando seu corpo menor que o meu tão rápido, que a fez grunhir surpresa. O canivete ainda estava no meu pescoço. Mas, sinceramente, se ela quisesse me matar, já teria feito. Deixei que a lâmina penetrasse ainda mais minha pele, mas tão suavemente, que nem ao menos pensei na dor. Me aproximei, ficando o mais perto possível, sentindo a respiração da loira a milímetros do meu rosto enquanto esta olhava em direção a minha boca. Sorri uma última vez, passando a língua pelos lábios. Puxei suas mãos trêmulas para cima, fazendo o pequeno canivete cair em um baque estridente no chão. Ela parecia nervosa. Passei direto da sua boca e parei a milímetros do seu ouvido.

ーAh querida! Não te falei? Alfas me enojam ー E pousando um beijo leve no seu pescoço, me afastei minimamente, rindo dos seus olhos fechados e entregues ー Até mais. 

Me virei, ainda divertida com a situação. Tenho que colocar um curativo aqui, essa maldita não sabe o que faz mesmo. Ainda é uma criança. 

ー E-espera.... Abby ー Olhei-a de relance, sorrindo ainda mais das suas bochechas coradas. Uma assassina e tanto. 

ー Acho que preciso deixar claro, Yani. Não fale comigo, não pense em mim, não respire o mesmo ar que eu. Em dois dias, vou estar fora desse lugar, então espero que você esqueça meu nome... ele já tem dona ー Dei de ombros e saí, sem nem ao menos olhar seu rosto uma última vez. Talvez seja melhor assim, esquecer da minha existência patética nesses últimos 3 anos. 

Mexi meu pescoço e andei até a enfermaria. Ruby, era uma das poucas "amigas" que pude fazer ali. Assim que viu sangue escorrer pelo meu pescoço, correu até mim com um punhado de curativos. 

ー Que porra... você sempre se mete em merda ー Sim, ela tinha a boca mais suja que vi na vida. 

ー Yani ー E só essa explicação era suficiente ー Não foi fundo né? Odeio cicatriz. 

ー Pensasse nisso antes ー Recebi uma tapa forte na cabeça. A beta, era um pouco mais alta que eu e tinha cabelos negros. Era muito mais linda que qualquer uma aqui dentro, mas nada era suficiente para mim ー Sua idiota!

.ESCAPE. (jikook, ABO) .Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora