43. Nosy be

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Dia 1, em viagem. 

Jungkook.

Dentro desse avião, sinto meu estômago revirar mais uma vez. Não, não sou do tipo que enjoo em viagens. A verdade, é que o clima que se instaurou entre nós, é insuportável. Nunca pensei que esse dia chegaria, mas aqui estamos nós, em poltronas largas e confortáveis da primeira classe, virados um para cada lado. Jimin, fica o tempo todo lendo e escutando música, de vez em quando olha pela janela, só para se certificar de que não chegamos. 

Quando tive a ideia para essa viagem, depois do meu surto com Yang zi, pensei que esse ia ser o nosso momento de curar tudo e recomeçar. Mas, Jimin não gostou nem um pouco. Pelo menos, eu acho que não, ele não fala muito, também evita me tocar o máximo que pode. Por isso mesmo, minha ansiedade, às vezes chega ao pico. Não quero ficar longe dele, não quero que ele me afaste. Sei da minha culpa, mas, o que eu podia fazer? Era o meu irmão. Sei também que não tem haver comigo, que provavelmente Jimin tem seus próprios problemas, mas não consigo deixar de pensar que piorei tudo. 

Resolvi adiantar certas coisas, como o itinerário da viagem. Vamos ficar na minha casa em madagascar, mais precisamente na ilha de Nosy Be. Lindíssima e tranquila, assim como precisamos. A verdade, é que não suportaria mais um minuto dentro da coreia do sul, estava ficando doido. Todos os jornais, repetiam nossos nomes no mínimo vinte vezes por dia, nossos rostos estavam por toda a internet e pessoas nos seguem, procurando declarações explicações, ou até mesmo se certificar de que estaríamos bem. 

Lana não acordou, pelo menos não até eu entrar nesse avião. Jisso, a polícia, prometeu tomar cabo da investigação. Espero mesmo que ela se esforce. Não aguento mais pensar como seria se minha amiga estivesse morta agora, como eu teria realmente ficado. Mas agora, não é momento de pensar em toda a confusão lá fora, tudo parece ensurdecedor sempre. 

Respirei devagar, encostando a cabeça na poltrona e fechando os olhos. Adormeci e acordei com dois pares de olhos cor de mel, vidrados no meu rosto. Óbvio que assim que viu que acordei, Jimin desviou o olhar, quase envergonhado, voltou à sua posição de antes, ainda com os fones enterrados nos ouvidos. 

ー Sabe se estamos perto? ー Perguntei, mas ele só negou com a cabeça, olhando para as próprias mãos, pousadas em seu colo. Era sempre o mesmo, nos últimos dias. 

Liguei a tela a minha frente, colocando em modo trajeto. Morondava, era o mais perto que podíamos chegar de avião, faltando apenas 10 minutos para o pouso. Geralmente, não me importo tanto com a viagem, mas odeio pousos, parece sempre que algo vai se partir na descida. Odeio meus ouvidos tapados por causa da pressão e o formigamento na barriga.  Mas, passei a vida tendo que viajar, resolvendo coisas em nome da Elysium, ou em turnês com o meu antigo grupo. Eram bons tempos. Poder ser eu mesmo com tranquilidade, era impagável. 

ー Passageiros, porfavor, apertem os cintos, pousaremos em menos de 5 minutos ー A Aeromoça nos avisou, pelo alto falante.

 Automaticamente, apertei o meu, me virando para conferir se Jimin conseguiu botar o dele. 

Mas, como estava com os fones no máximo, não pareceu ter ouvido. Óbvio que não pensei muito antes de levar minhas mãos a sua cintura, puxando o cinto, apertando com força. Tudo deveria ter sido comum, digo, é apenas um alfa tomando conta do seu omega. Mas, Jimin, pousou suas mãos por cima das minhas, como um pedido para que eu o deixasse. Ergui meus olhos bem devagar, encontrando-se com os dele. Me arrependi de tudo, da viagem inclusive. Ele parecia tão frágil, com os olhos marejados, como se tivesse medo, mas não quisesse. Senti ali, como uma ponto do tamanho do oceano estivesse entre nós. 

ー Desculpa, Jimin-ah ー Me afastei imediatamente, sentindo meu coração pesar. 

Ele não vai me perdoar? Nunca? 

.ESCAPE. (jikook, ABO) .Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora