Capítulo 5

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ANASTÁSIA

As semanas depois daquele dia foram as melhores.
Andreia tenta me animar o tempo todo, vive tentando me fazer sair, curtir, me arrumar mais e aos pouquinhos ela tá conseguindo me fazer mudar. Só uma coisa ainda não melhorou muito. Meu medo de me aproximar das pessoas, principalmente de homens. Eu não sei o que acontece mas toda vez que um chega perto de mim fico angustiada, um desespero me toma e o medo me domina. Andreia diz que é o medo de que tenho de encontrar alguém como Jack e talvez seja isso mesmo.
Eu sofri demais nas mão de Jack e não quero sofrer outra vez. Sei que aos poucos estou melhorando, até porque nessa profissão vou ter que conviver com várias pessoas e fugir delas não é bom. 
Minha amiga briga sempre comigo pois sempre me fala que nem todos são como ele. Eu sei disso e aos poucos vou perdendo o medo.
Agora a mais nova ideia de Andreia é de que o senhor Grey gosta de mim.
Ela disse que ele quando me olha seus olhos brilham. Não sei se por influência das palavras dela ou não mas comecei a ter sonhos com ele e Senhor... Que sonhos...

A manhã passa tranquila e não vi mais o senhor Grey desde a nossa conversa e ele viajou pra ver o andamento de um projeto tecnológico. Fomos almoçar e quando voltamos fico olhando pra sala dele, mas não ouço nenhum ruído. Ele chegaria hoje mas acho que se chegar vai direto pra casa. Não sei porque mas me sinto diferente quando ele está por perto e isso não é bom. Não quero me machucar e um homem como ele jamais iria querer algo com alguém como eu. Sei muito bem o meu lugar e o que eu menos quero é me meter em confusão e perder meu emprego. Saio dos meus pensamentos com o suspiro de Andreia.
- Aí, aí... Quanto amor...
- Andreia...
- Que foi Ana? O que tem? Vocês dois são livres e desimpedidos, o que tem demais?
- O que tem demais? Tudo não é amiga. Já falei que você tá maluca pois o que ele iria querer com alguém como eu?
- Alguém como você como? Linda, maravilhosa, que seria a pessoa ideal pra ele?
- Andreia vamos trabalhar, vamos. E vamos parar de besteira porque um homem lindo, gostoso como ele nunca, jamais iria olhar pra mim.
- Ana...
- Além do mais eu não sou nada perto dele. Além do mais não quero saber disso agora.
- Ana...
- Andreia nem vem...
Ela ri, eu a olho mas dou de cara com o senhor Grey que eu nem sabia que já havia voltado, parado na porta da sala dele. Será que ele ouviu a nossa conversa?
Tomara que não.
- Seja bem vindo senhor Grey.
- Obrigado Andreia. Estou indo a uma reunião mas volto mais tarde.
- Sim senhor.
Ele fica me olhando por uns instantes e noto um sorriso de leve no canto da sua boca.
Merda... Ele ouviu.
- É... Até mais tarde. Até Andreia.
- Até senhor.
Ele vai em direção ao elevador e antes que as portas se fechem posso ver ele me olhando e... Acho que ele piscou pra mim!!!
Será que Andreia tem razão?
Não. Não pode ser.
Assim que as portas se fecham ouço Andreia suspirando.
- Amiga... Se dá uma chance. Você merece ser feliz, deixa de se menosprezar e se joga.
Me sento em silêncio e tento me concentrar no trabalho.

As horas passam rápido e Andreia já foi embora mais cedo e eu fiquei para preparar tudo pra amanhã. Me viro pra colocar tudo dentro do armário e tomo um susto quando sinto alguém atrás de mim.
- Que susto!!!
- Desculpe. Não queria te assustar.
- Eu é que peço desculpas senhor Grey. Não esperava mais ninguém aqui.
- Você pede muitas desculpas...
- É... Eu sei Descul... Aí de novo.
- Ainda aqui?
- Eu estava deixando tudo separado pra a reunião de amanhã. E o senhor? A essa hora?
- É. Eu até consegui sair da reunião a tempo mas tive um compromisso com alguém.
- Ah...
Me viro e sigo arrumando as pastas. Não sei porque mas um sentimento ruim tomou conta de mim quando ele disse isso.
- Eu... tive que ajudar a minha irmã com algumas coisas e só terminamos agora.
- Não sabia que tinha uma irmã.
- Tenho. Se chama Mia. Ela está voltando ao país e estou ajudando ela com algumas pendências.
- Gentil de sua parte ajudá-la. Bom eu já estou indo. Tenha uma boa noite.
- Já está indo? Eu te acompanho.
- Não é necessário senhor.
- Tudo bem. Eu só vou pegar umas coisas e já volto.
Ele entra rápido em sua sala. Meu Deus, eu não posso ficar sozinha com ele.
Pego minhas coisas e vou em direção ao elevador. Aperto o botão várias vezes na esperança de que ele chegue antes dele sair da sala.
- Ia embora sem mim?
Ele fala bem atrás de mim e meu corpo arrepia todo.
- Nã... Não... Eu...
Nessa hora o elevador abre e ele me olha.
- Vamos?
Entro em silêncio e ele entra logo atrás.
Quando estamos entre o sexto e o quinto andar o elevador dá um tranco e para.
- Não acredito...
Ele fala enquanto aperta os botões.
- O que houve?
- Não sei. Alguma pane mas isso é impossível pois os elevadores estão sempre com manutenção em dia.
Ele pega o telefone e da um sorriso sem graça.
- Ah ótimo. Sem sinal.
- E agora?
- Não se preocupe. Daqui a pouco o guarda de segurança vai perceber.
- Mas não podemos ficar aqui...
Sinto meu corpo tremer, o ar aos poucos vai faltando.
- Não podemos ficar aqui... Não...
- Calma. Ele já vai vir.
Meus olhos vão embaçando e respirar fica cada vez mais difícil. Uma sensação terrível como eu tinha quando Jack me prendia no quarto. É como se ele estivesse aqui. A sensação cresce cada vez mais.
Sinto que ele chega perto de mim e me segura pelo pescoço.
- Não Jack, não!!!!
Nesse momento meu corpo não me obedece mais e a escuridão me toma.

Sinto meu corpo quente. Sinto que braços quentes estão em volta de mim e uma mão acaricia meu rosto.
Contrariando tudo, meu corpo se sente bem com esse carinho, com esse toque, não me dá repulsa.
Abro meus olhos devagar e quando foco o olhar lá está ele.
- Você está bem?
Me levanto devagar e ele me ajuda a sentar.
- O que houve?
- Não sei. Você começou a ficar nervosa e de repente desmaiou.
- Aí que vergonha...
Cubro meu rosto que está pegando fogo de tanta vergonha. Ele senta ao meu lado, segura minhas mãos e tira do rosto.
- Ei, tudo bem. Você tem claustrofobia?
- É... Um pouco...
- Não se preocupe. Já estão trabalhando nisso. Quando você desmaiou, o guarda nos chamou e avisou.
- Ainda bem.
- Eu... Posso te fazer uma pergunta?
- Pode.
- Quem é Jack?
Que??? Como???
- Como assim?
- Durante sua crise você me chamou de Jack. Quem é Jack?
- Ah... Eu... Não sei. Devo ter me confundido.
Falo tentando despistar.
Termino de falar e o elevador dá outro tranco e desce devagar.
- Até que enfim.
Nos levantamos, pegamos nossas coisas e as portas do elevador abrem.
- Vocês estão bem?
- Sim estamos. Amanhã quero esse problema resolvido e quero que descubram o que aconteceu.
- Sim senhor.
Vamos em direção a saída, me despeço e ele me chama.
- Como você vai ir pra casa?
- Eu... Vou pegar um táxi...
- Táxi? Nem pensar. Eu te levo.
- Não!!! Não é necessário. Eu... Peço que por favor esqueça o que aconteceu tudo bem?
- Ah... Tudo bem. Se você quer assim.
- Quero sim. Boa noite senhor Grey.
- Boa noite.
Vejo que vem vindo um táxi.
Faço um sinal pra ele que para e na mesma hora entro sem dar chance dele falar mais alguma coisa.

Tadinha da Ana...
Precisa de um belo incentivo pra se libertar desses traumas...

Resgatando O Amor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora