Inserida

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O nome do curandeiro era Gadreel.
Como era uma alma, por natureza ele era inteiramente bom: compassivo, paciente, honesto, virtuoso e cheio de amor. A ansiedade era uma emoção incomum para Gadreel. A irritação de ainda mais rara. Contudo, como Gadreel vivia dentro de um corpo humano, as vezes era impossível escapar da irritação.
E como os cochichos dos estudantes Curandeiros rumorejassem no extremo da sala de operação, seus lábios ze comprimiam numa linha apertada. A expressão ficava fora do lugar numa boca dada a sorrir com frequência.
Metatron, seu assistente habitual, vou a careta e deu um tapinha em seu ombro.
-Eles só estão curiosos - disse baixinho.
-Uma inserção não chega a ser exatamente um procedimento interessante ou desafiador. Qualquer alma pode realizá la no meio da rua numa emergência. Nada há que eles aprenderão observando hoje - Gadreel ficou surpreso ao ouvir o tom cortante retornando sua voz suave.
- Eles nunca viram um humano adulto - disse Metatron.
Gadreel ergueu uma sobrancelha.
-São cegos para o rosto um do outro? Não tem espelhos?
-Você sabe o que eu quis dizer...um humano selvagem. Ainda sem alma. Um dos insurgentes.
Gadreel olhou para o corpo inconsciente do jovem, deitado de bruços na mesa de operação. A compaixão encheu seu coração quando ele se lembrou de quanto aqule pobre corpo estava arrebentado quando os buscadores o levaram para a instalação de Cura. Quanta dor ele devia ter sofrido...
É claro, agora ele estava perfeito , completamente citado. Gadreel cuidara disso.
-Ela se parece com qualquer um de nos- murmurou Gadreel para Metatron -Quando ele acordar, também será um de nós.
- É fascinante pra eles, só isso.
- A alma que implantamos hoje merece mais respeito do que ter seu corpo hospedeiro observado desse jeito novo. Ele já vai ter coisa demais com que lidar enquanto estiver se aclimatando. Não é justo faze lo passar por isso.- E por isso ele não quer dizer olhares tolos. Gadreel ouviu o tom cortante retornar a sua voz.
Metatron deu lhe um outro tapinha.
-Vai dar tudo certo. Os buscadores precisam de informação e...
A palavra buscadores, Gadreel lançou um olhar para Metatron que só poderia ser descrito como um moda de encarar. Metatron piscou, aturdido.
- Sinto muito - desculpou se imediatamente- Eu não queria reagir de forma tão negativa. É so que temo por essa alma -Seus olhos de deslocaram para para o criotanque sobre seu suporte ao lado da mesa. A luz era de um vermelho escuro constante, o que indicava que o criotanque estava ocupado e em modo de hibernação.
-Está alma foi especialmente escolhida para a indicação. - Disse metatron para acalma lo- Ela é execepcional entre os de nossa espécie...mais valente que a maioria. As vidas dele falam por si. Achoe se ofereceria voluntariamente, se fosse possível perguntar.
-Quem dentre nós não se apresentaria voluntariamente quando solicitado à fazer algo em nome do bem maior? Mas será esse caso aqui? Estamos servindo ao bem maior com isso? A questão não é a disposição dela, mas o que é certo pedir a uma alma servindo, qualquer que ela, que suporte.
Os estudantes curandeiristas também debatiam sobre a alma em hibernação. Gadreel podia ouvir os sussuros claramente; a voz deles se elevando, ficando mais alta a medida que se entusiasmavam.
- Ele viveu em seis planetas.
-Ouvi dizer que foram sete.
-Eu soube que ele nunca viveu duas durações na mesma espécie hospedeira.
-Isso é possível?
-Ele foi quase tudo. Flor, Urso, Morcego, Aranha...
- Alga, Morcego...
-Até mesmo Dragão!
- Não acredito...não em sete planetas.
-Pelo menos sete. Ela começou em Origem.
-É mesmo? Origem?
-Silêncio por favor -interrompeu Gadreel- Se não foram observar profissionalmente e em silêncio, precisarei pedir que saiam.
Envergonhados, os seis estudantes ze calarame e se afastaram um pouco um do outro.
-Vamos em frente com isso, Metatron.
Tudo estava preparado. Os remédios apropriados foram dispostos ao lado do humano. Deus cabelos claros estavam presos sob o gorro cirúrgico, expondo o pescoço delgado. Profundamente sedado, ele inspirava e expirava devagar. A pele queimada de sol mal exibia uma marca de seu...acidente.
- Comece a sequência agora, por favor, Metatron.
O assistente grisalho que já esperava ao lado do criotanque,  a mão sobre o dial,  removeu o pino de segurança e girou o botão para trás. A luz vermelha na parte superior do pequeno cilindro cinza começou a pulsar, piscando com mais rapidez a casa segundo, mudando de cor.
Gadreel concentrou de no corpo inconsciente. Introduziu, com movimentos curtos e precisos, o bisturi na pele a altura da base do crânio do paciente, e então aspergiu uma medicação que diminuiu o excessode sangramento antes que ele aumentasse a fisura. Gadreel explorou delicadamente sob os músculos do pescoço, com cuidado para não machuca los, expondo os ossos descorados no alto da coluna vertebral.
-A alma está pronta Gadreel - Informou Metatron.
-Eu também. Traga-a.
Gadreel sentiu Metatron em seu cotovelo e soube, sem olhar que seu assistente estaria preparado, a mão estendida e esperando; eles trabalhavam juntos havia muitos anos. Gadreel manteve a incisão aberta.
-Mande-a pra casa - sussurrou ele.
A mão de Metatron entrou no campo de visão, o brilho de prata de uma alma despertando na palma de sua mão em concha.
Gadreel nunca viu uma alma exposta sem que ficasse impressionado com sua beleza.
A alma resplandeceu as luzes brilhantes da sala de operação, mais reluzente que o instrumento prateado que refletia em sua mão. Como uma fita viva, ela se contorceu e serpeou, espreguiçando se feliz por estar livre do criotantanque. Dealgadas e plumosas, suas conexões, quase um milhar delas, ondearam suavemente como cabelos prateados. Embora fossem todas encantadoras, essa pareceu particularmente graciosa aos olhos de Gadreel.
Ele não estava sozinho em sua reação. Ouviu o leve suspiro de Metatron, escutou os murmúrios admirados dos estudantes.
Delicadamente, Metatron colocou a pequena criatura reluzente na abertura que Gadreel fizera no pescoço humano. A alma escorregou suavemente pra dentro do espaço oferecido, entrelaçando se na anatomia alienígena. Gadreel apreciou a habilidade com que ela tomou posse do novo lar. Suas conexões enroscaram se apertadas ao redor dos centros nervosos, tomando seu lugar, algumas alongado se é aprofundando se em pontos que ele não podia ver, para baixo e para cimacerebro adentro, os nervos óticos, os canais auditivos. Ela era muito rápida, muito firme em seus movimentos. Logo, apenas um pequeno segmento de seu corpo reluzente era visível.
-Muito bem- sussurou ele, sabendo que ele não podia ouvir. Era o humano que tinha ouvidos e ele ainda dormia profundamente.
Era um gesto de rotina para concluir o trabalho. Ele limpou a tratou o ferimento,  passou a pomada que vedava a incisão logo atrás da alma, em seguida aplicou o pó especial para prevenir cicatrizes sobre a linha deixada no pescoço.
-Perfeito, como de praxe- disse o assistente que por alguma razão insondável para Gadreel, não mudara o nome de seu hospedeiro humano, Metatron.
Gadreel deu um suspiro.
-Lamento o trabalho de hoje.
-Você só está cumprindo seu dever de Curandeiro.
-Esta é uma das raras ocasiões que curar gera um dano.
Metatron começou a limpar o equipamento. Ele pareceu não saber como responder. Gadreel estava atendendo a seu chamado. Isso era suficiente para Metatron.
Mas não bastava para Gadreel, que era um verdadeiro Curandeiro até o âmago de seu ser. Ele olhou fixa e ansiosamente para o corpo masculino, pacificado no sono, sabendo que aquela paz seria despedaçada assim que ele acordasse. Todo o horror do fim daquele jovem seria suportado pela alma inocente que ele acabará de por dentro dele.
Ao se inclinar sobre o humano e sussurrar em seu ouvido, Gadreel desejou ardentemente que a alma dentro dela pudesse ouvi lo.
- Boa sorte, pequeno anjo, Boa sorte. Como queria que você não precisasse disso...

A Hospedeira/DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora