Capítulo 1

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Ano de 2001

Felipe
Passei toda minha vida lidando com o aparente sumiço do meu pai após ter descoberto que minha mãe estava grávida de um filho dele. Além disso, também tive que lidar com a minha mãe alcóolatra que passa seus dias enchendo a cara em qualquer barzinho que encontrar. E é em um desses botecos que minha mãe deve estar agora.

Porém, hoje irei aproveitar a minha maioridade conquistada a poucas semanas. Meu melhor amigo Diogo me chamou para ir em uma mini social na casa da namorada dele, a Natália. E ainda me disse que tem uma 'surpresinha' pra mim.

Ouvi sons de buzina lá em baixo, suponho que ele já tenha chegado para irmos juntos.

- E aí, Augustinho? - ele me chama assim por implicância com o meu nome composto, Felipe Augusto.

Logo chegamos e já tive uma pequena impressão de que a namorada dele tem uma considerável condição financeira devido a enorme casa, acho que nunca entrei em uma tão grande assim.

Quando percebi já havia um copo de cerveja na minha mão, olhei para o lado e já haviam pessoas se jogando na piscina e no outro lado tinha uma rodinha de pessoas gritando: "vira, vira, vira".

Natália vinha em nossa direção e estava de mãos dadas com uma garota que parecia estar tão assustada quanto eu.

- Oi, amor. Achei que não iria vir. - Natália disse enquanto cumprimentava Diogo com um beijo.
A garota desconhecida revirou os olhos.

- Oi, Fê? Como você tá?

Natália me deu um abraço, e puxou para mais perto a garota desconhecida.

Diogo me olhou de lado e me deu uma piscadela. Eu não estava entendendo muito bem o que aquilo significava.

- Fala logo, Natália. - Diogo disse.

- Fê, essa é minha melhor amiga. O nome dela é Elizabeth, mas pode chamá-la de Beth.

A suposta Elizabeth a repreendeu com o olhar.

- Agora sim você pode aproveitar a sua maioridade da melhor maneira possível! - Diogo disse e logo em seguida soltou uma gargalhada.

- Eu não sou o brinquedinho do seu amigo, Diogo! - a garota finalmente disse algo.

- Não faça cena, menina. Não finja que você não quer. - a garota ia dizer algo quando Diogo continuou: - E então Felipe? Não vai dizer nada?

- Não tá vendo que a moça está desconfortável? - falei.

- Não seja maricas, Augustinho.

- Chega disso! Eu vou embora agora! Me surpreende você ter concordado com isso, Natália. - Elizabeth disse.

Logo em seguida ela cruzou os braços e foi caminhando pela estrada, espero que a casa dela não seja tão longe.

- Amiga, espera! Eu te levo de carro. - Natália gritou.

Elizabeth virou-se e negou com a cabeça, e então continuou caminhando.

Sei que a moça provavelmente não gosta de mim, mas eu não poderia deixar ela caminhar a noite sozinha, principalmente se a casa dela não for tão perto.

Natália e Diogo já haviam sumido do meu campo de visão, então corri em direção de Elizabeth.

- Garoto, já deixei bem claro que não quero nada com você. - ela falou assim que eu cheguei.

- Tudo bem, eu entendi essa parte. Só quero te acompanhar até sua casa, nós podemos ir em silêncio se quiser.

Ela olhou para mim e eu esperava que ela esbravejasse algo comigo, mas ela me deu um sorriso e falou:

- Obrigada.

Realmente a casa dela não estava nem um pouco perto, já havíamos andado bastante e pelo visto a caminhada não iria acabar tão cedo.

- Tá chegando? - perguntei

- É a terceira vez que você pergunta isso nos últimos 10 minutos.

- E é a terceira vez que você não dá uma resposta para a minha pergunta.

- Acho que daqui uns 30 minutos a gente chega.

Minha boca já salivava e meu estômago roncava quando eu vi uma lanchonete ao lado.

- Uma pausa para comer, pelo menos? - perguntei.

- Tudo bem, também estou com fome.

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