Capítulo 12

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Ano de 2005

Felipe
Minha mãe veio em minha direção e ao me dar um abraço disse:

- Oi, meu filho. Quanto tempo!

- Mãe, nos vimos faz uma semana.
Ela passou a mão em meus cabelos e falou:

- Uma semana é muito pra mim.

Toda semana minha mãe me atualizava das novas notícias da clínica:

- O Vítor recebeu alta anteontem, agora minha única companhia aqui é a Cecília. Denise continua com seus surtos, ela está aqui antes mesmo de eu chegar e não notei melhora alguma; ontem a noite ela agrediu um enfermeiro porque ele se recusou a dar morfina a ela. E pelo visto, a fuga do Augusto deu certo. Estou com a impressão de que alguém daí de fora ajudou ele a fugir, a polícia procurou o homem por essa cidade todinha e ele tomou um chá de sumiço tão forte que já faz uma semana que não temos notícias dele.

Após ela me contar todas essas notícias que são o único passatempo dela, começou com as perguntas:

- E a Elizabeth? Tá bem?

- Tá sim, mãe.

- Deixe pra marcar o casamento quando eu sair daqui hein.

- Dona Lúcia, a senhora sabe muito bem que está cedo demais pra casamento.

Ela fez uma careta, odiava quando eu a chamava de "Dona Lúcia".

- Mas meu filho, pensando bem vocês já levam uma vida de casados. Já até juntaram as escovas de dentes, só falta uma assinatura em um papel pra isso ser um casamento mesmo. A parte mais difícil vocês já fizeram.
E no final das contas, minha mãe tinha razão. Somos namorados que levam vida de casados.

- Então mãe, tenho algo pra lhe contar.

- Não acredito! Vou ser vovó?

- Ahn... não.

E eu contei tudo a ela. Minha mãe chorou, me abraçou inúmeras vezes e pediu perdão umas seis vezes por ter "perdido" grande parte da minha vida graças ao vício na bebida.

Depois de alguns minutos já estava na hora de eu ir.

- Mãe, nos vemos em uma semana.
Ela me apertou mais um pouco e enfim disse:

- Me desculpe por tão cedo ter deixado você como um órfão com pais vivos. Eu amo você, meu filho!

- Também lhe amo, mãe.

Eu dei um beijo na testa dela e parti para casa.

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