Ano de 2006
Felipe
Como ela disse, quando eu voltei ela realmente estava dormindo e nem parecia fingimento; acho que ela realmente pegou no sono.- Liz? – dei leves balançadas no braço dela.
Liz lentamente foi abrindo os olhos e abriu um sorriso, creio que ela pensou: “Não acredito que eu dormi de verdade”.
E assim, ficamos nós dois comendo nosso café da manhã na cama, até percebermos que mesmo acordando bem cedo já estávamos atrasados para a aula.
- Eu tomo banho primeiro! – Liz saiu gritando com uma toalha pendurada no ombro.
Como o único banheiro da casa estava ocupado, então só me restou esperar Elizabeth sair do banho.
Continuei comendo o que restava na bandeja que Liz me trouxe, foi quando notei que havia um papel e nele estava escrito:“Quando começamos a namorar você me chamava de ‘amor’ e eu o chamava apenas pelo seu nome, com o tempo você parou de me chamar assim também. Mas eu nunca lhe expliquei o motivo de nunca tê-lo chamado desse jeito. É que seria muito simples limitar essa sensação disrítimica com um termo assim, tão corriqueiro. Quer dizer, é claro que você é o meu amor, mas pra nós dois só ‘amor’ não basta. A poesia que sai dos meus lábios quando digo ‘amor’ é incomparável com a poesia que o nome ‘Felipe’ é. Feliz dia dos namorados, eu amo você. Pra sempre o meu amor. Pra sempre o meu Felipe.”
Fiquei extasiado de alegria ao ler isso, fiquei sorrindo atoa durante o dia todo. Ainda não consigo entender, pela primeira vez o texto que eu escrevi pra ela é maior do que o texto que ela escreveu pra mim. Mas ainda assim, o dela é incomparavelmente melhor que o meu. Faz quatro anos que tento supera-la em relação a isso, mas na quarta vez eu entendi que minha área são as exatas e só, nunca vou conseguir ser melhor que uma escritora na escrita.
Quando cheguei em casa cozinhei o mais rápido possível um strogonoff, – prato preferido de Liz – e de sobremesa não poderia faltar o doce preferido dela: mousse de maracujá. A minha sorte é que mousses são rápidos e fáceis de serem feitos.
Quando ela chegou ficou muito animada com a comida que eu havia preparado. Nem foi tomar banho, pois disse:
- Eu tomo banho depois que comer, essa comida é mais importante que higiene pessoal.
Ela me encheu de beijos como forma de agradecimento e, pra falar a verdade, desconheço uma maneira de agradecer melhor do que essa.
Quando terminamos de jantar eu tirei do meu bolso uma caixinha. Uma caixinha que continha o presente que eu havia comprado pra ela. Hoje seria o momento perfeito pra pedi-la em casamento mas eu não poderia prende-la a mim, não quando eu tenho praticamente a minha certidão de óbito já assinada. Não posso fazer com que ela seja esposa e viúva no mesmo ano. Por isso eu lhe dei um colar, tinha um pequeno coração no pingente e ele reluzia um brilho tão belo, achei que era a cara de Liz. Também lhe entreguei a carta que eu havia escrito na noite anterior. Espero que pelo menos a faça sorrir.
- Ah! Eu amei! Eu amei muito muito muito. – ela gritou quando viu o colar e a carta. – Vou guardar para ler mais tarde quando. – falou se referindo a carta e logo a colocou no bolso da calça.
Ela se jogou em cima de mim e ficou me apertando por tanto tempo que eu poderia dormir ali mesmo.
- Você precisa tomar banho. – falei.
Ela deu uma gargalhada.- Preciso mesmo. Você acha que tem problema se eu tomar banho com o colar? É que eu não quero tirar ele nunca mais. – ela ficou uns 3 segundos pensando. – É, acho que pior do que tirar o colar pra tomar banho seria acabar estragando ele.
E ela saiu sorrindo em direção ao banheiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
360 HORAS
RomanceElizabeth e Felipe tinham tudo para dar certo, até que uma doença fatal e minuciosa os ataca quando eles menos esperam. Os dois terão que sobreviver a isso juntos... ou não!