Ano de 2005
Felipe
Elizabeth me olhava com as sobrancelhas arqueadas. Minha respiração começou a ficar mais ofegante, como se não houvesse oxigênio suficiente naquele ambiente e comecei a suar frio.De repente, tudo ficou preto.
Depois disso, só me lembro de ter acordado na cama de um hospital com Elizabeth sentada em uma cadeira ao meu lado e ela dormia como um anjo. Havia um monitor ao meu lado e vários fios ligados a mim. Fiquei olhando o teto do hospital por alguns minutos e foi quando Elizabeth começou a despertar, ela me olhou com aqueles olhinhos brilhando e com a cara inchada de choro.
Ela levantou-se com um pulo e veio em minha direção e me deu um abraço bem apertado, depois ela encheu meu rosto de beijos.
- Que susto você me deu! - ela falou com os olhos cheios de lágrimas.
Em seguida, Liz foi atrás de uma enfermeira que logo veio ao quarto em que eu estava para checar meus sinais vitais. Segundo a enfermeira eu estava estável.
- Logo a cardiologista chega aqui. - a enfermeira disse ao sair.
Enquanto esperávamos a tal cardiologista, Elizabeth me contava tudo que havia acontecido.
Ela me falou que eu acabei desmaiando e começou a sair muito sangue da minha cabeça porque eu havia caído no chão quando desmaiei. Ficou muito desesperada porque não tinha forças o suficiente para me arrastar até o carro e assim me levar ao hospital, então teve que ligar para uma ambulância. Checou meu pulso e não sentiu meus batimentos e ficou ainda mais desesperada. Porém, a ambulância chegou rápido e dentro da ambulância mesmo eles começaram a ressuscitação. Usaram um desfibrilador três vezes para conseguir fazer com que meu coração voltasse a bater. Quando cheguei aqui no hospital, os médicos injetaram remédios em mim e fiquei desacordado até então.
Quando Elizabeth terminou de contar tudo, a suposta cardiologista apareceu com um formulário nas mãos.
- Boa tarde! - ela nos disse. - Eu sou a Doutora Janaína, prazer. - ela nos cumprimentou com um aperto de mão.
A médica prosseguiu:
- Então Felipe, hoje pela manhã você teve um ataque cardíaco e houve uma hemorragia externa na sua cabeça. Enfaixamos a sua cabeça e fizemos uma tomografia cerebral para vermos se houve alguma hemorragia interna, e felizmente não há. Foi apenas uma concussão. Depois, Fizemos um ecocardiograma para descobrir o motivo do seu infarto e infelizmente descobrimos uma massa maligna localizada em seu coração, o que é muito raro. Confirmamos isso com um exame de sangue que o resultado acabara de chegar. - a médica me entregou o papel do exame.
Eu já estava ciente disso devido ao exame de sangue que eu havia feito, por isso não fiquei surpreso embora meus olhos tenham se enchido de lágrimas ao ver Elizabeth aos prantos.
A médica continuou dizendo:
- Esse tumor deve estar aí por muitos anos, por isso ele está relativamente grande, o que torna praticamente impossível a cirurgia de remoção de tumor porque se fizermos essa cirurgia teríamos que dissecar parte do seu coração, o que te levaria ao óbito. O melhor para você nesse momento seria um transplante, porém sempre demora muito tempo para conseguir e me arrisco a dizer que seu coração extremamente cansado e sobrecarregado não suportaria esperar por um transplante. Meu melhor conselho como cardiologista seria fazer a quimioterapia e radioterapia enquanto espera um transplante de coração.
A cada frase que a doutora dizia, Elizabeth chorava ainda mais, e lágrimas também rolavam pelo meu rosto.
- Te deixarei em observação até amanhã se optar por fazer a quimio e a radio e daqui a três dias você volta aqui para a nossa primeira sessão.
Pensamentos explodiam em minha cabeça, eu sabia que haviam pouquíssimas chances de sobrevivência então eu pensava se valia mesmo a pena tentar fazer o tratamento porque ainda assim minhas chances de morrer são maiores que as de viver. Por mim, eu simplesmente voltava para casa e aproveitava meus últimos meses de vida da melhor forma possível. Mas ao olhar Elizabeth, me observando apreensiva esperando pela minha decisão eu não podia escolher algo além de tentar viver. Viver não por mim, mas por ela. Porque quero usar todas as minhas chances que eu tiver para poder passar o máximo de tempo com ela e se o tratamento é minha única chance, então irei agarrá-la com todas as minhas forças. Liz não merece perder mais ninguém, ela é a pessoa mais forte que conheço e não merece adicionar mais um nome na lista de pessoas que ela perdeu cedo demais.
- Irei fazer o tratamento. - falei.
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360 HORAS
RomanceElizabeth e Felipe tinham tudo para dar certo, até que uma doença fatal e minuciosa os ataca quando eles menos esperam. Os dois terão que sobreviver a isso juntos... ou não!