Capítulo 3

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Ano de 2001

Felipe
- O que foi? São 7 horas da manhã, cara. Custava me ligar mais tarde? - Diogo disse assim que atendeu meu telefonema.

- Preciso conversar com você, Diogo. Espero que você tenha maturidade pelo menos nessa conversa.

- Augustinho, não me venha com lições de moral. O galo do vizinho nem cantou ainda e eu estou com uma dor de cabeça danada. Deixa pra vir com essas suas histórias 'mimizentas' outro dia, falou?

- Diogo, vê se cresce. A quinta série não sai de você, né?

Desliguei a ligação, seria quase impossível ter uma conversa civilizada com o Diogo.

MESES DEPOIS
Eu e Elizabeth nos aproximamos bastante nos últimos meses, ela é toda durona e indelicada mas nós dois sabemos que no fundo ela é toda sensível e é completamente insegura com as pessoas por medo de ter um coração partido, acho que ela já perdeu pessoas demais desde muito cedo. E ela mais do que ninguém sabe o quanto dói tudo isso, exatamente por esse motivo, ela foge das pessoas.

Mas ela só precisa de alguém disposto a atravessar essas barreiras invisíveis que existem em volta dela e, somente um tolo se recusaria a atravessar essas barreiras. Se todos vissem o quão incrível ela é, jamais hesitariam em querer se aproximar dela. E certamente eu não sou um tolo.

Eu ainda tenho muito para conhecê-la, ela é como aqueles livros com tantas páginas que você só se imagina terminando de lê-lo após umas semanas, mas quando percebe já está no capítulo final em menos de 5 dias. Mas ela tem muito mais conteúdo que esses míseros livros, 5 dias são pequenos demais para conhecê-la, um ano ou dez também são insuficientes. Espero que ela me dê a oportunidade de conhecer cada cantinho do interior dela durante a nossa vida inteira.

E sim, eu pareço um louco apaixonado falando dela mas, eu me pergunto: quem não ficaria assim? Até eu que sou mergulhado da cabeça aos pés em exatas, acabo me perdendo na poesia que aquela mulher é.

Estava com tanta saudade da voz dela, que decidi ligar pra ela.

- Oi, chatinho. Vai me ligar todo dia agora? - ela disse quando atendeu.

- Não finja que não está gostando. - ela soltou uma risadinha. - E então, como foi seu dia, Liz?

- Eu fui na biblioteca pública e peguei alguns livros lá, você vai amar um deles, o nome é "Se Houver Amanhã".

- Você sabe que eu não gosto muito de livros, né? Letras demais me dão sono.

- Não fale assim, meus filhos ficam chateados quando você fala isso.

- Eu já te falei que seus livros não são seus filhos, não é? - ela riu novamente. - E então, o que mais você fez?

- Hummm, eu assisti uns seriados de investigação criminal e cozinhei.

- Cozinhou? Conte-me mais. Eu achava que você era péssima na cozinha.

- Mas eu sou. Fui fazer um bolo, mas esqueci de colocar fermento e coloquei sal demais.

Dei altas gargalhadas, era hilário o quanto ela cozinhava mal mas insistia mesmo assim. Continuei:

- Então, hoje é sábado. O que acha de vir aqui amanhã para assistirmos alguma coisa? A gente aproveita e faz um bolo para compensar o que você fez hoje.

- Combinado! Mas, você cozinha e eu só assisto.

- Fechado!

- Estou caindo de sono, vou ir descansar a beleza. Beijo!

- Beijo, Liz.

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