Capítulo 20

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Ano de 2005

Felipe
Fechei a porta e sentei-me no chão, abracei meus joelhos e chorei igual criança. Ouvi batidas na porta e uma voz dizendo:

- Lipe, por favor. Eu já mandei ele ir embora. E eu sei que tudo te leva a acreditar que eu realmente te traí, mas eu nunca tive nada com o Matheus. Confia em mim.
Enxuguei meus olhos, levantei-me e abri a porta.

Olhei-a fixamente. Ela tremia e o rosto estava vermelho de tanto chorar, imagino que o meu esteja assim também.

- Jura? Se vocês nunca tiveram nada como me explica aquele beijo que eu acabei de ver? – falei firmemente.

- Ele me agarrou! Eu juro, ele me forçou. Olhe os meus braços. – ela estendeu os braços e estavam cheios de hematomas. – Ele apertou o meu braço e ficou me segurando enquanto me forçava a beijá-lo. Eu fui assediada!

- Por favor, assuma seus erros, Elizabeth.

- Eu realmente não sei como posso fazer você acreditar em mim. – ela andou em direção a cama, sentou-se e passou a mão nos cabelos.

Fiquei alguns segundos paralisado. Eu queria muito ficar, mas não posso ficar com alguém que perdi completamente a confiança. Não faz sentido pra mim manter-se em um relacionamento em que não confia no seu companheiro.

Fui em direção ao guarda roupa e comecei a tirar as minhas roupas do cabide.

- O que está fazendo? – Elizabeth perguntou.

- Indo embora.

Peguei tudo que eu pude, o necessário para alguns dias.

- Depois eu venho aqui pegar o resto. – falei.

- Você vai ir para um hotel? – Elizabeth perguntou enquanto secava as lágrimas que estavam em sua bochecha.

Assenti sem conseguir olhar nos olhos dela.

- Posso te pedir uma última coisa? – ela perguntou.

- Pode.

- Me dá um abraço? – ela pediu com a voz embargada.

Soltei as minhas malas e fui em direção a ela. A abracei. O cheiro do shampoo dela entrou pelas minhas narinas e molhei um pouco os cabelos dela com as minhas lágrimas. Ela passou a mão mas nas minhas costas e me apertou.

- Eu te amo muito, Felipe. Vou ficar aqui esperando pelo dia em que você vai acreditar em mim, eu sempre vou te esperar. – ela sussurrou em meus ouvidos.

- Se cuida, Elizabeth! – eu disse.
Soltei-a e parti. Parti sem olhar nos olhos dela pois eu sabia que se olhasse, eu voltaria atrás, parti com o coração apertado, parti com o cheiro dela grudado em mim. Parti.

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