6 MESES DEPOIS
Ano de 2006Alicia
O Matheus foi meu primeiro e único namorado. Confesso que foi tudo como sempre sonhei, eu realmente me senti uma verdadeira princesa dos contos de fadas quando estávamos juntos, mas acho que após anos juntos as coisas acabaram entrando na rotina. Acabei me acostumando com ele sempre comigo, acabei me acostumando com o amor dele e acho que aconteceu o mesmo com ele.Eu não deixei de ama-lo por causa disso, mas a paixão enfraqueceu. Se é que existiu paixão. Ele era incrível, me tratava bem e fazia as minhas vontades mas eu nunca senti aquela coisa ardente que eu lia nos livros de romance. As famosas borboletas no estômago, o coração acelerado, a saudade intensa. Quando nos conhecemos eu tinha apenas 16 anos e ele 17, éramos tão jovens, tão inexperientes, tão infantis. Quando ele apareceu dizendo todas aquelas coisas bonitas, com um olhar sedutor e uma barba rala no rosto, eu realmente pensei: “Encontrei o amor da minha vida!”. Talvez eu tenha confundido entusiasmo com paixão.
Mas isso nunca foi motivo pra eu traí-lo. Mas ele me traiu. Se apaixonou por outra mulher, por uma amiga minha. É claro que isso foi péssimo e eu passei meses pensando no quão insuficiente, ridícula e insuportável eu era por ele preferir outra ao invés de mim. Eu olhava para a Elizabeth e ficava nos comparando. Ficava pensando nas qualidades que ela tinha e eu não, ficava pensando nos defeitos que eu tinha e ela não. Mas nunca foi algo sobre “nós” e sim sobre “ele”. Acho que ele nunca se apaixonou por mim, como eu nunca me apaixonei por ele; pelo menos fico feliz por ele ter sentido todas essas coisas dos livros de romance, mesmo que não tenha sido comigo.Não demorei muito pra “superar”. Na primeira semana eu me senti no fundo do poço, chorava horas e horas, ouvia músicas tristes e chorava mais ainda, eu só não chorava quando estava dormindo, mas eu sonhava com ele e acordava chorando. Mas quando essa semana passou, antes mesmo de eu perceber eu estava normal. Eu estava completa.
Foi quando tudo começou. Natália estava passando por uma coisa terrível e devidamente ela levou bastante tempo pra superar. Ela vivia receosa, com medo, nervosa, preocupada e com saudade. Saudade do Diogo. Acho que ela sabia que ele era um monstro, que ele havia jogado ela no fundo do poço, mas ele já foi o amor da vida dela. Ela já se apaixonou por ele de uma maneira que eu nunca me apaixonei pelo Matheus. Mas com o tempo ela foi melhorando, jogando álcool em suas próprias feridas e esperando pela cicatrização. Semana passada eu a vi sorrindo genuinamente pela primeira vez em meses, aquilo aqueceu meu coração.
Faz dois meses que eu senti, que eu senti de verdade. Agora eu entendo que quando se apaixonar de verdade, não vai haver dúvidas se aquilo é ou não paixão, você simplesmente vai saber. E eu me apaixonei. Me apaixonei pela Natália.
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360 HORAS
RomansaElizabeth e Felipe tinham tudo para dar certo, até que uma doença fatal e minuciosa os ataca quando eles menos esperam. Os dois terão que sobreviver a isso juntos... ou não!