Ano de 2006
Felipe
7° DIA
Nunca fui a um Parque de Diversões e desde pequeno sempre foi um dos meus sonhos, mas nunca tivemos condição financeira para “sonhos”. Como minha avó sempre disse, tínhamos que “vender o almoço para comer a janta”. Após eu começar a faculdade, sonhos de infância se tornaram irrelevantes. O foco passou a ser estudar e trabalhar, nada além disso.Hoje, o meu sexto desejo a ser realizado será “Ir a um Parque de Diversões” e mal posso esperar para sentir aquele frio na barriga ao olhar pra baixo quando eu estiver no topo de uma Roda Gigante.
Quando chegou a noite, Elizabeth e eu saímos de casa em direção ao Parque de Diversões da cidade. No Parque era tudo muito colorido e brilhante, parecia saído de um sonho. As crianças corriam animadas puxando as mãos de seus pais, alguns estavam sentados comendo e outros gritavam com a adrenalina dos brinquedos. Desejei profundamente ter vivido isso na minha infância, mesmo que agora estou tendo essa experiência teria sido tão diferente. Queria ter tido isso quando a vida era mais simples e doce, quando minha única preocupação era se eu poderia brincar com os meus amigos na rua até mais tarde, quando a minha imaginação me tornava quem eu quisesse ser.
Compramos as fichas para podermos usar os brinquedos do parque.
- Montanha Russa primeiro! – Elizabeth falou com as mãos unidas em forma de súplica.
Acho que uma das características de amar muito alguém é desaprender a dizer “não”. Isso não quer dizer que Elizabeth é a minha dona, mas sim que eu faria de tudo para vê-la feliz.
Assim, fomos na Montanha Russa. Nas subidas, eu dava um olhar apreensivo e Elizabeth um olhar ansioso e nas descidas, eu soltava um grito de terror e Elizabeth um grito de animação.Quando saímos de lá senti uma leve tontura mas estava extremamente animado com tudo aquilo.
- Minha vez de escolher o próximo brinquedo. – falei e olhei a minha volta tentando enxergar todas as minhas opções. Eu estava em dúvida entre o Carrinho Bate Bate e o Barco Viking. – Vamos no Bate Bate. – decidi.
- Por acaso tem 9 anos? – Elizabeth perguntou com ironia, mas segurou em minha mão até caminharmos aos carrinhos.
- É que agora eu quero um brinquedo com um pouco menos de adrenalina. Se eu for em outro brinquedo como a Montanha Russa pelos próximos 3 minutos, então irei acabar vomitando todos os meus órgãos.
Mesmo achando “coisa de criança”, Elizabeth se divertiu muito no Carrinho Bate Bate e eu também. Soltamos muitos gritos eufóricos e gargalhadas extravagantes, nossa garganta e barriga acabaram doendo com tanta animação.
Depois disso, fomos a Roda Gigante, Barco Viking, uns outros carinhos malucos que ficavam correndo e girando em uma velocidade assustadora, acabamos cedendo até ao Carrossel – ideia minha, obviamente -, tentei convence-la a ir com o argumento:
- Quando um casal de filmes de comédia romântica vão a um parque de diversão eles sempre dão uma voltinha no Carrossel.
Mas Elizabeth rapidamente refutou:
- Seria uma ideia incrível e romântica se nós fôssemos um casal de filme.
Acabei tendo que apelar usando o argumento ‘Câncer’:- Poxa, mas eu vou morrer em tão pouco tempo... Seria tão difícil assim pra você se fosse no Carrossel comigo apenas uma vez?
E então, fomos ao Carrossel.
Demos uma pausa para comer algo ali no Parque mesmo e depois nos divertimos mais um pouco com os brinquedos.
Até perdemos a noção do tempo e só fomos embora quando o Parque de Diversões estava prestes a fechar.
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360 HORAS
RomanceElizabeth e Felipe tinham tudo para dar certo, até que uma doença fatal e minuciosa os ataca quando eles menos esperam. Os dois terão que sobreviver a isso juntos... ou não!