Capítulo 1

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DAY

Estava chegando a reta final do The Voice e eu tava uma pilha de nervos por conta da apresentação. Senti um toque suave em meu braço.

- Oi, Day.

- Hey, Carol. Nem te vi aí...

- Eu tava ali te observando e vi que cê tá bem nervosa. Não fica assim, vai dar tudo certo. Você canta bem demais.

- Muito obrigada! Você também canta pra caralho! Mas tá foda... Medo de ter um treco assim que entrar no palco. Cê não tá nervosa não?

Carol riu.

- Desculpa. Olha eu toda desbocada como sempre.

- Tá de boa rs. Eu tô nervosa também, claro.
Na real, acho que vim falar com você numa tentativa de me acalmar também. Sei lá, tentar tirar o foco da apresentação final.

Ficamos nos entreolhando por um instante até que uma voz rouca invade a pequena sala de espera onde estávamos, quebrando assim nosso contato visual.

- PUTA QUE PARIU! ESSE ENSAIO FOI UMA MERDA!

- Calma, Mari. Foi o nervosismo que te atrapalhou. Ainda temos mais uma semana para ensaiar até a final do The Voice.

- Não pode dar merda no dia.

- Não vai dar merda. Nem repita isso! - disse Carol indo buscar um copo d'água para acalmar a amiga.

Um dos produtores entrou na sala anunciando que ficaríamos hospedadas num hotel próximo do estúdio, pois faltavam poucos dias para a final e isso facilitaria nosso deslocamento para os ensaios.

- Perfeito! - Disse Mari em comemoração.

- Nossa, vai ajudar muito mesmo! É só ir direto lá fazer o check-in?

- Sim, tá aqui o endereço. Passem lá na recepção e é só falar que são participantes do The Voice que eles vão confirmar o nome na lista.

- Beleza! - respondi pegando o papel de sua mão.

- Nós três poderíamos compartilhar um quarto. O que acham?

- Ah, eu topo. Mas então vamos logo. Antes que o pessoal reserve tudo e a gente fique separadas. 

Chegamos ao hotel e para nossa surpresa havia apenas dois quartos de casal vagos.
Olhei para Mari e em seguida de relance para Carol.
Mordi os lábios, enquanto brincava com um mecha de cabelo tentando achar uma solução.

- Eu posso ficar sozinha, não tem problema. Mari, você fica com a Day.

- Não menina, imagina. Eu posso ficar sozinha.

- Ô gente, eu tô aqui ainda tá? E eu também posso ficar num quarto sozinha.

- Não, amiga. Sério. Tá decidido. Você e Carol podem ficar juntas.

- E eu posso saber por que a senhorita tá tão interessada em ficar sozinha?

Cruzei os braços sorrindo em uma tentativa falha de intimidar Mari.

- Ok. Tem um garoto que eu tô conhecendo.

- Ugh!

Revirei os olhos e em resposta Mari levantou os braços em rendição.

- Bom então tá certo. Mas, juízo e foco para a final, hein!

- Com certeza, Ca. Não vou deixar nada atrapalhar meu ingresso para a fama.

Mari colocou os óculos escuros e saiu caminhando pelo saguão como se estivesse na própria calçada da fama. Finalizei o check-in e peguei as chaves.

...

- O CANTO É MEU!

Carol gritou, correndo e se jogando na cama.

- Ok, Piazin. Eu nem queria mesmo.

- Ei, é Biazin!

- Eu sei! - Fiz careta e joguei um travesseiro na direção dela.

Vamos pedir alguma coisa pra comer porque eu tô morrendo de fome. A gente chama a Mari pra cá, se ela não estiver muito ocupada com o tal crush.

Jantamos e conversamos bastante. Por volta de uma hora da manhã Mari voltou para o quarto dela e nós também decidimos dormir e descansar para o próximo ensaio.

Day?

- Hum.

- Tá dormindo já?

- Sim e você tá falando com um espírito agora.

- Nossa! Você é bem grossa.

- Eu tô brincando, ruiva.
Não tá conseguindo dormir? - Disse repousando a mão sob seu ombro.

[suspiros] Não.

O que te faz pegar no sono quando cê tá assim?

- Ver alguma série chata ou um cafuné.

- Chega um pouquinho pra cá então.

Hã?

Eu te faço cafuné até você dormir.

Vai parecer estranho se eu aceitar logo de cara?

- Claro que não.

Ela se aproximou encostando a cabeça em meu ombro.

- Hummm. Eu adoro esse perfume.

- Ok. Agora ficou meio estranho.
Saiba que eu sou uma garota de família dividindo o quarto aqui com uma desconhecida.

Vai se fuder kkk
Primeiro que eu não sou desconhecida. A gente se conhece desde o início do programa. Você que se afastava as vezes... Estava sempre com a namorada... E segundo que nessa história a moça de família sou eu.

- Eu vou parar o cafuné hein!

- Ah não, Day! Continua, por favor!

Continuei acariciando os cabelos dela, contemplando o silêncio que se instalou no quarto escuro. Ter Carol tão próxima me dava uma sensação de paz, era como se tivéssemos nos encontrado antes em outras vidas.

- Ex.

- Hã? - Respondeu Carol já meio sonolenta.

- Ex namorada... só corrigindo o que você falou.

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