Closer

Capítulo 73

DAY

Carol passou boa parte da noite tendo pesadelos e eu não tive coragem de deixá-la sozinha.
Com ela aconchegada no meu peito, senti sua respiração ficar suave à medida que eu percorria delicadamente a mão pelo braço que ela apoiou em mim. Eu me sentia estranhamente feliz por tê-la ali, inesperadamente depois de tanto tempo. É claro que tivemos nossas diferenças e eu acabei saindo muito magoada dessa história, mas o sentimento de querer protegê-la é maior... Eu faria tudo para não ver a Carol sofrer.

O dia amanheceu um pouco nublado ainda, mas fiz questão de acordar mais cedo para preparar o café da manhã e descer para comprar uma porção de pão de queijo para ela.
Entrei no apartamento esfregando as mãos vigorosamente para espantar o frio, Carol havia acabado de acordar e estava sentada à mesa com um olhar meio triste.

- Dormiu bem? – Pergunto com uma voz suave e ela balança a cabeça afirmando com um leve sorriso.

- São para você – Falo ao colocar os pães de queijo numa pequena vasilha e empurrar na direção dela.

- Obrigada, Day. Não precisava se incomodar... – Diz abaixando os olhos – Eu tenho que voltar lá, pegar minhas coisas e ver o que eu faço da vida – Suspira pesadamente.

- Ei, uma coisa de cada vez. Toma seu café com calma e depois eu vou lá com você. Ok?

Carol assente e passamos a tomar café em silêncio, nos limitando a comentar apenas sobre como o tempo estava frio.

...

Quando chegamos em frente à porta da casa de Nando, Carol parou por uns instantes, provavelmente reunindo forças para conseguir entrar. Segurei na mão dela e fomos direto ao quarto em que ela ficava. Ver toda aquela cena novamente trouxe todas as sensações ruins que ela viveu na noite anterior, Carol precisou sair do quarto para respirar.

- Quer me aguardar na sala? Deixa que eu pego suas coisas - Falo pousando a mão no ombro de Carol.

- Não... Eu consigo – Carol respira fundo – Eu tenho que fazer isso.

Colocamos todas as roupas na mala e pegamos de volta o notebook que Nando havia escondido no quarto dele.

- Day, obrigada por ter vindo quando eu liguei.

Paro de arrumar as coisas e me viro para encará-la.

- Hã... Obrigada por ter seguido meu conselho de pedir ajuda - Digo coçando a cabeça, ficando um pouco sem graça.

- Eu tenho mais coisas para falar. Não sei direito como começar, mas eu preciso que você me ouça - Carol fala com a voz um pouco embargada.

Suspiro um pouco e volto a encarar os meus pés. Droga! Estamos tendo aquela conversa que eu imaginei diversas vezes na cabeça, mas agora eu não sei como reagir.

- Me desculpa por tudo, Day. Eu fiquei tão cega de ciúmes que não enxerguei que o perigo estava ao meu lado esse tempo todo. Desculpa por não ter acreditado na história da droga na bebida eu...

- Você sabia? – Levanto os olhos para ela.

- Eu ouvi uma conversa do Nando com o Marcos aqui no escritório. Ele confessou tudo e eu juro que ía te procurar na mesma hora, mas ele me ameaçou de todas as formas possíveis e disse que poderia fazer algo contra você... Eu tive medo!

- Espera, foi ele que me dopou? – Pergunto atordoada.

- Achei que você soubesse – Carol engole seco.

- Eu não sabia, a Isa descobriu isso quando fez um exame e me pediu pra fazer também. Quando eu peguei o exame eu fui na gravadora te mostrar, mas você... – abaixei a cabeça novamente, tentando ganhar tempo para me recuperar da lembrança daquele dia. Carol se aproximou rápido, colocando uma mão em me rosto para que eu olhasse para ela.