Closer

Capítulo 76

DAY

Vitão chegou no momento certo, eu diria. Embora Carol estivesse causando alvoroço dentro de mim, uma pequena parte sofria só de pensar em trair a Isa. Definitivamente eu nunca fiz algo desse tipo e, com toda certeza, não farei.
Mas até que ponto eu teria controle?

- Por que eu tenho a sensação de que sempre chego na hora errada? E isso não é de agora, é desde que vocês moravam no outro apartamento - Vitão fala sorrindo entre dentes para Carol não ouvir.

- Não tá atrapalhando nada - Falo repreendendo com os olhos.

- Oi, Vitão - Carol fala animada.

- Oi anjo, vim ver como você tá.
Vitão fala entregando para Carol uma bandejinha de isopor com sonhos de creme, os favoritos dela. Carol dá um gritinho comemorando pela guloseima.

Olhei emburrada para Vitão.

- E claro, vim ver a minha marrentinha, meu amor, minha irmãzinha mais fofa - Fala praticamente me esmagando num abraço e depois me entrega uma sacola contendo a melhor coisa do mundo: pamonhas.
Não resisto e rapidamente desarmo a minha cara emburrada.

Nos últimos dias tenho ajudado Carol a reescrever todas as músicas e isso nos aproximou mais. A conversa voltou a fluir levemente entre a gente, assim como as brincadeiras internas que tínhamos na época do The Voice, isso significa que os olhares nada discretos entre a gente voltaram também. Tudo parecia um recomeço, mas acontecia no timing errado. Eu me sentia dividida, lutando para dar atenção a duas pessoas que eu tenho o maior carinho, mas era como se não fosse o suficiente e isso estava me consumindo aos poucos.

Depois que Vitão foi embora, continuamos na saga para reescrever as músicas. Carol largou o celular, empurrando sobre a mesa e esfregou as mãos no rosto.

- Eu acho que a gente tá perdendo tempo, Day. Do que adianta ter todas as músicas prontas se não posso gravar?

- É só questão de tempo - Digo colocando a minha mão sobre a dela.

- A resposta sempre é essa… Mas esse tempo nunca chega. Eu tô cansada de me iludir - Carol levantou da mesa e foi para o quarto dela.

Me senti impotente diante da situação, até que uma ideia estalou na minha mente e eu rapidamente coloquei em prática dando poucos cliques no notebook.
Inscrevi a Carol no Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo, logo após gravei um pequeno vídeo explicando como funciona e postei nas minhas redes sociais, marcando o perfil da Carol também.
Em pouco tempo meu celular começou a vibrar desesperadamente de tanta notificação. Eu tinha esquecido o pequeno detalhe de que desde o término eu e Carol não nos seguíamos nas redes sociais. E agora do nada eu posto um vídeo pedindo ajuda para o projeto dela. 
Recebi muitos comentários de fãs querendo ajudar, mas talvez a maioria tenha sido de pessoas perguntando se a gente voltou.
Carol, que ainda estava no quarto, me seguiu de volta e meu coração quase pulou quando ela me mandou mensagem no privado.

- Dayane o que é tudo isso que você fez? Tá acompanhando a repercussão?

- Obrigada? *emoji de palhaço*

- Você não existe, muito obrigada! Torcendo pra dar certo! *emoji coração*

-*emoji carinha feliz*

Quando bloqueei a tela do celular e levantei minha cabeça, Carol já estava se debruçando em cima de mim para um abraço.

- O que foi? - perguntei baixinho quando ela começou a fungar no meu ombro.

- Você é tão incrível, sabia? Eu não te mereço.

- Não diz isso.

- Você sabe que é verdade. Acho que qualquer outra ex namorada teria virado as costas pra mim sem pensar duas vezes.

- Porque talvez ela seria apenas uma ex namorada e não uma amiga de verdade.

- Às vezes eu queria voltar no tempo e poder consertar algumas coisas.

Meu coração deu um solavanco que eu poderia jurar que Carol também sentiu porque na mesma hora ela se afastou do abraço e me olhou nos olhos.

- Digo numa maneira geral, sabe? Consertar algumas coisas em diversos aspectos da minha vida, profissional, etc.

- Eu entendi - respondi um pouco sem graça.

Meu celular começou a tocar e nós duas olhamos para a tela. Fechei os olhos antecipando o problema que teria que resolver. Carol se ajeitou no sofá, pegando o controle para mudar de canal.

- Oi, meu be… Eu sei… Isa eu posso explicar.

Levantei indo em direção ao meu quarto para ter mais privacidade.

- Day, você já leu o tanto de comentários de gente perguntando sobre você e a Carol? - perguntou irritada.

- Essas pessoas não tem noção de nada, é melhor você nem dar ibope. Eu fiz isso no intuito de ajudar a Carol.

Ouço Isa suspirar pesadamente do outro lado da linha.

- Escuta, eu sei que você tá sendo super compreensiva e eu agradeço muito. Por favor, não fica pilhada com isso. Não tem nada demais, você realmente não precisa se preocupar com esses comentários. Eu jamais faria uma coisa dessas com você.

- Day, as vezes eu acho que você vê o nosso namoro como uma obrigação.

Engoli em seco.

- Como assim?

- Parece que mesmo quando você está aqui do meu lado, sua mente e seu coração não estão. Não sei explicar… Eu não tenho você 100% comigo.

- Isso não faz sentido porque eu tô sempre te ligando e dando um jeito de ficar com você, mesmo a gente se vendo quase todo dia na gravadora. Eu tenho feito de tudo pra te mostrar que eu não deixei o nosso relacionamento de lado.

- Esse é o problema, Day! Eu não quero que você se esforce pelo relacionamento, eu quero que você sinta o nosso relacionamento! Poxa, quando foi a última vez que a gente conversou sobre os nossos planos, que a gente teve uma conexão fazendo qualquer coisa juntas… - Isa ofega do outro lado da linha - Quando foi a última vez que a gente transou Day?

Ouvir tudo isso fez com que eu me sentisse uma namorada de merda e Isa não estava errada.

- Desculpa, meu bem. Você tem razão. Vou passar aí e conversamos pessoalmente, pode ser? - Perguntei carinhosamente.

- Não, não vem por obrigação. Sério, eu já tive um dia de merda hoje e se você vier só porque eu tive que pontuar os problemas que você não estava enxergando entre a gente, eu vou me sentir pior ainda.

- Seu dia foi ruim hoje? O que aconteceu?

- Foi só mais um dia ruim, já tive piores e talvez você soubesse se tivesse o hábito de perguntar, sabe? Mas ultimamente nem isso, você está envolvida demais com outros problemas.

Nessa hora eu já estava chorando e a culpa pesando sem dó nas minhas costas.

- Eu quero ver você hoje. Por favor! - pedi como uma criança amedrontada.

- Você não quer me ver hoje, Day… Isso é remorso. Preciso desligar, vou tomar um banho e dormir um pouco.

- Isa, eu sinto muito por ter sido tão descuidada com a gente. Não vou insistir hoje, mas amanhã a gente vai se ver e eu prometo consertar tudo. Ok?

Nos despedimos e então ela encerrou a ligação. Eu tô perdendo justamente a pessoa que me apoiou no momento em que eu mais precisei.
Aquela Isa leve e extrovertida que eu conheci estava se transformando lentamente numa pessoa triste e sem brilho e a culpa é toda minha.
Comecei a me sentir dividida, eu queria estar perto das duas, fazer a duas felizes. Mas ambas esperam de mim algo que só se pode oferecer para uma pessoa e embora eu saiba bem quem eu escolheria, eu não queria fazer isso porque automaticamente magoaria a outra.
Eu estava à beira de um colapso nervoso e talvez seja a hora de tomar uma decisão.

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Se eu volto hj? Volto!
Se n bugar aqui de dnv.