Capítulo 2

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CAROL

Acordei e ainda faltavam uns vinte minutos para às 7h.
Day dormia tranquila. Fiquei observando seu rosto sendo iluminado por uma frestinha de luz que escapava das cortinas.

Uma mecha de cabelo escorregou em seu rosto e balançava em sincronia com sua respiração.
Quis tirar para poder observar melhor, mas por medo de acordá-la, me contive.

Fiquei pensando no que ela disse na noite passada. Isso me fez sentir um misto de sentimentos que eu não conseguia explicar direito.
Lembrei então que eu a deixei falando sozinha e depois acabei pegando no sono.

Eu deveria comentar sobre o término do namoro mais tarde ou seria estranho? Será que isso ocorreu recentemente?

Day se mexeu na cama, abrindo os olhos aos poucos e um belo sorriso que me deixou meio sem jeito por ter sido pega ali olhando pra ela.

- A quanto tempo cê tá acordada? Não me diga que eu ronquei a noite toda.

- Você não roncou ou então eu dormi igual uma pedra. Acordei agora pouco e já ía te chamar porque a gente tem que chegar cedo lá no estúdio. - Falei tentando disfarçar.

...

Chegamos no estúdio e após algumas horas tínhamos ensaiado tudo. Após o almoço, fomos liberadas ficando com o resto do dia livre.

- Bye, meninas. Tenho um compromisso e não estarei no meu quarto. Ok? - Disse Mari fazendo um gesto de aspas com os dedos.

- Isso é sério? Tá trocando a gente por um macho?

- Ó o ciúme, tem Mari pra todo mundo. Depois encontro vocês. Beijos.

Ela saiu sorrindo, sem nos dar tempo de falar qualquer coisa.

- Ahn..Você quer dar uma volta?

- Por favor, Day! Não aguento mais ficar no quarto.

Acabamos indo em um Starbucks a duas quadras do hotel.
Sentei enquanto Day fazia os pedidos.

Ela fazia o próprio estilo dela. Não pude deixar de notar que mesmo quando ela parecia se vestir "desleixada" propositalmente, continuava chamando atenção por onde passava. Sem dúvidas aquelas tatuagens em conjunto com aquele cabelo longo jogado de lado, o olhar marcante e aquele sorriso radiante deixavam qualquer um em estado de transe.
Eu nunca me senti assim antes, tão fixada por uma... garota.

- Baby, cê esqueceu de falar como queria o café então eu trouxe o tradicional.

- É esse mesmo.

Pera, ela disse "Baby"?

Ficamos conversando um bom tempo sobre o programa e nossas expectativas quanto ao futuro. Isso era ótimo, a conexão que criamos quando nos conhecemos havia voltado.
Day ficou um tempo meio distante e algo me diz que tem haver com seu antigo relacionamento. Em um dia éramos melhores amigas e em outro ela mal podia falar comigo sem que a ex aparecesse com alguma desculpa para tirá-la de perto.

Saí de meus pensamentos e Day estava girando o celular na mesa, completamente alheia a minha presença ali.

- Então... Sobre o que você falou ontem... Tá tudo bem? Quer dizer, faz tempo que vocês terminaram?
Desculpa, eu não soube o que falar na hora e acabei pegando no sono depois.

- Tá tudo bem, sim. Aconteceu um pouco antes da semifinal. Não tava mais dando certo. Sabe quando não tem mais sintonia?

- Ahan, sei.

- Foi isso. A gente conversou e cada uma tá seguindo em frente.

- Eu não fazia ideia. Se eu soubesse eu não teria deixado você passar por isso assim, sozinha, ainda mais na semifinal que a gente fica com um turbilhão de sentimentos e mais precisa de apoio.

- Hey, tá tudo bem. Você não tinha como saber. Aliás, desculpa por ter me afastado. Ela não tava curtindo muito a nossa amizade, mas eu não deveria ter me deixado levar pelos ciúmes dela.

- Ué por que ela tinha ciúmes de mim? É sério isso?

- Hmm... É melhor a gente ir

Segurei a mão dela, impedindo-a de levantar.

- Me conta, Day. A gente sempre falou tudo uma pra outra... Quer dizer, pelo menos antes era assim.

- Olha, é que...

Day pareceu hesitar, mas resolveu falar.

- É que ela começou a achar que eu tava gostando de você. - Falou rápido, soltando todas as palavras sem qualquer pausa.

Fiquei sem reação tentando assimilar o que eu tinha ouvido.

- Tá vendo? Eu queria evitar esse climão.

- Para, Day. Não tem climão nenhum. Vocês não terminaram por minha causa não né? Cê falou com ela que somos amigas e que ela entendeu errado?

- Olha, isso já passou. Eu não tenho que ficar me explicando pra ela. A questão principal é que acabou o sentimento e a culpa não foi sua.

Na volta para o hotel, ficamos caladas. Buscamos assuntos aleatórios na tentativa de voltar ao nosso estado anterior, porém sem sucesso.
Pqp! Pra quê eu fui tocar naquele  assunto.

Quando saímos do elevador encontramos Mari na porta do nosso quarto, segurando algumas sacolas.

- Nossa vocês demoraram!
Trouxe umas guloseimas pra gente assistir algum filme, mas estava quase desistindo.

- Entra aí que a gente procura um filme rapidinho. - Falei agradecendo mentalmente por não ter que ficar sozinha com a Day depois da nossa conversa.

...

Day passou a maior parte do tempo calada. Após o filme Mariana já havia retornado para o seu quarto, então eu apaguei as luzes e fui para o meu lado da cama.

- Carol, o que eu falei mais cedo é verdade. Você não teve culpa de nada. - Ela disse quebrando o silêncio.

- Tá bom. Desculpa se eu fui de alguma forma invasiva é que...

- De forma alguma. Eu te contei isso ontem, retomamos o assunto hoje e já está esclarecido. Relaxa, baby!

- Faz tempo que você não me chama assim.

- Hmm... Quer cafuné?

- Quero! Se eu ganhar o The Voice posso te contratar pra fazer cafuné em mim? Eu pagarei bem. - Disse me encaixando eu seu peito.

- Precisa pagar não. Até mesmo porque quem vai ganhar sou eu.
Mas pode deixar que quando eu não estiver em turnê, vou tirar um tempinho só pra te fazer cafuné.

- Ué, já tá sonhando, Dayane?

- Yaas, baby. Não custa nada. Melhor a gente dormir.

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