Capítulo 55

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CAROL

Chego em casa e encontro Day concentrada lendo alguma coisa no celular enquanto tenta mexer a comida na panela.

- Tem alguma coisa queimando aí? - pergunto me aproximando.

- Era pra ser um molho branco… Queria fazer um jantar legal pra você - ela sorri sem jeito.

Pego um pouco do molho e assopro levando a colher à boca e colocando na pia em seguida.

- O gosto está bom, só queimou um pouquinho - digo dando um selinho nela.

- Sei… Você não vai admitir que tá ruim.

- Está comestível - falo enquanto vou para o banho.

Durante o jantar Day falou sobre seu dia e mais algumas outras coisas que não consegui prestar atenção, então por um breve momento, quando me dei conta, estávamos jantando em silêncio.
Levanto os olhos e percebo que ela está me observando enquanto come.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não… Não aconteceu nada não -  esboço um leve sorriso e ela franze a testa para mim.

- Quer mais macarrão?

- Não, amor. Por incrível que pareça, estou satisfeita - falo em tom de brincadeira para disfarçar.

Levanto e começo a retirar os pratos.

- Nem vou insistir então, ainda mais que eu quase estraguei o molho - Ela sorri enquanto bebe o suco.

- É sério, não estava ruim - falo colocando os pratos na pia.

- Baby, tá chegando o aniversário do Vitão. Queria fazer uma surpresa pra ele, mas ele falou que vai fazer uma festa e aí já não sei mais.

- Podemos pensar em algo até lá.

Termino de lavar a louça e me junto à Day na sala. Como de costume, ela deita a cabeça no meu colo.
Começo a passar a mão em seus cabelos como todas as noites, mas dessa vez mecanicamente, sem de fato estar presente ali na sala.
Meus pensamentos repassam lentamente tudo que ocorreu desde que entrei naquela maldita sala do Nando. 
Como eu não percebi que ele ainda tem sentimentos por mim? Tantos anos se passaram e isso é tão estranho para mim que mal consigo acreditar.

Olho para Day que permanece atenta assistindo ao programa.
Como assim ela não é quem eu penso? O que Nando sabe sobre ela?
Tento repassar na cabeça todas as vezes em que os dois estiveram juntos e nada faz sentido. Eles mal se conhecem, em todos as vezes que os dois se viram eu estava junto. Ele não pode estar falando a verdade.
De repente um evento surge na minha mente como um estalo: a última festa que fomos!
O Nando conversando sozinho com a Isa. Mas o que eles falavam? Será que isso tem a ver?

- Carol?

Me assusto com a Day me chamando e pelo visto ela estava falando há um bom tempo.

- Hum, desculpa, o que foi?

- Perguntei se você teve um dia ruim hoje… Cê tá meio aérea.

- Ah! N-não, foi cansativo só… Eu vou dormir.

Day levanta do meu colo e senta no sofá me olhando confusa.

- Baby, sério… Me conta.

Dou um selinho nela, me levantando para ir ao quarto.

- Eu já falei que não é nada, amor.

DAY

Carol chegou completamente diferente hoje. Aconteceu alguma coisa e ela não quer falar… Não gosto de vê-la assim tão distante.

Flashback On

- Por que você faz questão de falar por aí que a Carol foi sua namorada? Isso é algum tipo de status pra você?

- Desculpa, Day, não estou entendendo.

Nando responde com um sorriso debochado e eu o empurro no corredor próximo ao banheiro.

- Não se faça de idiota. Por que falou isso pra Isa?

- Ou, calminha aí. Sem violência! Comentei com ela sim, isso te incomoda?

- Claro, você está falando da minha namorada. É tão irrelevante você ficar falando de um namorico bobo de anos atrás, ainda mais com estranhos. Você mal conhece a Isa, tenha um pouco de respeito pela Carol porque ela não é qualquer uma pra você ficar comentando por aí.

- Um namorico? É isso que você acha? Bom, creio que a Carol não tenha te falado um detalhe: eu fui o primeiro dela, se é que me entende.

Sinto a raiva esquentar todo meu corpo.

- Isso não faz diferença alguma. Supera esse término, Nando!

Nando ajeita a postura, chegando bem perto de mim.

- Escuta aqui, Dayane… Deixa eu te lembrar que a Carol só está aqui em São Paulo porque eu ajudei. Eu trouxe ela pra cá e eu consegui o contrato pra ela na gravadora. Graças a mim você hoje está com ela e é assim que você me agradece?

- Mas como você é cínico, garoto. Você fez isso porque é amigo dela ou foi pra jogar na nossa cara?

- Estou apenas te situando sobre a minha importância nessa história toda.
Você pode estar com a Carol agora, mas vai ter que aceitar que eu continuo na vida dela.
Você tá chegando agora Day, não sabe nada sobre a Carol, já eu cresci com ela. Não tem como você apagar isso.

- Eu não estou tentando apagar nada, só estou pedindo respeito por ela. Ninguém quer saber da sua vida pessoal não.

- Ciúmes, Day?

- Não interessa, o recado tá dado. 

Falo entre dentes para ele e viro as costas deixando-o sozinho enquanto volto para perto dos meus amigos.

- Demorou amor… Que foi? Tá tudo bem? - Carol me encara preocupada.

- Tá. Parei pra conversar com um conhecido - Respondo envolvendo meu braço em sua cintura.

Flashback Off

Carol foi para o quarto me deixando sozinha na sala um pouco depois de jantarmos e por mais que eu queira ficar perto dela, talvez seja melhor eu dar um pouco de espaço.

E se o Nando comentou sobre a nossa conversa durante a festa? Só pode ser isso! Não duvido nada que ele tenha distorcido toda a história e agora ela está agindo assim comigo.

Fico passando os canais aleatoriamente até finalmente sentir sono.
Entro com cuidado no quarto, fazendo o possível para não acordar a Carol.
Deslizo sobre a cama abraçando-a de conchinha. Ela desperta um pouco e coloca a mão sobre a minha.

Estou decidida a não permitir que nada fique no nosso caminho daqui pra frente. Se o Nando inventou alguma coisa eu vou descobrir e dar um jeito nisso.

Carol vira de frente pra mim e coloca a mão sobre o meu rosto. Retribuo o carinho com um leve beijo em sua testa e em seguida na boca.

- Amor, você sabe que a gente pode conversar sobre tudo, né?

- Sei. Mas por que tá falando isso, Day?

- Só estou falando. Acho importante… Tem muito casal que se afasta por falta de diálogo. Mas também entendo que às vezes cada um precisa de espaço, não sei se é o seu caso hoje.

Ela suspira um pouco e depois responde.

- Eu também acho importante que a gente converse sobre tudo e não esconda nada.

- Você tem algo pra me contar?

- Não, por quê? Você tem?

- Também não. Vamos dormir então. Boa noite, amor.

- Boa noite.

Carol me dá um selinho e vira para o outro lado segurando minha mão para que eu a abrace novamente.

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