Capítulo 27

646 64 19
                                    

DAY

Termino de ensaiar mais uma música que estou compondo e saio distraída da sala de gravação enquanto mexo no celular.
Um corpo esbarra forte contra o meu e no impulso seguro pela cintura enquanto a pessoa se apoia em meus braços. 

- Opa! - me encara sorridente

- Isa… foi mal. Tava distraída aqui.

Percebo que continuamos próximas e me afasto recompondo minha postura em seguida.

- Machucou?

- Nada, menina. Tudo certo.

- Beleza então, vou nessa. - Desvio para o lado e continuo pelo corredor.

- Hmm… Day?

Detenho meus passos e me viro para olhá-la.

- Tá a fim de fazer alguma coisa hoje a noite?

Coço a cabeça franzindo a testa e ela percebe que eu estranho o convite.

- Hoje é sexta e o pessoal da gravadora costuma se reunir num barzinho… É bem legal.

- Hmm, fica para a próxima, Isa. Mas obrigada pelo convite.

- Sério que você prefere passar a sexta-feira trancada sozinha naquele apartamento, Day?

- Não prefiro, mas também não tô muito no clima de sair.

- Entendo. Bem, se mudar de ideia é só me ligar ou se precisar de companhia algum dia…

- Ok, valeu. - Sorrio confusa e agradeço enquanto me retiro do local.

Isso foi bem estranho. Mas enfim, a Isa é meio maluquinha mesmo.

A melhor parte da minha rotina era chegar em casa e ver a Carol.
Geralmente ela estava jogando videogame na sala, inventando alguma receita na cozinha ou tocando qualquer R&B no violão… Ela amava isso.
Chego em casa e encontro tudo na mesma melancolia de sempre, o apartamento vazio sem qualquer vestígio dos dias em que ela esteve aqui.
Ao sair do banho, visto uma roupa confortável e ligo para Carol.

- Oi. Só um minutinho. - ela atende com uma voz meio abafada.

- Tá bom.

- Pronto, amor. Vim aqui pro quarto.

- Como é que você tá, baby?

- Bem, mas ao mesmo tempo morrendo de saudade.

- Sua mãe continua na mesma?

- Uhum.

Suspiro impaciente.

- Já tem dois meses que não te vejo, Carol…

- Eu sei amor. Mas não tem como eu viajar agora, vai ficar meio óbvio pra todos que a gente continua juntas, né?

- E o que você sugere? Mesmo em namoro a distância as pessoas se veem né?

Ela não responde e percebo que fui rude.

- Desculpa, amor. Eu só estou com muita saudade.

- Eu também. Mas vamos pensar em algo e em breve a gente se vê. Ok? Tenho que ir agora, tá na hora do jantar e eles fazem questão de que todos estejam reunidos à mesa.

- Tá, tudo bem. Beijo.

- Outro… Te amo.

Desligo o celular e permaneço encarando o teto por alguns instantes.
Resolvo ligar para Vitão.

- Oi, nenis. Tudo bem?

- Mais ou menos. Não tenho nada pra fazer.

- Cola com a gente no barzinho então.  Tô me arrumando e posso passar aí pra te buscar.

- Com a gente quem?

- Eu, o pessoal da gravadora, Bruno, Nana… 

- Quer saber? Vou sim. Não aguento mais ficar aqui. Vou me arrumar. Um pouquinho de álcool não vai fazer mal.

- Fechado. Passo aí então.

CloserOnde histórias criam vida. Descubra agora