DAY
Quatro dias depois eu e Isa estávamos no laboratório aguardando nervosas pelo resultado do exame.
- Day, para de andar pra lá e pra cá que eu já tô ficando tonta.
- Por que essa demora gente? - Continuo andando pela recepção.
- Será que é porque você chegou aqui com duas horas de antecedência e fez a gente ficar esperando??
- Dayane de Lima Nunes - uma voz feminina ecoou de uma sala no fundo do corredor.
Olhei pra Isa e ela assentiu com a cabeça, me encorajando a entrar.
Minutos depois eu estava de volta segurando um envelope.Sentei na cadeira e Isa prontamente virou para o lado, ficando de frente para mim.
- E aí?
- Você tava certa… Aconteceu o mesmo comigo.
Isa volta a postura anterior, ficando de frente para o balcão da recepção.
- Então finalmente acabou né, você vai falar com a Carol?
- Sim. Eu preciso fazer isso agora, ela deve estar na gravadora junto com o Nando.
- Vamos. Te dou carona até lá - Isa olhou para mim e sorriu fraco.
Fomos em silêncio. Eu percebi que Isa não ficou muito animada, mas não quis perguntar nada e deixar um clima estranho no ar. Me concentrei em olhar a paisagem durante o trajeto e de vez em quando relia o resultado do exame..Quando chegamos, coloquei o papel com cuidado no envelope e respirei fundo antes de abrir a porta.
- Boa sorte, Day! - A voz de Isa saiu bem fraquinha e eu podia jurar que era uma voz de choro, mas ela pigarreou um pouco e logo normalizou o tom de voz - A parte boa é que não vou ter mais que aturar você bêbada e chorona.
Isa abriu um sorriso ao dizer isso, então eu considerei que havia feito um julgamento errado sobre ela ter ficado chateada lá no laboratório.- Obrigada! - Segurei o rosto dela e dei um beijo na bochecha antes de sair do carro.
...
- Oi, eu gostaria de falar com a Carol Biazin. Ela está?
- Qual seu nome?
- Day… Avisa que é para falar sobre o EP, por favor.
A recepcionista demorou alguns segundos no telefone e logo liberou a minha entrada.
- É só pegar o elevador para o terceiro andar, sala 302.
- Ok. Obrigada!
Ao chegar na sala indicada, Carol estava sozinha me aguardando.
Meu coração parecia ter errado uma batida quando a vi, embora ela estivesse me encarando com uma expressão muito séria.- Me pergunto o que você tem para falar sobre o EP… Deve ser muito importante para você vir aqui.
- Oi, Caroline. Você tá bem?
- Não tanto quanto você - Carol revira os olhos - Vai direto ao assunto, por favor.
Meu coração doía com aquelas palavras ríspidas e eu desejei mais ainda terminar logo com esse clima entre a gente e provar pra ela que eu não a traí.
- Bom, na verdade eu vim falar sobre o que realmente aconteceu no aniversário do Vi…
- Dayane, esse assunto de novo não. Eu não quero mais saber, já chega!
- Carol, você entendeu tudo errado. Me deixa explicar!
- Não quero ouvir! Até quando você vai insistir nisso? Eu vi as fotos. Vai dizer que foi montagem ou que te obrigaram a deitar na cama com ela? Pelo amor de Deus, Dayane! Você acha que eu sou idiota? Tá todo mundo comentando que você tá saindo com a Isa, eu tô fazendo papel de trouxa até para os fãs… Eu já tomei minha decisão, você aceitando ou não.
Carol foi se exaltando enquanto falava e minha vontade era começar a falar mais alto ainda para ver se ela iria me ouvir, mas isso só ía piorar as coisas. Decidi deixar ela falar até que ela terminasse e me desse oportunidade.
- O que ela tá fazendo aqui? - Nando pergunta ao entrar na sala.
- Ela já está de saída - Carol responde.
- Eu vim aqui para ter uma conversa em particular com a Carol. Você pode sair, por gentileza?
Falo ríspida, mas antes que Nando responda, Carol se pronuncia.
- Dayane, a conversa já acabou sim. Agora você pode sair!
Carol puxou Nando pela mão e o trouxe para perto dela. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Me senti golpeada tão forte no estômago que me faltou o ar e eu precisei colocar a mão no local para me certificar de que a dor não tinha sido mesmo física de tão real que parecia.
Carol beijou o Nando na minha frente e em uma fração de segundos eu consegui armazenar na minha mente detalhes que me machucariam para sempre: as mãos dela acariciando de leve a nuca dele, a mão dele segurando em sua cintura, a troca de olhares e o leve sorriso que ela esboçou quando finalizou o beijo.Eu quis gritar, desejei que o chão se abrisse e me tragasse ali mesmo naquela sala, desejei voar em cima dele e tirá-lo de perto dela na base da porrada. Mas ali não tinha ninguém precisando ser salvo, se não a minha própria dignidade.
- Pensei que já tivesse saído. Quer me falar mais alguma coisa? - Carol volta a me encarar com aqueles olhos frios.Fiz força o suficiente para segurar o choro e manter minha postura.
- Não, Caroline. O assunto está encerrado - segurei firme o envelope em minha mão e saí.
Quando o elevador fechou eu soltei todo o ar que estava prendendo. Me foi crescendo um nó garganta, aquela dor que parecia dilacerar de cima a baixo. Passei pela recepção o mais rápido que pude e saí andando pela rua. De repente tudo começou a ficar confuso demais para mim… As pessoas andando, o barulho dos carros e um som estridente de pneus freando bruscamente no asfalto. Fechei os olhos com força e tudo virou um enorme silêncio.
Pouco a pouco os sons foram voltando ao normal e quando consegui abrir os olhos, eu estava literalmente no meio da rua.
- Menina, você tá bem? - o motorista colocou a cabeça para fora do veículo e me olhava assustado.
As pessoas haviam parado na calçada para observar minha reação. Olhei em volta e percebi que estava intacta, o motorista havia conseguido frear a tempo.
- Ei, você tá bem? Você atravessou com o sinal aberto! - O motorista fez menção de sair do carro…
- E-eu tô bem. Me desculpe!
Voltei para a calçada e o trânsito fluiu, fazendo tudo voltar ao normal. Quando entrei no uber, encostei minha cabeça no banco e agradeci mentalmente por ainda estar viva.Quando as pessoas passam por algum tipo de trauma emocional em um relacionamento elas podem reagir de diferentes formas. Eu sou o tipo de pessoa que mesmo sofrendo vai tentar reverter a situação para que tudo fique bem, mas que quando chega no limite deixa o outro ir e não corre mais atrás.
Fiz todo o trajeto para casa sem derramar uma lágrima ou esboçar qualquer reação sobre o ocorrido. Eu estava finalmente anestesiada o suficiente para seguir a vida e aceitar que Caroline não queria ser mais minha.
Ao chegar em casa, deixei toda aquela carga negativa ir embora durante o banho. Vesti uma roupa confortável e decidi cuidar de mim. Liguei a TV com o volume um pouco mais alto do que o normal, evitando que o ambiente ficasse silencioso demais e fui preparar o meu jantar.
Hoje eu cheguei no meu limite!
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Closer
Fanfiction~ CONCLUÍDA Uma amizade improvável que começou em um reality show musical, o despertar de um sentimento novo e a corrida em busca de um sonho. Só vem! ⚠️ Conteúdo adulto 🔞