forty one
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| W A T A N A B E E M I |Emi leu novamente a mensagem que Jungkook enviara minutos atrás. Se sentia levemente mal pelo "meus pêsames" não fazerem sentido para si. Por que se sentiria triste naquele momento? Sabia que, ora ou outra, aquela hora chegaria. Não se sentia totalmente aliviada, pelo contrário, sabia que havia muito mais a enfrentar até poder voltar em paz para a Coréia e para os braços do Jeon. O vestido preto de mangas longas e colado ia até seus joelhos, e um grosso sobretudo esquentava seu corpo enquanto aguardava o carro de Yuta estacionar em frente ao hotel. Havia dispensado o chofer e acompanhante particular que sua mãe havia lhe designado desde o primeiro dia, não pretendia os ver tão cedo. Perdida em pensamentos, não notou quando o Porsche preto do japonês estacionou em sua frente. O Nakamoto saiu, indo até a amiga e lhe dando um abraço apertado.
---Como você 'tá?--- questionou preocupado. Mark também saiu do carro, sendo acompanhado de Hiro.
---Aliviada e um pouco triste, admito. Ele era meu pai.--- contou, muxoxa.
---Vai ficar tudo okay.--- Mark afirmou, lhe dando um abraço sem jeito.
---Obrigada, meninos.--- agradeceu sorrindo aos dois, logo se virando para seu irmão, que permaneceu encostado no carro.
---Eu nunca pensei que iríamos ir ao enterro do papai, tão jovens assim e nessas condições.--- falou ele, encarando a irmã.
---Eu sei, eu também nunca imaginei isso.--- respondeu abrindo os braços para o mais novo, que logo a abraçou fortemente --- Vamos passar por isso juntos. Eles nos privaram de muita coisa, inclusive, desse amor de irmãos. A partir de agora, vai ser tudo diferente. Eu prometo.--- deixou um selar sobre a testa do rapaz.
---Obrigado, Onee-chan.*--- agradeceu com um sorriso, limpando a solitária lágrima que escapou de seus olhos.
---Vamos? Já devem estar esperando vocês dois.--- Yuta os chamou, abrindo a porta do carro. Os irmãos assentiram e logo entraram no veículo, a caminho de um enterro esperado e estranhamente doloroso.
[...]
Assim que Emi pisou no prédio memorial, na sala em que seu pai seria velado, sentiu aquele arrepio costumeiro. Não curtia cemitérios, nem mesmo que fossem em prédios ou algo do tipo. Era estranho estar ali, sentir aquele misto de emoções. Queria chorar, mas por que choraria? Por quem? Pelo pai que faleceu ou pela garotinha que nunca recebeu o devido amor do mesmo?
Hyokyo chorava, obviamente falsa. O véu negro cobria a verdadeira face sombria da mulher. “Cobra” sussurrou a morena em sua própria mente, indo até o lado contrário da mãe. Se os presentes ali esperavam ver uma família unida chorando sobre o caixão, estariam esperando em vão. Hiro foi o primeiro a caminhar até o pai no centro do salão, tendo sua passagem concedida entre as pessoas ali para se aproximar. Diversas figuras renomadas estavam ali, em seus ternos ou roupas finas, todos com um semblante triste --- falso, ou não--- e, obviamente, atentos a qualquer movimento diferente. A família Nakamoto e Hun estavam também e não demoraram para darem suas condolências aos irmãos Watanabe.
---Nós sentimos muito.--- a mãe de Kimi disse, educadamente. Obviamente forçada.
---Obrigada, mas não precisamos de sua pena.--- respondeu Emi firmemente. Não se abalaria. Estava triste, sim, mas não morta.
---Bom, estamos fazendo nossa parte. Não seja mal-educada, querida.--- foi a vez do pai de Yuta falar, com o semblante assustadoramente suave.
---Então não sejam mal-educados de virem aqui falar algo que não sentem de verdade.--- retrucou impassível. Os dois casais tremeram os olhos, nervosos. Muitos olhares estavam sobre Emi, já que era a primeira vez que muitos ali a viam depois do ocorrido de quatro anos atrás. Era como estar num palco e a morena odiava apresentações--- Se me dão licença, tenho algo a fazer.--- pediu, se levantando da cadeira estofada. Passou pelos cinco, atravessando o salão iluminado. Olhares e mais olhares sobre si, inclusive, os de sua mãe. Mas a japonesa não ligou, se sentia em seu limite. Queria voltar para sua casa o mais rápido possível. Assim que Emi se posicionou ao lado do irmão, pousou uma mão em suas costas e a outra sobre a madeira polida do caixão em sua frente. O rosto do homem permanecia sereno, levemente arroxeado e pálido, mas era como se dormisse. Como se não carregasse nenhum peso nas costas. “Uma parada cardíaca foi uma morte benevolente e piedosa demais para alguém como você, papai” pensou Emi, segurando a língua para não dizer isso em voz alta. O irmão ao seu lado chorava baixo, a mão pousada sobre a metade do caixão aberto.
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ambivalence ▪ jjk
أدب الهواة" [ambi + valência ] Estado de quem experimenta ao mesmo tempo, em determinada situação, sentimentos opostos, como o amor e o ódio. " . . Onde Park Chaeyoung, querendo fugir de tudo, não conseguiu escapar de Jeon Jungkook. . . ⚠ Atenção ⚠: essa hist...