ambivalence ▪ jjk

[ 💫,, no regrets, my love ] ;

forty four ; a bônus

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| W A T A N A B E      E M I |

Desde nova eu me senti vazia. Incompleta. Apenas mais uma figura patética no mundo procurando por algo que nem mesmo sabe. Eu era apenas mais uma criança que não sabia o que queria ser quando crescesse.

Mas eu cresci.

Cresci e me moldei de acordo com o mundo, de acordo com meus pais.
Cresci com a ansiedade, a bulimia, os laços abusivos dos meus progenitores, com o medo da rejeição, com a pressão da perfeição. Mas também cresci sobre a sombra da dúvida de como seria caso eu deixasse tudo isso para trás e fora isso, esse pequeno lampejo pelo almejo da liberdade, que me fez voar.

Voar para longe.

A liberdade me mostrou que não seria fácil. Mas, apesar de todos os problemas, a vontade de viver sempre tem que ser maior do que a de apenas sobreviver. Novamente, cresci. Cresci comigo mesma, me conheci, me amei. Amei cada detalhe, corrigi cada mau hábito aos poucos. Descobri o que gosto, como gosto, quando gosto. Entendi do que preciso, como preciso, quando preciso. Me quebrei, me moldei e me pus no fogo novamente, me recriei.

Eu cresci.

As cicatrizes existem para nos fazerem lembrar da dor da ferida, mas a dar valor pela experiência. A experiência serve para nos fortalecer, pois como Nietzsche dizia: "o que não mata, fortalece" e, bom, eu não morri. E eu achava que poderia viver para sempre assim, sozinha. Pensava que me amarrar a alguém significaria perder minha liberdade. Mas a verdade é que isso me libertou.

Cada laço que eu fiz assim que pisei na Coréia me ensinou algo. Desde o Loki, que me ensinou a ter responsabilidade e me presenteou com seu companheirismo ; desde Jihyo, Jimin, Namjoon e Taehyung, que me fizeram entender que irmãos não precisam ter o mesmo sangue; e Jungkook, que me ajudou a voar, a enfrentar meus medos. O homem que pintou a minha vida com todas as cores possíveis, me apresentou as melodias mais harmoniosas, me tocou desde a maneira mais pura até a mais despudorada. E todos, sem exceção, me mostram o amor, em suas mais singelas e diferentes formas.

Tudo o que não tive em anos, ganhei em meses. Todo o carinho que me faltou, recebi multiplicado por milhares de vezes mais. Formei uma família postiça, criei a minha própria. Perdi e ganhei muita coisa ao longo desses anos e é agora, sentada neste sofá, que sorrio nostálgica. Pois sei que faria exatamente, absolutamente, sem sombra de dúvidas, tudo o que fiz para chegar até aqui.

Sem arrependimentos.

Gosto de olhar para o meu passado e não me arrepender. O medo me torna humana é o mesmo medo que me impedia de usufluir da minha humanidade. Cada trauma, temor e batalha me fizeram ser quem sou hoje e me fortaleceram, me ensinaram. Não devemos nos livrar de nossos demônios e, sim, doma-los. Domei os meus, montei neles como uma rainha sobre o trono. Fiz de suas garras a minha coroa e de sua escuridão o meu vestido. Não os temo mais. Seu lamentar em meu interior não me aflige. Sua cara feia não me assusta.

Eu cresci.

Escrevi minha história em pedaços de papel. Expus tudo o que me aflingiu e fortaleceu em palavras, orações, frases, versos. Mostrei ao mundo o que fui, sou e talvez serei. E eu sei que posso sorrir ao ver minhas obras em minha estante, junto aos quadros com notícias de jornais, meu certificado de faculdade. Tudo o que conquistei até aqui e o que irei conquistar para frente.

Sou grata pelas minhas cicatrizes. Pelo meu passado que me ensinou a ser alguém melhor agora no presente e será de suma importância no meu futuro. Sou grata por não ter cedido às pressões, às palavras, às pessoas. Sou grata por ter encontrado a resiliência, equilíbrio, paciência para lidar e superar meus medos.