FELINA
Minha cabeça dói como um inferno.
Tenho apenas flashes da noite passada em minha mente. Lembro de ter conversado com Adora no balcão do bar e de beber algumas - muitas - doses de Vodka, depois disso minha mente ficou um branco.
Tomara que eu não tenha feito nada constrangedor.
Melog sobe na cama e mia, esfregando seu rosto no meu enquanto ronrona.
— Estou bem, Melog. – ronrono de volta e faço um pouco de carinho nele. Não sei se ele compreende o que eu digo, mas acho que os gatos se entendem.
Sento na beirada cama e massageio minhas têmporas. Minha cabeça está latejando e provavelmente minha pressão está lá em baixo. Pego meu celular na cama, vendo as mensagens preocupadas de Scorpia, com direito a textos em caps lock e áudios com mais de quatro minutos, que eu provavelmente não iria ouvir. Scorpia ama mandar áudios longos e surtar, e eu detesto ouvir. Mas tento fazer um esforço, afinal, Scorpia era uma das únicas pessoas que eu sentia que realmente se importava comigo, apesar do nosso pouco tempo de convívio.
Olho as horas, são 12:30.
Quanto tempo eu dormi?
Pelo menos não tive nenhum pesadelo essa noite. Ando tendo muitos sonhos ruins desde que... Enfim.
Acho que as únicas coisas boas que carrego do meu passado são meu gato e a guitarra que ganhei de presente do meu pai, além de algumas memórias. As que valem a pena lembrar.
Outras eu prefiro esquecer.
Saio da cama e sinto minha cabeça rodar por alguns segundos. Como eu cheguei em casa?
Abro a porta do quarto e meus olhos se incomodam com a claridade, me fazendo chiar um pouco. Só então percebo que não estava com a mesma roupa do dia anterior.
Adora me trouxe. Ela me trocou? Meu Deus.Não sei se disse algo demais a ela.
Merda, odeio admitir, mas passei dos limites. Odeio perder o controle, odeio ficar vulnerável. Eu sempre estou no controle.
Ou, pelo menos, gosto de pensar que estou.
Mal recomecei a minha vida e já estou indo ladeira a baixo.
Escuto um barulho estranho vindo da sala. Ao entrar no cômodo vejo um saco de pancadas pendurado no gancho do teto, balançando enquanto uma Adora com a testa franzida afundava os punhos nele. O sofá havia sido arrastado para uma das extremidades da parede, e a estante com a televisão estavam na outra ponta.
Ela para seus movimentos ao me ver.
— Bom dia, quer dizer, boa tarde.
— Tarde. – respondo sem muito ânimo e coçando os olhos. 12:30 e essa menina metendo porrada nas coisas.
— Tem chá de gengibre em cima da pia.
— Gengibre? – faço uma careta.
— Receita do meu pai, cura ressaca. – dá um sorriso e volta a socar o saco de pancadas.
Dou a volta no balcão que fica entre a sala e a cozinha, avistando o bule de chá em cima da pia. Pego minha caneca de Florence + The Machine no armário, despejando o chá dentro dela e dando um gole.
Caralho que negócio horrível.
Preparo um pão com mussarela e subo em cima do balcão, encostando minhas costas na parede e deixando minha caneca com chá no meio das minhas pernas. Cada gole naquele treco era como o doce sabor da derrota e do sofrimento.
— Como você está? – ela diz depois de alguns minutos de silêncio, enquanto tira o saco de pancadas do gancho e o coloca no chão. O sol do meio dia a iluminava e ela brilhava como o Edward Cullen, algumas gotas de suor escorriam pelo seu rosto.
— Se eu não estivesse bebendo esse veneno que você preparou eu estaria melhor. – ela dá de ombros e ri. Ela não se importa com as minhas grosserias na maior parte do tempo. — Mas, respondendo sua pergunta, estou bem.
Quero perguntar o que houve enquanto eu estava semi-inconsciente, mas não tenho certeza se quero realmente saber. Por que ela me trouxe? Não lembro o que aconteceu, se ela cuidou de mim, mas tenho certeza que sim.
Ela é sempre tão intrometida.
— Você estava péssima ontem, mas acho que a água gelada fez algum efeito. – Adora passa pelo balcão indo em direção a pia e bebendo um copo de água. Espera... Ela me me deu um banho? Gelado? — Pelo menos você conseguiu se trocar sozinha.
Eu me troquei sozinha. Isso é música para os meus ouvidos.
— Você não precisa cuidar de mim, não sou mais uma criança.
— O que?
— Eu ia ficar bem, sozinha.
— Claro que ia. – o sarcasmo era nítido em sua voz. — Preferia que eu tivesse te deixado lá? E como você ia voltar?
— Eu ia dar um jeito.
Ela suspira derrotada e coloca o copo dentro da pia.
Ficamos em silêncio enquanto ela arrastava os móveis de volta para o lugar, deixando o saco de pancadas apoiado ao lado da estante. Ela sai, indo em direção ao corredor.
— Hey, Adora.– digo num impulso e ela para de andar, se virando e olhando para mim com uma das sobrancelhas erguidas. — Obrigada.
— De nada. – ela sorri e desaparece no corredor.
Minha dor de cabeça diminui. Parece que essa coisa de chá de gengibre funciona mesmo.
Estranho.
Adora é estranha.
Ouço Melog miar insistentemente do meu quarto. Largo minha caneca no balcão e desço de cima do mesmo, limpando os farelos de pão que estavam em cima de mim.
Abro a porta do quarto e vejo meu gato encarando meu celular, que estava com a tela acesa.
— O que foi?– ele mia em resposta. Junto as sobrancelhas, confusa. Sento na cama e passo meu dedo no leitor de digital, desbloqueando o aparelho. Melog continuava inquieto.
Número Desconhecido
Você não vai voltar para casa sua ingrata?Eu
e quem é vc?Número Desconhecido
Você é mesmo uma desnaturadaNúmero desconhecido
Excluiu o número da sua própria mãe
Bloqueio a tela do celular.Puta merda.
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Salve cachorros do mangue.
Eu sei que esse capítulo ficou uma bosta, me perdoem KKKKKK
Enfim, estou num momento de ódio com a minha escrita e ando achando tudo que eu escrevo um cu, então não sei quando os próximos capítulos irão sair, ando meio desmotivada ultimamente.
Mas é nois galerinha, até o próximo capítulo.
Bebam água.
Catradora is canon.
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Hands All Over | Catradora
FanficEm que Adora é uma garota que após a morte dos pais e um ensino complicado, recentemente se muda para a cidade de Lua Clara para iniciar seu curso de educação física na faculdade e buscar independência fora da casa de sua tia Mara. Tudo seria perfei...