✦Epílogo✦

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ADORA

5 anos depois.

— Você está linda! - Mara diz ao entrar no quarto e me ver. Ela usa um vestido azul celeste até os pés, um salto preto fechado nos dedos, uma maquiagem simples e elegante e, em seus cabelos castanhos, uma trabalhada e muito bem feita trança lateral. Está radiante, mais do que o de costume. — Nervosa?

— Muito, acho que minhas mãos estão suando. - olho minhas palmas e vejo minhas mãos tremerem de leve. Acho que nunca na minha vida estive tão nervosa pra algo. É uma sensação ruim e boa ao mesmo tempo, como se eu tivesse borboletas no estômago misturado com algo que parece ser uma indigestão.

Mara, percebendo minha inquietação, segura meu rosto com uma das mãos e me faz olhá-la.

— Hoje o dia vai ser perfeito, tá bem? Você está maravilhosa e tem uma noiva maravilhosa esperando você, eu só aceito felicidade no seu rosto, ouviu? - ela me dá um falso sermão e sorri, eu retribuo o gesto, conseguindo ficar mais tranquila.

Mara tem sido um dos meus portos seguros nesses anos todos e, por incrível que pareça, ficamos ainda mais próximas com o passar dos dias.

Mais do que minha tia, Mara é minha confidente, minha eterna caixinha de segredos.

Me olho no espelho uma última vez, ajeitando o paletó branco e dourado por cima da camisa de botões, também branca. Meu colar reluz em meu pescoço, mesmo depois de tudo, mesmo depois de eu já ter superado a morte deles, jamais conseguiria abrir mão desse objeto tão simples, porém com um significado tão complexo.

Não sinto mais culpa pelo que aconteceu e as coisas ruins que eu sentia me deixaram, permanecendo só as lembranças boas e felizes.

Mas, isso não quer dizer que eu não sinta saudade.

Usar o terno de casamento do meu pai nessa hora, me deixa feliz. Saber que, mesmo que indiretamente, meus pais vão participar desse momento tão importante da minha vida, aquece meu coração. Queria que eles estivessem aqui, para me levar até o altar e me ver casando com a mulher da minha vida, realizando mais outro sonho.

Nesse momento, a saudade aperta mais do que o normal.

Mas, sei que, onde quer que eles estejam, estão me olhando com amor e carinho, e que estão felizes por eu estar onde estou.

Sempre terá uma parte deles dentro de mim, sempre.

Jogo meu cabelo - que agora, já passa da metade das costas - para o lado, deixando o sidecut do lado direito a mostra. Nunca consegui abandonar esse corte, achei que seria algo temporário mas, quando fui ver, não conseguia mais viver sem o cabelo parcialmente raspado. Meio que virou parte de mim.

— Você tá tão linda, acho que vou ter um derrame. - Glimmer e Bow entram no quarto, dando pulinhos de felicidade. Ambos usam roupas azuis claras (cor padrão dos padrinhos de casamento) com o design combinando. Desde que eles se casaram, só andam combinando as roupas pra lá e pra cá. Desenvolveram um romance há uns 4 anos e eu, como sempre, fui a última a perceber. Mas, mesmo que tenhamos nossas vidas, mesmo que já tenhamos terminado a faculdade e não nos vejamos mais com a mesma frequência de antes, nunca deixamos de ser os melhores amigos para sempre. Estarei aqui por eles e eles por mim, sempre. — Você vai ficar de qual lado do altar?

— Eu tenho que conseguir ouvir o juiz de paz, então vou ficar do lado direito, eu acho. - dou um sorriso.

Os últimos anos foram cheios de loucuras e aprendizados. Depois que acordei do coma, passei meses tendo uma dieta regrada devido ao meu emagrecimento, academia e muitas histórias para ouvir.

Hands All Over | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora