✦Dez✦

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ADORA

— Alô, alô, terra chamando. - Glimmer passa as mãos na frente dos meus olhos rapidamente, me fazendo meneear a cabeça. — Você tá mais lerda que o normal hoje, aconteceu alguma coisa.

— Não aconteceu nadinha. - tento mentir. Não consigo parar de pensar sobre ontem, de pensar sobre Felina. Ela se abriu comigo, se abriu de verdade. Óbvio que ela não contou tudo, mas foi um bom começo, ela está se esforçando. Nossa convivência vêm sido mais fácil, e isso é bom. É ótimo na verdade.

E, bom, teve o beijo. Ou quase.

Penso em Mara e passo a mão na lateral do cabelo.

Foi só um quase beijo, não significa muita coisa, certo? Afinal a vida de Felina era levar mulheres para o apartamento e fazer barulho a noite inteira.

Talvez eu esteja certa, ou talvez eu só esteja querendo me enganar.

Felina é uma pessoa difícil de decifrar, num momento ela me xinga e no outro quer me beijar. Não sei o que pensar, sinceramente.

Me sinto levemente constrangida. Não quero que as coisas fiquem estranhas a essa altura do campeonato.

Espero que ela não fuja de mim.

— Você mente muito mal. - agora é a vez de Arqueiro falar. — É a tal menina, quer dizer, Felina.

— Como assim vocês sabem? - fecho meu armário abruptamente, atraindo a atenção de algumas pessoas.

— Loirinha, você não é nada, nada discreta, você praticamente come a menina com os olhos. - Serena ri. — Você é idiota, a gente não.

Acho muito legal o quanto meus amigos são carinhosos comigo, me sinto muito amada.

— Tá bem, é ela sim. Mas nada de planos de cupido, eu conheço vocês.

— Sim senhora, pode deixar. - meus amigos respondem. Não sei distinguir se foi sério ou se foi sarcasmo.

Porque eu sinto que eles não me levam a sério?

Olho as horas no relógio em meu pulso, tenho que correr.

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Certo, hoje vamos treinar passadas de bola. - olho para minha turma de crianças, que prestam atenção atentamente em cada palavra. — Quero que vocês se espalhem, deem no máximo 3 passos com a bola e passem para a pessoa mais próxima, tudo bem? Qualquer dúvida podem me perguntar. - jogo a bola para uma garota, que sai correndo para o meio da quadra junto com as outras crianças. Fico em pé, rondando pelo espaço.

São crianças talentosas.

Até que noto um garoto sentado no banco, sozinho. Me sento ao lado dele, que toma um leve susto ao me ver.

— Ei, porque você não está lá com os outros? - falo do jeito mais doce que posso, ele abaixa a cabeça. — Eu não vou brigar com você.

— Eu... tenho vergonha. - ele entrelaça as mãos em cima de seu colo, mexendo os polegares, inquieto. — Eu sou muito baixinho, nunca vou ser um bom jogador.

— E quem te disse isso? - o olho, ele é realmente um pouco mais baixo do que as outras crianças da idade dele.

— As outras crianças na escola. - os cabelos castanhos do garotinho caem sobre seus olhos. Desço do banco e sento no chão da quadra, de frente para ele. Ele levanta um pouco a cabeça e me olha. Consigo ver seus olhos castanhos e tristes.

Hands All Over | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora