✦Nove✦

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FELINA

— DESGRAÇAAAAAAAA. - Adora curva a cabeça para trás e grita, logo depois de uma moto passar colada com a gente, virando sem ligar a seta e raspando na lateral do carro. Ela sai do carro e bate a porta, emputecida. Tenho pena desse pobre motoqueiro.

Assim começamos uma linda quarta-feira.

Abro a janela do carro e coloco a cabeça para fora, vendo minha amiga estressada dar a volta no veículo, olhando a parte lateral dele. Ela coloca o polegar e o indicador na lateral do nariz, apertando o espaço entre os olhos. Dá um suspiro pesado.

Arranhou o carro. Fodeu.

O motoqueiro desce do seu veículo de duas rodas. Ele estava sem capacete e aparentava ter mais ou menos 18 anos. Vejo ele se cagar de medo ao ver o olhar de Adora sobre ele.

Isso vai ser interessante.

— Eu acho bom você ter visto o que fez. - o garoto de cabelos pretos engole seco. — Seta não é cu pra pensar se vai dar ou não.

— AH NÃO. - Não consigo conter uma risada alta e Adora me olha com as sobrancelhas juntas, tampo a boca na mesma hora.

Não quero que sobre nada para mim.

Ela volta a atenção ao garoto, que parece estar morrendo de medo de levar uma porrada.

Não o julgo, eu também estaria.

Adora no geral não é uma pessoa violenta, não costuma falar palavrões e nunca vi ela batendo ou agindo com violência com alguém. Para uma mulher daquele tamanho, ela é muito dócil e meio boba, tipo um Golden Retriever.

A não ser que você mexa com algo que ela ame muito. Aí ela vira um Golden Retriever sarnento e raivoso.

Sim, o carro está mais do que incluso nessa lista.

— Eu não tenho dinheiro. - o garoto não consegue olhar os olhos de Adora. Ele aperta e solta as mãos desesperadamente.

Isso está sendo bem divertido. Tiro uma foto e mando no grupo dos meus amigos.

Eu amo o caos.

— É o seguinte, garoto. - ela chega mais perto dele, o fazendo dobrar levemente o pescoço para cima para olhá-la. Ele não é baixo, mas ainda assim é uns 3 centímetros menor do que ela. — Você vacilou, eu não quero fazer nada com você, mas eu tenho que tomar alguma providência. - ela estala os dedos das mãos. — Então, o que vai ser?

— Bom, e-eu... Acho que tenho 50 dólares na carteira.

— Serve. - ele tira a carteira do bolso rapidamente, a abrindo e entregando o dinheiro nas mãos de Adora. Olho sua testa franzidas e seus músculos contraídos.

Ela fica tão bonita brava. E sexy também.

Repreendo meus pensamentos antes que eu possa pensar em mais alguma coisa.

Ela volta para dentro do carro, batendo a porta e encostando a testa no volante.

— O que foi? - sou pega de surpresa pela fala de Adora.

— Eu? Nada. - cruzo os braços e olho para a janela. Ela ri e dá partida no carro.


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— Você fica com a parte dos arranjos e eu fico com a teoria musical, aí a gente acerta os detalhes no decorrer da semana. - converso com Scorpia enquanto caminhamos pelo corredor, indo em direção a uma das lanchonetes da universidade. — Vai querer sentar aonde?

Hands All Over | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora