✦Trinta e Um✦

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FELINA

Abro os olhos, devagar.

Minha visão está turva e embaçada, não consigo ver nem um palmo a minha frente com clareza.

Esfrego os olhos com ambas as mãos e pisco repetidas vezes, afim de clarear a minha visão.

Está escuro, e frio. Apenas um feixe de luz entra pelo que parece ser uma janela muito pequena.

Minha cabeça dói, muito. Não lembro o que aconteceu e não sei aonde estou. Olho as paredes ao meu redor, num tom frio de cinza escuro. As sombras dominam todo o ambiente, tornando quase impossível enxergar alguma coisa de forma clara.

A última coisa de que lembro foi de ter sido agarrada na pista de dança da boate.

Examino meu corpo e percebo que não estou ferida. Bom, pelo menos isso.

Me apoio na parede e consigo erguer as pernas ou poucos. Estou fraca, com fome e com sede. Por mais que eu tenha passado a maior parte do tempo desmaiada, meu corpo está exausto.

A passos curtos, caminho até a pequena janela e seguro nas grades que existem ali. Vejo apenas um longo corredor branco do lado de fora de onde estou, não há ninguém.

— Ei! Me tira daqui! - grito, afim de que alguém aparecesse. Estou assustada e perdida.

Depois de alguns minutos, ouço um barulho de salto batendo no chão ao longe no corredor, e uma sombra vai crescendo na parede conforme a pessoa se aproxima.

— Olá. - ouço a voz, aquela voz. Aquelas voz esganiçada e fraca, como a voz de quem fuma cigarro há muitos anos. Aquela voz que me irrita e faz o meu sangue ferver.

— Sem enrolação, onde eu estou e o que você quer? - pergunto com a voz carregada de raiva.

— Você sabe o que eu quero, e o que o Horde Prime quer também. - ela ri. Ver essa mulher sorrindo é quase como a visão do próprio inferno na terra. — Seu pai tirou muitas coisas de mim e deixou um grande rombo no cofre do tráfico, só estamos pegando o que é nosso.

— Você não pode me deixar aqui! - seguro as grades com ambas as mãos e as balanço, fazendo a porta de metal proferir um barulho alto que faz eco por todo o corredor. — Eu não te devo nada, porra, e eu nem conheço esse tal de Prime, mas se ele está com você não deve ser boa coisa.

— Eu não faria isso se não fosse necessário, mas seu pai tirou o dinheiro do tráfico e tirou meu nome do testamento, ficou tudo nas suas mãos. - ela olha as próprias unhas. — Seu pai foi um covarde e tentou fugir.

— Tudo isso é por dinheiro?

— Você sabe que o dinheiro controla o mundo e as pessoas, quem tem o dinheiro tem o poder. - ela diz seca. Ela está certa, e é exatamente por isso que eu sempre neguei dar minha herança nas mãos dela. Eu não ligo pro dinheiro ou pra essas merda todas, mas jamais deixaria uma quantia de dinheiro tão grande nas mãos de Sombria. Ela é uma pessoa de índole extremamente questionável e eu não sei que tipo de coisas bizarras ela poderia financiar com ess grana toda.

Na verdade, sei sim, e tenho até medo de pensar nisso.

— E o que você pretende com isso?

— Já que você não vai me dar o que eu quero por bem, então não vejo escolhas.

— Vai fazer o que? Me torturar? - pergunto com certo tom de deboche. Ela não me dá medo, nunca deu. — Não vai funcionar.

— Eu sei que não, por isso eu vou fazer pior. - ela se aproxima das grades e fica com o rosto próximo ao meu. E então, ela riu pelo nariz. — Você vai ficar aqui presa, pra sempre. Não vai mais ver a luz do sol, nem ir em festas. Não irá mais ver seu amigos, sua família, e sua Adora.

Hands All Over | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora