✦Vinte e Três✦

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FELINA

Me espreguiço, tentando tirar a preguiça e moleza que habitam meu corpo.

Abro os olhos devagar e minha visão fica embaçada de leve, meu olhos levam alguns minutos para se acostumarem com a claridade.

Olho para cima e vejo Adora, que encara o teto com seus olhos azuis, como se estivesse pensando em algo.

Ela sempre parece estar pensando em algo.

Uma de suas mãos fazem carinho na minha cabeça, que está encostada em seu peito, enquanto a outra está na parte de trás do seu pescoço.

Adora sempre acorda cedo, não importa o horário que ela vá dormir. Pelo menos, essa noite, ela conseguiu dormir melhor. Aos poucos ela está aprendendo a relaxar.

E eu também.

Me ajeito sobre o corpo dela e ronrono, sentindo sua mão sair de entre meus fios de cabelo e deslizar pelo meu tronco, acariciando delicadamente minhas costas. Minha cauda está enrolada em sua perna esquerda e meus braços seguram a lateral do seu corpo malhado.

Estar nos braços de Adora é mais confortável do que qualquer travesseiro.

- Bom dia. - ela me diz ao perceber que acordei, olhando para mim.

- Bom dia, princesa. Que horas são? - pergunto e Adora estica o braço, pegando seu celular em cima da cômoda, pressionando o botão lateral do aparelho.

- 10:30. - ela levanta os braços, se espreguiçando. - Hora de levantar.

- Temos mesmo que sair daqui? - reclamo, afundando meu rosto no peito de Adora e abraçando mais seu corpo.

- Sem manha, gatinha. - ela ri e eu reviro os olhos.

A muito custo, me levanto, sentindo minha pressão abaixar momentaneamente pelo movimento brusco. Coço os olhos e não deixo de reclamar por ter saído da posição extremamente confortável que estava.

Dormir com a pessoa que você gosta é uma benção e uma maldição.

Adora levanta prontamente e vai em direção ao guarda roupas, afim de colocar uma camiseta.

Quando ela se levanta, a luz do sol que entra pela janela bate em seu corpo e consigo ver bem os arranhados e marcas de garras que deixei em suas costas e em seus braços, evidenciadas pelos músculos da garota. Deve estar ardendo, acho que exagerei.

Mas, não posso dizer que me arrependo, sinto até orgulho. Faria tudo novamente, e farei.

Com muita preguiça, quase me arrastando, vou até meu quarto, lembrando que tenho que guardar as sacolas que estão em cima da cama, as mesmas que estavam os presentes que Adora me trouxe. É sempre bom reutilizar sacolas pra colocar no lixo de casa, as coisas andam caras ultimamente.

Não é porque tenho dinheiro que vou sair esbanjando ele por aí.

Antes de qualquer coisa, tiro algumas peças de dentro das gavetas do guarda roupas e me visto. Por um minuto quase me esqueci que estou pelada.

Sento na cama e estalo meu pescoço, sinto-me como se estivesse enferrujada ou sei lá.

Enquanto dobro as sacolas, percebo que em uma delas há algo dentro. Enfio a mão dentro do plástico, retirando um objeto quadrado e feito de acrílico de lá de dentro. Um CD. Está novo, embalado e tudo, com um nome escrito na capa. Johnny Rivers.

Examino o objeto, tendo certeza de que Adora esqueceu de o tirar da sacola na hora de me dar os presentes.

De tantas qualidades que essa garota tem, a memória com certeza não é uma delas.

Hands All Over | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora