Meu Eterno Rival

Eu te Odeio

Autora On:

— Eu te odeio.

Era tudo que Enji não queria ouvir, mas foi o que saiu da boca de Shoto após saber o verdadeiro motivo de vir ao mundo. Porém, antes de chegarmos nesse momento, precisamos voltar algumas horas antes para saber o que levou o menor a isso.

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Após o fim de seu dia incrivelmente frustrante, Enji havia chegado ao lar a fim de desmaiar na cama e esquecer que queria matar um certo loiro de olhos azuis, mas soube que seus planos não dariam certo assim que abriu a porta de seu quarto e deu de cara com um bicolor sentado em sua cama, olhando para uma foto antiga de pai e filho. Ver aquilo fez seu coração aquecer, até hoje custava acreditar que seu filho já estava quase de seu tamanho.

Sabia o motivo dele estar ali e, mesmo não querendo ter essa conversa, adiar agora só iria causar mais problemas, então buscou o máximo de memórias e dicas na cabeça que ele tinha de como ser um bom pai em todos esses anos para saber agir nesta situação, também anotou mentalmente algumas dicas que seu noivo havia lhe dado. Se tinha um bom momento para usá-las, com certeza era agora. Ele nunca foi muito bom em expressar seus sentimentos, mas faria o melhor possível pelo filho. Se aproximou do guarda-roupa enquanto tirava sua jaqueta — esta que era sua única peça na parte de cima, pois tinha rasgado sua camisa em um "acidente" —. Vestiu a primeira coisa que viu na frente e se sentou na cama ao lado do filho, o qual desviou os olhos do quadro para olhá-lo, deixando -o tenso.

— Esse dia você ‘tava todo empolgado com seus poderes. — diz o ruivo, tentando puxar assunto, comentando sobre o momento da foto.

— Eu não me lembro. — o bicolor faz indiferença.

— Tem certeza? — fala em tom zombeteiro. — Pois eu me lembro de um garotinho que não saia do meu pé e não me deixava em paz até ensiná-lo algum golpe "maneiro"... — diz a última palavra fazendo aspas e sorrindo de lado.

— Talvez eu me lembre de algumas coisas... — Shoto coloca o quadro de volta na mesinha do lado da cama, e volta a se sentar. — E aí, pai... você não tem mas nada para me dizer? — fala cruzando os braços e lhe olhando sério, com uma das sobrancelhas arqueada, causando arrepio em Enji. Mesmo que ele não demonstrasse, aquele olhar sempre o deixava incomodado, talvez por se parecer muito com seu na época em que ele tinha quase a sua idade. Tentando não olhar diretamente para os seu olhos, Enji se levanta e senta em uma poltrona, esta que era próxima da cama, assim poderia falar mais calmamente, sem aqueles olhos frios o encarando tão de perto.

— Antes de tudo, eu preciso te contar porque eu não disse antes que o Toshinori era meu namorado, o que vai explicar muitas de minhas ações com aquela família... 

— Estou ouvindo. — Shoto fala sem mudar sua expressão.

Puxando o ar com os pulmões, Enji começa a contar toda a história de sua relação com Toshinori; tudo de uma vez, até a parte mais difícil em reação a sua mãe e o motivo da raiva que sentia pelo o número um, finalmente se libertando desse segredo que guardava a anos. No entanto, não sabia se havia feito a coisa certa, pois seu filho lhe olhava com uma expressão indecifrável, como se acreditasse em cada palavra que ele havia dito e, ao mesmo tempo, não. Não aguentando mais o silêncio que o torturava junto daqueles olhos, Enji começa a falar:

— Você não vai dizer nada? — pergunta olhando para Shoto, que desvia os olhos de si e olha para o chão o evitando. — Diga alguma coisa! GRITA COMIGO, ME XINGA, DIZ O QUE VOCÊ ESTÁ SENTINDO! Só não... me torture com seu silêncio... — Enji se levanta indo em direção ao menor que, ao ver sua aproximação, se ergue dando um passo para trás.